segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O "erro" médico mais famoso da neurocirurgia


O “erro” médico mais famoso da Neurocirurgia
Nubor Orlando Facure

Em 1953 William Beecher Scoville um neurocirurgião grandalhão e simpático – que tive oportunidade de conhecer pessoalmente em Porto Alegre – encaminhou para Montreal o paciente H.M. (Henry Gustav Molaison – 1926 – 2008) devido história de convulsões “grande mal” desde seus 16 anos de idade. Ele foi visto pelo maior especialista em epilepsia de todos os tempo, o, também, neurocirurgião Wilder Penfield. Como não se descobriu a causa da epilepsia de H.M. (provavelmente um acidente de bicicleta aos 9 anos de idade)  O Dr. Scoville optou por uma cirurgia radical – extirpou 8 cm do lobo temporal medial dos dois lados do cérebro do paciente  destruindo a maior parte dos seus hipocampos – H.M. nunca mais foi a mesma pessoa – ele perdeu a memória para novos aprendizados – numa festa, alguém é apresentado a ele, aprende o nome do fulano é capaz de repetir esse nome por alguns minutos (memória imediata) e daí a pouco não sabe mais quem é esse fulano recém-apresentado. Foi lhe oferecido um emprego onde ele embrulhava e guardava isqueiros uma caixinha – esse procedimento automático ele aprendeu e não mais esqueceu – assim como, desenhar uma estrela refletida num espelho – era a memória de procedimentos que estava preservada – sào habilidades motoras dependentes dos núcleos da base, não afetados pela cirurgia. Ele permanecia lembrando do que aprendeu até dois anos antes da cirurgia – sabia quem era o Dr. Scoville mas, suas duas neuropsicólogas Brenda Milner uma britânica premiadíssima, que fez doutorado com Donald Hebb na Mc Gill em 1952 e Suzanne Corkin do MIT, ele nunca as reconhecia a cada encontro.
H. M. Foi examinado por mais de 100 (cem) especialistas em neuropsicologia de todo mundo. Ele perdeu sua identidade, diante de um espelho ele não se reconhecia, dizia que aquele do espelho não parecia ser um homem jovem, porém, nos  deixou um extraordinário legado para as neurociências – depois dele a neuroanatomia da memória começou a ser revelada

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