O “erro” médico mais famoso da
Neurocirurgia
Nubor Orlando Facure
Em 1953 William Beecher Scoville um
neurocirurgião grandalhão e simpático – que tive oportunidade de conhecer
pessoalmente em Porto Alegre – encaminhou para Montreal o paciente H.M. (Henry
Gustav Molaison – 1926 – 2008) devido história de convulsões “grande mal” desde
seus 16 anos de idade. Ele foi visto pelo maior especialista em epilepsia de
todos os tempo, o, também, neurocirurgião Wilder Penfield. Como não se descobriu
a causa da epilepsia de H.M. (provavelmente um acidente de bicicleta aos 9 anos
de idade) O Dr. Scoville optou por uma
cirurgia radical – extirpou 8 cm do lobo temporal medial dos dois lados do
cérebro do paciente destruindo a maior
parte dos seus hipocampos – H.M. nunca mais foi a mesma pessoa – ele perdeu a
memória para novos aprendizados – numa festa, alguém é apresentado a ele,
aprende o nome do fulano é capaz de repetir esse nome por alguns minutos
(memória imediata) e daí a pouco não sabe mais quem é esse fulano
recém-apresentado. Foi lhe oferecido um emprego onde ele embrulhava e guardava
isqueiros uma caixinha – esse procedimento automático ele aprendeu e não mais
esqueceu – assim como, desenhar uma estrela refletida num espelho – era a
memória de procedimentos que estava preservada – sào habilidades motoras dependentes
dos núcleos da base, não afetados pela cirurgia. Ele permanecia lembrando do
que aprendeu até dois anos antes da cirurgia – sabia quem era o Dr. Scoville
mas, suas duas neuropsicólogas Brenda Milner uma britânica premiadíssima, que
fez doutorado com Donald Hebb na Mc Gill em 1952 e Suzanne Corkin do MIT, ele
nunca as reconhecia a cada encontro.
H. M. Foi examinado por mais de 100
(cem) especialistas em neuropsicologia de todo mundo. Ele perdeu sua
identidade, diante de um espelho ele não se reconhecia, dizia que aquele do
espelho não parecia ser um homem jovem, porém, nos deixou um extraordinário legado para as
neurociências – depois dele a neuroanatomia da memória começou a ser revelada
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