A utilidade do sonhos
Nubor Orlando Facure
Os neurologistas espertamente
conseguiram comercializar o nosso sono criando os “laboratórios de sono” e
desde então o sossego noturno nunca mais foi o mesmo. Demonstram que todos nós
sonhamos, roncamos, gesticulamos,
movimentamos os olhos, e excitamos nossas intimidades. Passaram a dividir e
subdividir nosso sono em fases e dão
muito pouco ou nenhum valor ao conteúdo dos nossos sonhos. Ha algum tempo atrás
fui fazer um curso de sono em São Paulo e tive a ousadia de perguntar ao famoso
neurologista o que ele nos diria dos sonhos premonitórios – minha esposa é
muito sensitiva e os tem com uma precisão espantosa. Caí com a cara no chão – o
neurologista nega peremptoriamente que exista premunição nos sonhos – justifica
friamente dizendo que é uma questão de estatística – sonhamos dezenas de
imagens oníricas e não é de se estranhar que uma sonhada hoje não venha a
coincidir com o que nos acontece amanhã. É o que eu chamo estatística da
semente – a árvore atira tantas para o ar que uma vai brotar.
Para os psicanalista a visão é
outra – literária, fantasiosa, mítica, adivinhação, interpretação livre seja que nome dermos ela nos remete a uma
satisfação maior já que mesmo cheio de conflitos que se revelam nos meus sonhos
jamais me sentirei culpado, não sou eu, são meus sonhos – isso diminui minhas
culpas
Um sonho de um farmacêutico que
mudou a neurologia:
Era 1921 e Otto Loewi trabalhando num laboratório na Áustria teve um sonho – estava descobrindo uma
substância que diminuía os batimentos do coração – ao acordar ficou
tremendamente frustrado porque não se lembrava mais do experimento. Tempos
depois o sonho se repetiu e o Professor Loewi se levanta e anota o experimento
para ficar assim registrado evitando o esquecimento. Nova decepção, ele no dia
seguinte não conseguia ler os rabiscos feitos naquela sonolência da noite. E,
pela terceira vez, o sonho se repete, aí,
conta ele, que, se levantou, foi ao laboratório imediatamente.
Providencia dois baldes com soro, num deles coloca o coração de um sapo ainda
preso ao nervo vago e num outro balde com soro deposita outro coração de um
pobre sapo, agora sem o nervo vago. Estimulando eletricamente o nervo o coração
ameaça parar – pronto, eureca, foi liberado uma substância química – a seguir,
o Professor transfere apenas o líquido do primeiro balde para o outro que
imediatamente revela que o coração ali presente sentiu os efeitos bradicardizantes
da substância química que a estimulação do nervo vago produziu.
Otto Loewi foi cauteloso, preferiu
denominar essa substância de Vagustoff , nome bem alemão e, mais tarde,
confirmou sua suposição, ele tinha descoberto pela primeira vez que o estimulo
de um nervo liberava um neurotransmissor – descobriu ali, naquele sonho, a
Acetilcolina
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