terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Consciência é tudo


A Consciência é tudo
Nubor Orlando Facure

Preciso mandar um recado a um velho amigo – o nosso admirado Ruben Alves – ele precisa dar uma passadinha no Instituto do Cérebro – parece que ainda é meu vizinho - para um dedinho de proza, para pormos em dia nossos assuntos de “filosofia popular”. Não seja ingrato comigo Ruben, afinal eu ti livrei daquela ciática que ti prostou no leito e recurvou sua espinhela de cima em baixo – e, ainda mais, com todo aquele seu medo, fui eu quem ti livrou da faca rígida, medonha  e afiada da cirurgia – ainda ti vejo gemente,  trêmulo e “discaderado”

Nossa última aula com o Ruben Alves foi sobre a “consciência” – ele deixa todo mundo sem respirar para não se perder nenhuma palavra, ditas com aquele jeito manso, mineiro que só ele sabe dizer.  Os olhos do público parecem saltar das órbitas, o Ruben gesticula no rosto, no sorriso sutil, no olhar de espanto, é seu rosto quem pergunta, duvida, debocha e vai tirando tudo das suas caixas de ferramentas e de brinquedos

Fiz-lhe uma única pergunta
Olha aqui Ruben, nós neurologista estudamos a consciência na sua superficialidade e na sua profundidade – a gente fica acordado, atento, desperto ou sonolento, trespassado, torporoso ou comatoso, se aproximando da morte. No entanto, os místicos lá nas montanhas do Tibét, quase encostand no Everest, meditam para nos dizerem que eles “expandem a consciência” – alcançam assim outras paisagens e outras propriedades das coisas – como Você vê isso, expandir a consciência?

Disse-nos o Ruben:
“Expandir a consciência” nós lá em Minas já fazemos ha muito tempo
Ruben, Você endoidou, nos explique como é isso.
Pois é, quando a gente está pescando, na beira do Rio Doce, um “cumpadre” diz pra gente – olha lá, logo ali ao longe, pertinho daquele tronco na beira do rio, está saltando peixe, e “dos bão”, ele pula para pegar algum inseto desprevenido ou bobo, onde já se viu voar pertinho das águas desse rio piscoso assim?
Você então não pode olhar pro tronco, finge que não está interessado, deixa seus olhos ver de “isgueio”, deixa sua Alma ir até lá – é assim que em Minas a gente “expende a consciência”

Bem que eu suspeitava quando eu conheci as montanhas da Serra da Canastra lá em Mina Gerais, logo depois de Araxá. Há uma coisa mística que não fica nada a dever ao Tibet com toda sua majestade – não temos a neve daqueles picos grandiosos, mas, meditar por meditar o mineiro vive fazendo nas beiras dos rios expandindo a consciência pelas suas beiradas onde um tronco amoita os peixes graúdos

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