A Consciência é tudo
Nubor Orlando Facure
Preciso mandar um recado a um velho
amigo – o nosso admirado Ruben Alves – ele precisa dar uma passadinha no
Instituto do Cérebro – parece que ainda é meu vizinho - para um dedinho de
proza, para pormos em dia nossos assuntos de “filosofia popular”. Não seja
ingrato comigo Ruben, afinal eu ti livrei daquela ciática que ti prostou no
leito e recurvou sua espinhela de cima em baixo – e, ainda mais, com todo
aquele seu medo, fui eu quem ti livrou da faca rígida, medonha e afiada da cirurgia – ainda ti vejo gemente, trêmulo e “discaderado”
Nossa última aula com o Ruben Alves
foi sobre a “consciência” – ele deixa todo mundo sem respirar para não se
perder nenhuma palavra, ditas com aquele jeito manso, mineiro que só ele sabe
dizer. Os olhos do público parecem
saltar das órbitas, o Ruben gesticula no rosto, no sorriso sutil, no olhar de
espanto, é seu rosto quem pergunta, duvida, debocha e vai tirando tudo das suas
caixas de ferramentas e de brinquedos
Fiz-lhe uma única pergunta
Olha aqui Ruben, nós neurologista estudamos
a consciência na sua superficialidade e na sua profundidade – a gente fica
acordado, atento, desperto ou sonolento, trespassado, torporoso ou comatoso, se
aproximando da morte. No entanto, os místicos lá nas montanhas do Tibét, quase encostand
no Everest, meditam para nos dizerem que eles “expandem a consciência” –
alcançam assim outras paisagens e outras propriedades das coisas – como Você vê
isso, expandir a consciência?
Disse-nos o Ruben:
“Expandir a consciência” nós lá em
Minas já fazemos ha muito tempo
Ruben, Você endoidou, nos explique
como é isso.
Pois é, quando a gente está
pescando, na beira do Rio Doce, um “cumpadre” diz pra gente – olha lá, logo ali
ao longe, pertinho daquele tronco na beira do rio, está saltando peixe, e “dos
bão”, ele pula para pegar algum inseto desprevenido ou bobo, onde já se viu
voar pertinho das águas desse rio piscoso assim?
Você então não pode olhar pro
tronco, finge que não está interessado, deixa seus olhos ver de “isgueio”,
deixa sua Alma ir até lá – é assim que em Minas a gente “expende a consciência”
Bem que eu suspeitava quando eu conheci
as montanhas da Serra da Canastra lá em Mina Gerais, logo depois de Araxá. Há
uma coisa mística que não fica nada a dever ao Tibet com toda sua majestade –
não temos a neve daqueles picos grandiosos, mas, meditar por meditar o mineiro
vive fazendo nas beiras dos rios expandindo a consciência pelas suas beiradas
onde um tronco amoita os peixes graúdos
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