sábado, 29 de outubro de 2011

Mediunidade perturbada

Nubor Orlando Facure



No sítio Santa Rosa

Nasceu numa chácara nas vizinhanças de Votuporanga teve uma infância tranquila junto aos pais e 8 irmãos. Essa é Camila Santos, menina magrinha, estudiosa, que está sempre pronta para ajudar a mãe nas lidas da casa e com os irmãos menores. Camila é responsável por juntar as crianças na hora de tomarem a perua que as leva para a escola. O pai é enérgico e, as vezes, se desentende com a esposa, criando um ambiente de desconforto com as crianças. Aos 12 anos Camila está ficando cada vez mais irritada, intolerante, arrumando briga por qualquer palavra áspera ou determinações mais firme da mãe.

Um dia, ela acorda com aparência diferente, sensação de nojo expressa no rosto, dizendo que sentia cheiro de sangue dentro do estômago. Ameaçava vomitar, mas, com o estômago vazio, não saia nada. O quadro foi se agravando, Camila não conseguia mais se alimentar, enfraqueceu e, na semana seguinte, foi preciso tomar soro num hospital da cidade.

Ribeirão Preto

Um neurologista pede para entrar no consultório sua primeira paciente do dia. É Camila Santos e a família. Ele recebe as informações do comportamento agressivo da menina e daquele gosto de sangue que continua incomodando, não na boca, ela insiste, é no estômago. Foram feitos exames e o médico neurologista diagnostica epilepsia, iniciando o uso de medicação específica para crises.

Crise na escola

Camila não volta do recreio. Todos na sala de aula, com auxílio da professora, passam a procura-la. Foi encontrada no gramado de educação física, andava dando voltas de um lado para outro, sem se dar contra da presença dos colegas chamando-a. Ela murmura para si mesmo, repetia frases que ninguém entendia e parecia estar falando num sotaque extrangeiro.

Estudando em São Paulo

Agora Camila está com 19 anos e estuda enfermagem em São Paulo. O contato com os pacientes a vezes a afeta muito, tendo a sensação de sofrer os mesmos sintomas que ouve eles relatarem. Sente dores pelo corpo, muita fadiga, falta o ar, sono perturbado, vem tendo pesadelos sempre “com coisa ruim”. Num os seus plantões “passou mal”, parecia ter tido um breve desmaio e não sabia onde estava, tudo lhe parecia estranho e, pela primeira vez ela parecia estar ouvindo vozes – o que a deixou muito assustada.

No dia seguinte, uma tranquila quarta-feira, Camila foi até a farmácia vizinha de casa a procura de um analgésico comum. Teve a sorte de ser atendida pelo Sr. Mauro, velho farmacêutico que a ouve pacientemente.

Logo mais a noite, os dois estavam num Centro Espírita próximo e Camila está na fila do passe. Sem se dar conta, o Sr. Mauro estava mudando definitivamente o destino de Camila Santos

Patos de Minas

Camila Santos mal tem tempo para a família. É Diretora de um lar de crianças órfãos. Trabalha como enfermeira num postinho da Prefeitura fazendo parte da equipe de visitação domiciliar. Duas noites por semana usa seus dons mediúnicos em sessões de desobsessão e no domingo pela manhã é professora numa classe de evangelização. Desde aquela quarta-feira quando tomou seu primeiro passe em companhia do farmacêutico Mauro ela gradativamente deixou para traz seus antigos remédios de epilepsia.

Lição de casa

Doenças físicas e espirituais não se separam. Elas se juntam permitindo que o Espírito se recomponha pela dor ou pelas limitações físicas necessárias.

Abençoamos todo tratamento médico, mas, um código de conduta moral e empenho sincero na prática do bem ao próximo exercem efeitos transcendentes e regeneradores

terça-feira, 25 de outubro de 2011

As dores da Alma

Nubor Orlando Facure



Ansiedade

A Alma que se inquieta

Angústia

A Alma que se oprime

Aflição

A Alma que se decompõe

Arrogância

A Alma que se endurece

Agredir

A Alma que se confunde

Afanar

A Alma que se ilude

Altruísmo

A Alma que se doa

Alcançar

A alma que se contenta

Amanhecer

A Alma que desperta

Atuar

A Alma que se oferece

Agradar

A Alma que se multiplica

Amar

A Alma que se ilumina

sábado, 15 de outubro de 2011

Novos rumos

Nubor Orlando Facure

O sonho de Deolinda

Fazenda Rio Bonito, na cidade de São Carlos, interior de São Paulo rica na plantação de café. Sua proprietária, Deolinda Mariano dirige com zelo a casa, a plantação, os funcionários e as 3 filhas.

Agora a noite ela está dormindo e repetindo sempre o mesmo sonho que há dois anos a surpreende. Não consegue identificar com clareza, mas, acorda ouvindo a voz da mesma criança repetindo seu nome.

O casamento de Deolinda

Jovem, bonita, amiga das festas da época, até mesmo quando aluna de colégio interno em São Paulo. Deolinda foi forçada a casar aos 17 anos com Gregório, joalheiro rico, cujo dinheiro iria salvar a fazenda Rio Bonito da falência. Ficou grávida no primeiro mês de casamento e, recusando comprometer sua vida social, ela consegue ajuda de curandeira inescrupulosa que provoca o aborto.

Errando de novo

O dia ficou agitado na fazenda Rio Bonito com a chegada de parentes de Rio Preto que vieram visitar Dona Deolinda. Naquele tempo, os parentes e amigos tinham o costume de se hospedarem por semanas na fazenda devido a demora e as dificuldades de transitarem pelas estradas da região. Entre os hóspedes está Humbertinho, sobrinho de Dona Deolinda, 26 anos, moço irresponsável, falante, cheio de exigências e melindres. Sem que ninguém desse conta ele se aproxima de Neuzinha, filha da cozinheira da fazenda. A pobre jovem é seduzida com as promessas de Humberto e, seis semanas depois, foi descoberto que ela estava grávida. Dona Deolinda toma providências imediatas: manda que Neuzinha seja levada para Goiás onde deve dar a luz e se desfazer dessa criança.

Por mais uma vez esse Espírito foi alijado da vida de Dona Deolinda – era o mesmo que ela havia abortado na juventude.

Setembro de 1936

Beatriz, filha caçula de Dona Deolinda está de casamento marcado. É natural um corre-corre na fazenda Rio Bonito, já que todo cerimonial será feito lá. Há três dia atrás Dona Deolinda repete seu conhecido sonho. Só que dessa vez ela permanece em completa lucidez. Sente que está sendo levada por mão amiga que lhe inspira segurança. Elas param diante de antigo casarão onde na porta aparece, de repente, uma senhora de rara luminosidade que aos poucos vai sendo identificada. É Vitória, mãe de Deolinda quem a recebe no portal do casarão. Aquela imagem nobre, sua luz, sua serenidade e todas lembranças que evoca provoca choro incontido em Deolinda.

La dentro, Vitória traz para as mãos de Deolinda débil criança de colo que lhe causa extrema ansiedade. Essa criança foi diversas vezes abortada, maltratada ou prejudicada por Deolinda – agora, a Providência Divina determinou um basta – Deolinda receberá esse menino como seu neto. Estará resgatando graves débitos do passado que só mais tarde ela terá conhecimento de toda sua extensão

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Loucura e a vingança

Nubor Orlando Facure

Casa Branca

Dejanira é uma menina de 13 anos que, desde bebezinha, é criada pelos tios num sítio de Casa Branca. Ela, frequentemente, acorda gritando, se agitando, mostrando no rosto uma expressão de pavor. O médico diagnosticou terror noturno afirmando que, por enquanto não precisava medicação. Nos gritos que ela dava a noite era possível perceber uma voz feminina diferente da sua entremeio aos palavrões.

De um dia para o outro, sem qualquer justificativa, Dejanira acorda diferente, extremamente agitada, falando de maneira confusa, dizia que aquela não era a casa dela e que seu plano era matar Seu Jovino, tio de Dejanira. Tentando dialogar, usando de muita calma, Dona Odete, a sua tia é recebida com deboche e humilhada grosseiramente por Dejanira.

Levada às pressas para Ribeirão Preto, Dejanira foi internada com o diagnóstico de um surto psicótico. Sua internação durou 15 dias recebendo alta praticamente normalizada.

Em casa, ela passa todo tempo isolada no quarto e cinco dias depois o quadro reinicia com um nível maior de agitação. O Foco da sua agressão continua sendo o tio, que, gratuitamente ela xinga, as vezes lhe atira objetos pesados e fala sem parar em vingança

Em busca de paz

Seu Jovino e dona Odete são devotos de Santa Clara e, por conselhos de parentes realizam uma novena pedindo a cura da afilhada. Sem resultado algum, uma sobrinha de Jovino leva até a casa deles Dona Leonor, uma conhecida benzedeira da cidade. Orações e promessa não mudaram o curso do quadro de Dejanira que piorava cada vez mais. O jeito era voltar para a internação em Ribeirão preto

Franca do Imperador

A cidade de Franca não é distante de Casa Branca e, com a mesma facilidade que se vai aos recursos médicos de Ribeirão Preto pode-se ir até Franca onde existe um grupo espírita de renome. Ali, Dona Odete tem uma prima que, como é costume no interior, poderá acolher Dejanira enquanto ela se trata no Centro espírita.

Depois de dois meses de reuniões recebendo passes e frequentando a sessões de “desobsessão” , o quadro de Dejanira começa a amenizar-se

Através de médiuns manifesta-se o Espirito de uma jovem que justifica sua intenção de vingança cobrando “justiça” por parte de Jovino. Os dois estiveram juntos em outra vida quando ela, Deolinda Santos, filha de um rico português de São João Del Rei, lhe fora prometida em casamento. Num relacionamento impensado Deolinda, com 17 anos fica grávida e vê seu mundo desabar. Sua mente frágil não suporta a pressão social e ela “enlouquece” sendo internada num sanatório de Barbacena onde a medicação forte lhe faz perder a criança. Sessões seguidas de eletrochoque acabaram por deteriorar mentalmente Deolinda que depois de 20 anos em que permaneceu internada veio a falecer, completamente perturbada

Dejanira é essa filha que ela perdeu quando se internou em Barbacena. Seu intuito hoje é levar Jovino a morte para completar sua vingança.

A solução espiritual

Socorristas da espiritualidade, numa das manifestações de Deolinda a levam aprisionada para uma instituição educacional nas vizinhanças de Casa Branca. Dois anos depois ela foi levada a um reencarnação compulsória vindo à luz num parto complicado em que a mãe veio a falecer. No mês seguinte, nossa Deolinda está sendo acolhida como filha adotiva do casal Seu Jovino e Dona Odete trazendo, mais uma vez, a benção da reconciliação