quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Em busca do caminho

Nubor Orlando Facure

Em São Paulo

Paulo André 23 anos, moço bonito, boa família, sempre correndo para não se atrasar nas festinhas da Faculdade. Não levava a sério os estudos, não procurava trabalho, mas, quanto à aparência nunca se descuidou. Usando roupa de marcas e circulando com carros de luxo seu grupo de amigos era enorme. Constrói a imagem completa de muitos rapazes descompromissados da atualidade.

A família de Paulinho tem outra postura:

A mãe frequenta Centro Espírita onde passa às tarde diante de um caldeirão de sopa que ajuda a distribuir

O pai organiza voluntários para serviços de reformas em escolas públicas de poucos recursos

A irmã dá aulas de artesanato para gestantes

Paulo André nunca se sensibilizou com os apelos da família que tenta incluí-lo no serviço da caridade

Uma festa em Araçatuba

Ha um casamento que a família não pode perder. Vão todos, num carro só, dirigido por Paulo André. Esse vai o tempo todo contrariado. Não é o tipo de festa que gosta, porque, lá encontrará parentes que criticam abertamente seu estilo de vida, gente que chega a lhe pedir dinheiro emprestado, primos que incomodam depois de abusar da bebida, moças regateiras que não se dão conta do seu estilo “caipira” e insistem em seduzi-lo. Além do que, seus avós sempre perguntam se ele está frequentando o Centro Espírita com a mãe.

Uma tragédia

Na volta de Araçatuba Paulo André insiste em pegar a estrada à noitinha, sem qualquer descanso. Melhor repousar em São Paulo para estar em forma ao encontrar o colegas na noite seguinte.

Pressa, alta velocidade e desatenção provocam o desastre. Batem de frente com um velho caminhão de transporte e aí se encerra definitivamente um capítulo na vida desse grupo familiar. Os quatro não tiveram nenhuma percepção do que acontecia e desencarnam ali mesmo na estrada

Reencontro com a consciência

Paulo André estranha tudo que está a sua volta, não fazendo a menor ideia de onde está. Gente mal vestida, cheiro ruim lhe provocando náusea, gritos, chingamentos. Quando ouve o seu nome percebe que está sendo acusado de coisas que não fez. Fica em dúvida se lhe conhecem porque as vezes descrevem detalhes da sua vida íntima.

Faz tempo que não come e a agua que bebe é a que recolhe da chuva que as vezes açoita forte aquele lugar. Sente muito medo, mas nada é pior que a terrível solidão. Afinal onde estarão os seus parentes?

Um sinal no caminho

Paulo André acorda com o corpo dolorido marcado pela pedra onde repousava. Ao longe, vê um brilho que vem em sua direção. Uma emoção estranha toma-lhe a Alma e não contém o choro como se fosse uma criança pedindo colo.

Ele nada consegue ver, mas, escuta a voz da mãe a lhe dizer:

Vem em meus braços filho, mais essa vez eu lhe estou perdoando

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