quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Estás curado - e agora?

Nubor Orlando Facure


Quem se cura da cegueira não pode mais errar o caminho
Quem se cura da loucura não pode mais se perder em atitudes violentas
Que se cura da dor não pode mais se acomodar com o repouso
Quem se cura da surdez tem de permanecer atento ao significado das palavras
Quem se cura da paralisia tem de se erguer, caminhar e agir
Quem se cura do medo deve enfrentar com coragem os desafios do caminho

A cura deve ser aproveitada como oportunidade de transformação

domingo, 26 de setembro de 2010

Quando a Vontade falha

Nubor Orlando Facure


Preciso terminar a leitura desse livro e dedicar-me ao artigo de amanhã – porém, aquela barra de chocolate que sobrou na geladeira não me sai da cabeça
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Está na hora da minha caminhada matinal, o noticiário da TV, no entanto, me prende e a preguiça de trocar de roupa toma conta de mim
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Tinha combinado levantar em jejum e ir colher meus exames no laboratório, mas essa dor na coluna me pede para ficar mais tempo na cama
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Mais uma vez esse filho me entristece – suas notas baixas no colégio, amigos que eu não conheço e sempre chegando tarde em casa – não me concentro mais em nada
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A televisão ligada, o cachorro do vizinho latindo, a chuva que não para, criança chorando e, para piorar, estou atrasado para o trabalho – e não adianta continuar tentando, não consigo fazer esse computador funcionar
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Os médicos estão cada vez mais exigentes – começo uma dieta atrás da outra e o colesterol não abaixa, as dores do acido úrico continuam e o peso é o mesmo – não adianta trocar de balança
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O cérebro tem capacidades diversas para nos permitir alcançar com êxito as nossas intenções.
Precisamos de um esforço adicional, por exemplo, para que nossa próxima viajem com a família transcorra da melhor maneira possível
Com o lobo frontal focamos a atenção nos detalhes, fazemos o planejamento, escolhemos as prioridades – inibimos impulsos parasitas que atrasariam a viajem – tem sempre um telefonema fora de hora para nos incomodar
O sistema límbico nos enche de motivação – não podemos perder essa oportunidade prazerosa de descanso
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A Vontade, porém, é muito exigente. Não pode ser perturbada por estresse, dor, tristeza, perdas afetivas ou materiais, irritações ou desassossego. Muitas tarefas sobrepostas perturbam o seu desempenho.
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Boa Vontade aumenta com paz, felicidade, ordem, prioridades bem estabelecidas e principalmente motivação.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dinâmica de conduta – taxiando o cérebro

Nubor Orlando Facure


Você está dirigindo na estrada conversando com a esposa ao seu lado. Comentam sobre as últimas notícias dos netos. Nem percebem que uma curva na estrada o faz agir inconscientemente: reduziu a velocidade do carro, segurou a direção um pouco mais firme e virou para a direita acompanhando o novo trajeto da pista. Penso que na estrada da vida - nas curvas que a vida dá – minhas escolhas são dirigidas por elas.
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Na reunião de negócios você conversa no saguão do hotel e sem perceber acompanha o seu grupo que começa a entrar na sala de aula. No jantar de fim de ano a animação é grande, o papo animado e você vai aplaudindo inconscientemente cada vez que um nome é citado nas homenagens. Você agiu mais como acompanhante dos amigos do que por suas próprias decisões.
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No coquetel o vai e vem dos garçons se mistura com a conversa que vamos “jogando fora”, mas, trocando olhares vou inconscientemente fazendo interpretações gratuitas: aquela moça sempre me pareceu leviana; o Mauricio, de novo, com cara de emburrado; o Junior, não dá para confiar, não leva nada a serio; o Renato continua bebendo; a roupa da Marlene está um horror.
Minha vida mental nesse coquetel foi inesquecível, revisei impressões uma atrás das outras – dominado, porém, pela aparência dos outros - no dia da festa não percebi esse jogo.
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O “lado de fora” de nós pode ser mais atuante em nossa conduta do que nossas frágeis vontades

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Teimosia e presunção no cérebro

Nubor Orlando Facure

Insistentemente somos bombardeados por desafios das mais diversas procedências – internas e externas – nossas contrariedades, nossas perdas afetivas, nossas doenças, o ambiente hostil, as palavras dos amigos que tentam nos corrigir, as criticas e o azedume dos inimigos.
Imediatamente o cérebro dispara os mecanismos de defesa:
Para manter a integridade do EU
Para sustentar a lealdade com as nossas crenças
Para manter elevada a nossa auto-estima
Para confirmar nossa sensibilidade social
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A integridade do Eu
Diante de experiências amargas:
Cobranças, acusações, surpresas, o amigo que nos trai, a reprovação no concurso, o dinheiro perdido, a casa assaltada - em todas elas meu cérebro teima em resistir – mobilizo os mecanismos de defesa para manter a integridade do Eu – prevenindo-me da loucura.
A reação de cada um de nós costuma ser parecida:
Tomamos a decisão de esquecer os fatos. Vamos trocar ódio por amor, sujeira por ordem, crueldade por gentileza, exigências por submissão. E’ melhor nos isolarmos por um tempo. Que tal substituir dificuldades instransponíveis pela escalada de uma montanha. Podemos usar a fantasia da felicidade aparente. Podemos viajar nos nossos sonhos. Faremos tudo para não infantilizarmos nossas atitudes.
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A lealdade com as nossas crenças
Cada um de nós se sustenta em crenças as quais nos apegamos com unhas e dentes. Sem elas não encontraríamos razões que justificassem esse mundo caótico e inseguro em que vivemos – mesmo quando as evidencias sugerem o contrario - mantermos fidelidade as próprias crenças é menos opressivo:
Sempre que passo mal do estomago ou tenho minhas dores de cabeça eu confio mais num chazinho caseiro
Viajar de carro é muito mais seguro
Os políticos alem de não fazerem falta, estão
sempre mentindo
A televisão só mostra porcaria
As escolas de hoje não ensinam como as de antigamente
Não fui aprovado pela empresa porque não tinha “padrinho”
Não continuei esse namoro porque não gosto de me apaixonar
Pelo que falam dela, a filha da vizinha só não é santa
Ele só ti agrediu porque eu não estava lá
Meu cérebro é complacente e admite uma certa cumplicidade comigo ao adotar essas crenças - elas aliviam minhas angústias.
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A presunção da auto-estima
Errei grosseiramente – fui agressivo demais ao repreender uma funcionária – o pior é que todos viram o exagero – adeus, portanto, para a presunção - minha aura de bonzinho foi para o espaço. Meu cérebro mobiliza, correndo, mil justificativas. Estava preocupado com as contas do banco, com as notas da escola do filho, não sei como fui ficar tão nervoso, por tão pouco – isso não é do meu feitio.
O que não posso é pedir desculpas – minha auto-estima não permitiria. Humilhação demais eu nunca suportei:
Não fui ao casamento da prima Carol, afinal ela não me mandou convite
Não falei sobre minha cirurgia, afinal isso é assunto meu
Não farei discurso de despedida, afinal não gosto de me expor
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A sensibilidade social
Somos sensíveis ao apoio social. A interpretação que os amigos fazem de nós – garantindo aprovação ou reprovação – é indispensável para nossa vida mental
Na escola compartilhamos as notas e reclamamos das exigências dos professores
No trabalho dividimos tarefas e organizamos encontros
Nas festas de família trocamos noticias e prometemos novos encontros
No cenário político compartilhamos com o exagero dos impostos
Na modernidade dos costumes ressaltamos o despreparo da juventude de hoje
Dessa ou daquela maneira estamos, sempre, buscando apoio uns nos outros
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“Teimosia e presunção” quando é no cérebro tem seu lado bom. Ele joga a nosso favor.

domingo, 5 de setembro de 2010

Emoção, desejo e Ilusão de controle

Nubor Orlando Facure


Emoção - Kit de 6 peças
A natureza dotou-nos a todos com o mesmo pacote - kit - para reagir emocionalmente. Parece roupa de tamanho único. Tanto faz, um susto na escuridão, uma batida de carro ou um tremor de terra as etiquetas emocionais são sempre as mesmas: batedeira, pernas bambas, suor frio nas mãos, boca seca, tontura e as vistas escurecem.
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Desejo - ferramenta multiuso
Os desejos dirigem nossas escolhas, justificam nossas falhas, determinam nossas crenças e move meus pensamentos.
É o desejo que me faz escolher meu destino nas férias, meu filme do fim de semana e o sabor da pizza que vou pedir ao garçom.
Sempre quis viajar de navio, só depois de 3 dias percebi que fiz a escolha errada. Um desejo que tinha desde criança que se desfez no balançar enjoativo do navio.
Nas minhas crenças o meu candidato iria ganhar a eleição. Eu o desejava assumindo o comando da cidade, era o profissional mais bem preparado para o cargo. Mesmo assim, ele perdeu. Com meu time é a mesma coisa, não perco a fé na vitória, mas, cada derrota prenuncia a outra.
Equipamentos eletrônicos, marcas novas de carro, uma camisa nova, relógio de boa marca, um restaurante com comida mineira - desejos que não me dão folga para pensar em outra coisa
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Ilusão de controle - painel sem opções
Elisa está com sete meses, é minha bisneta, esteve pela primeira vez participando de um aniversário no Instituto do Cérebro. No meio de muitos estranhos ela se assusta e chora amedrontada. Uma das avós tenta de tudo, a outra interfere e sugere virar de costas, a mãe entra no páreo e mesmo ela não sossega a criança. Um fala que é fome, outro que é sono e um palpite atrás do outro falha - esse é o melhor exemplo de ilusão de controle. Todos pensam que conseguem, mas, nada funciona.
Bom senso e controle da situação todo mundo pensa que tem o suficiente para qualquer dificuldade. É por isso que todos nós nos sentimos senhores de nossas emoções e mais ainda de nossos desejos - e quase sempre o sistema de controle falha.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pensando o Ego neurologicamente
Nubor Orlando Facure

Antidepressivos protegem o Ego do fracasso
Não suportaríamos conviver com permanente sensação de desânimo, com a impressão de menos valia, com a impotência diante dos desafios, com perdas que não temos direito de cobrar, com exigências que fizemos em momentos importunos, com a oportunidade que passou e não reagimos para aproveitá-la, com a mágoa que plantamos nos outros por pura leviandade. A vida seria insustentável sem o esquecimento da culpa

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A memória protege o Ego das injustiças
Temos na memória um sistema de controle que sempre joga a nosso favor protegendo o Ego. Controlamos primeiro a porta de entrada, arquivando o que nos convém, o que não nos agride e principalmente o que não deprecia nossos valores pessoais. Controlamos, também, a porta de saída - vamos negar pequenas mentiras, momentos de fraqueza no segundo pedaço de bolo, a pressa quando deixamos de atender uma senhora caída na rua, a falta de trocados na hora da gorjeta, o martelo que esquecemos de devolver ao vizinho. Quando nos faltam argumentos, uma pequena falha de memória pode nos salvar do sufoco

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Percepções novas reajustam o Ego
O Ego pode se adaptar às conveniência de situações novas - até ontem me mantive tranqüilo, pacífico, deixando que ele falasse a vontade. Depois, ao perceber sua presunção fui obrigado a reagir. Agora sou outro, quem vai decidir daqui para frente serei eu. Já que quem fala mais alto é quem leva vantagem, vou mostrar que também sei gritar.

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O Ego prefere sua própria interpretação
Bons argumentos criando uma visão do mundo mais adequada ao Ego é mais bem aceita do que a própria realidade. Essa é as vezes muito pesada e dolorida para o Ego suportar. Quem gostaria de saber a verdade sobre suas verdadeiras competências profissionais? O Ego vacila e sofre diante de ameaças à sua integridade, por mais reais que elas sejam. Fiz um concurso e nas primeiras provas tirei notas muito ruins - isso praticamente me elimina do grupo de aprovados. Vou deixar para prestar na segunda chamada, serão menos candidatos - na realidade eu não estarei melhor preparado nessa segunda chance.

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Para melhorar o Ego:
Se você não percebe que errou
Se não busca interpretar porque errou
Se não assume que você deve mudar
Amanhã vai repetir os mesmos erros