terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Exame de consciência

Nubor Orlando Facure

Andrei Bulhões conversa com amigos num ambiente de descontração enfatizando suas exigências pessoais. Não abre mão de seu rigor em cumprir todos preceitos legais sem tergiversar. Não admite concessões à corrupção, não faz atalhos em sua conduta rejeitando privilégios em quaisquer circunstâncias. Não aceita o tal jeitinho brasileiro que interpreta como verdadeiras trapaças sociais. Procura cumprir suas obrigações de cristão caridoso com todos, não permitindo, porém, abusos de quem quer que seja

No dia seguinte levanta apressado para o trabalho

Logo na saída a esposa pede para ele esperar que tem uma encomenda para ser entregue numa loja vizinha – nosso André reclama e esbraveja deixando a esposa quase sem fala.

Ainda no trânsito, o fluxo dos veículos é interrompido e André se altera com o policial que lhe pede para mostrar os documentos

Chegando ao escritório está a sua espera abatido velhinho que vem, de novo, pedir complacência com o atraso no aluguel do imóvel que André é proprietário. Dirigindo-se a secretária André manda avisar que o caso já foi encaminhado à Justiça para cobrança, não tem mais nada a dizer ao pobre velho

Ao sair para o almoço houve problema na energia elétrica e ele destrata aos berros o ascensorista que pede a todos que se acalmem nessa emergência

No meio da tarde a secretara avisa que a oficina ainda não liberou o concerto do carro que o filho bateu. Ele manda agilizar providências para denunciar a oficina no Procom

Logo depois recebe visita de um grupo de amigos pedindo sua adesão a um jantar beneficente para angariar fundos para uma casa de drogados. Ele deixa todos sem graça ao fazer comentários desabonadores e agressivos aos usuários de droga.

A noite, em casa, a esposa entrega-lhe a correspondência onde ha um convite para ele receber uma homenagem de cidadão exemplar concedida pela Câmera de Vereadores do município. Para tanto, lhe pedem para publicação em ata, um resumo das suas vitórias pessoais, do seu histórico de vida e das suas principais ações de benemerência.

Andrei Bulhões poi-se a recapitular como fora seu comportamento naquele dia – que desastre, como agiu em total dissonância com seus princípios.

Lição de casa

Somos sempre muito complacentes com nossas deficiências e supervalorizamos qualidades em nós que ninguém além de nós mesmos percebe

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Nosso modo de agir

Nubor Orlando Facure

Construtivismo

Se cada um constrói o seu próprio conhecimento o mundo seria caótico como um caleidoscópio no qual existem tantas imagens quanto são os olhares. É preciso haver uma coerência entre o que é aprendido e o que já se sabe , isso é, aquilo que é admitido pela cultura. Tanto é que aprender a matar macacos para comer é aceito culturalmente em tribos indígenas da amazônia

A Televisão influência nossos comportamentos?

Esse é um tema muito debatido, convém sempre lembrar que nós humanos somos animais imitadores incorrigíveis. Bons e maus exemplos são imitados principalmente se a recompensa do comportamento for alta. Imitamos quem tiver mais ganhos com suas atitudes, portanto, a exposição de sucesso pela mídia transforma gente boa e gente má num forte estímulo à imitação

Dirigimos nossa ações pela imagem das suas consequências

Nossos comportamentos podem ser dirigidos pela eficiência de estímulos ou pela expectativa dos resultados.

O professor estimula a classe: vamos correndo para o pátio, hoje é dia de jogar bola

Ou o professor promete uma recompensa: quem chegar primeiro no pátio ganha um ponto na nota de matemática

O lavrador aumentou sua área de plantio assim que chegou seu empréstimo no banco. O ânimo do agricultor aumentou muito com a chegada das chuvas prometendo uma colheita bem melhor

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Retalhos

Nubor Orlando Facure

Benfeitor as avessas

É gente que ti trata mal hoje para que você seja mais tolerante amanhã

Necessidades

Necessidades físicas como fome e sede são facilmente corrigidas

Necessidades psicológicas como desejo e paixão são intermináveis e eternamente insaciáveis

Porque essa diferença?

Simplesmente porque necessidade psicológica é pura imaginação

Nosso comportamento Social

No comportamento social ha um “modus operandis” inicial , uma fase de reconhecimento do ambiente e das pessoas. Depois ocorre um ajuste com adaptações, acomodações e finalmente uma seleção que aproxima os que nivelam por afinidade

O poder da observação

Vendo o Neymar toda criança passa a imitá-lo. Isso não é um fato obrigatório

Um cavalo que vê o outro abrir o cocho e se alimentar não o fará em seguida. Ele não consegue aprender pela observação. É preciso alguém ir lá e o alimentar, ou treina-lo no procedimento através de condicionamentos

Comigo ocorre a mesma coisa: observei minha mãe fazer esfirra inúmeras vezes, nem por isso fui capaz de aprender a faze-las

Nossos pensamentos fluem ininterruptamente e nossas ideias brotam com abundância como a flores da quaresmeira. Depois, milhares de sementes são lançadas para que uma ou outra vingue num solo fértil. Não tenha tanto orgulho das ideias que deram certo, elas foram aquelas sementes que a natureza resolveu dar guarida no lugar certo para que elas vingassem – melhor entender que estamos todos “mergulhados no pensamento de Deus”

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Filosofia e histórias da Ciência

Nubor Orlando Facure

Filosofia da Ciência

A Ciência não trabalha com a Verdade. Trabalha com a observação. Um fato é verdadeiro até que uma nova observação o contradiga

Ciência na Igreja

Galileu Galilei assistia a missa na Catedral observando o candelabro no teto que balançava por efeito do vento que entrava pela porta. Tocando seu pulso ele juntou os dois fenômenos. Com o vai e vem pendular do candelabro ele podia medir a frequência do seu pulso

Os fenômenos físicos podem ser vistos e interpretados, mas, o que sabemos sobre eles depende do instrumento que usamos para ver e o nível de conhecimentos que temos para interpreta-los

Ciência nas Nuvens

Difícil entender porque o planeta Marte as vezes “anda para traz”

Quem já viajou de Trem sabe que quando um trem ultrapassa o outro, o que ficou parece andar para traz.

Johannes Kepler viveu uma “experiência fora do corpo” e, bem acima das nuvens percebeu a diferença de velocidade das duas órbitas, da Terra e de Marte. Matou a charada.

Publicou seu livro com o nome de “Sonhos” para não se arriscar à fogueira que quase pegou sua mãe, mas essa já é outra história

Ciência no Coquetel

Todo professor insiste para seu alunos repetirem suas lições para que memorizem o aprendizado

Mas, o perfume daquela menina que ti ofereceu o salgadinho naquele coquetel é inesquecível

Cheiro e gosto podem ser fixados para sempre numa única experiência

Ciência na Cozinha

Camilo Golgi, um italianinho briguento ganhou o Nobel de Medicina por ter colorido de preto os neurônio nos permitindo vê-lo em sua total arquitetura. Antes de Golgi as preparações histológicas o mostravam como manchinhas avermelhadas. O laboratório de Golgi era em sua própria casa e, em certa ocasião, uma preparação de tecido cerebral foi parar na cozinha. Foi a esposa de Golgi quem “guardou” esse pedaço de cérebro numa solução de prata – quando o Golgi percebeu o descuido já era tarde, mas, quando olhou no microscópio para ver o “estrago” iniciou uma nova Ciência – a neuropatologia. O Prêmio Nobel foi compartilhado com Ramon-y-Cajal um espanhol genial que se meteu numa briga com Golgi em plena solenidade de entrega do prêmio em Estocolmo. E a esposa do ingrato Golgi não foi agraciada nem com um prêmio de consolação

Escondendo do padre

Giovanni Morgani foi o primeiro médico a confrontar o quadro clínico dos pacientes de enfermaria com seus achados patológicos quando ocorria a necropsia – ideia simples, genial, trabalhosa e muito perigosa na época. Publicou em 1761 um livro no qual reunia o quadro clínico de 700 pacientes com análise da suas respectivas necropsias.

Nessa época era proibido a realização de autópsias sem autorização papal. Foi daí que ele inventou a “mesa de necropsia” – hoje, toda mesa de necropsia se chama “mesa de Morgani” – ele a fez com uma espécie de fundo falso – um dos seus alunos ficava de vigia e, quando o supervisor da Faculdade de Medicina aparecia, (era sempre um Padre) o tampo da mesa era levantada e o cadáver jogado para baixo, escorregando por um riacho, até ao mar. A reputação médica de Morgani era tão extraordinária que quando os exércitos austríacos invadiram a região, os soldados receberam recomendação para poupá-lo de dissabores