domingo, 21 de fevereiro de 2010

Neurovisão
Nubor Orlando Facure
A visão é um exercício cerebral extraordinário. Do olho até ao cérebro são quatro estações de embarque - o nervo óptico, os colículos superiores, o tálamo e o córtex occipital. Para codificar a visão de um objeto e todo seu significado, mobilizamos 25 % de todo o córtex cerebral – do occipital ao frontal. Colocando tudo para funcionar on line.
Passa um objeto sobre nossas cabeças. E o que é que vejo?
Registro a cor, a forma, onde está e o que é. Seria um pássaro?
Tamanho – é muito grande para ser um pássaro.
Movimento - passou muito depressa, mal deu para ver os detalhes.
Distância – parece ter ido perto, logo acima nessa árvore
Textura – acho que é um bicho peludo
Sombreamento – tive a impressão que era escuro
Como faço para pegá-lo? – posso estender a mão para pegá-lo, mas, alguma coisa me mete medo, talvez porque, ainda não sei o que é
Fluxo óptico (outros objetos que estão vindo em minha direção) – com o vento a folhagem começa a me incomodar
Velocidade do deslocamento – sei que passou correndo e depois parou em algum galho da árvore
Em quanto tempo ele me alcança? – se não me esquivasse eu seria atingido em minutos
Em quanto tempo chego lá? – num instante
Como faço para evitá-lo? – com pequeno deslocamento pude desviar-me sem trombar com ele
Quando vou em frente tem objetos que se afastam de mim e outros se aproximam (fluxo óptico) – meu quintal está cheio de outros animais.
Estou vendo agora com nitidez, era uma das gatinhas pretas que minha esposa cria no quintal
Imaginem um passeio pelo shopping. Vou ver as lojas, as vitrines, as roupas, os celulares, os computadores e a multidão que cruza comigo enquanto procuro o livro que quero encontrar. Estou registrando o fluxo óptico evitando trombadas com quem vem em minha direção. É fundamental ter noção da velocidade com que eles se aproximam de mim. Calculo as distâncias dos objetos que tiro das prateleiras para conhecer melhor. Admiro as cores, a textura e o “design” dos celulares. Vejo os detalhes das imagens na tela de um GPS e tento decifrar seus códigos.
Preciso conhecer esse aparelhinho simpático – meu neto vem em meu socorro e me ensina que é um Ipod. Vivendo e aprendendo, ou melhor, vendo e aprendendo.

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