Atenção – como ela funciona?
Nubor Orlando Facure
Habituação – supressão inconsciente do barulho em volta de mim.
O ambiente nos estimula constantemente com um bombardeio de informações. Estou escrevendo, escuto ao longe a televisão ligada, um ruído leve do motor da geladeira, uma brisa fria do ar condicionado, um ruído monótono de um grilinho no quintal. A habituação nos salva dessa enorme demanda de sinais. E ela o faz “de graça”, sem qualquer esforço adicional, inconscientemente “apaguei” a voz do noticiário da Tv para concentrar minha atenção no computador.
Atenção usando a consciência
Vamos analisar 4 funções conscientes da atenção: a detecção de sinais, a atenção seletiva, a atenção dividida e a busca.
1 – A Detecção de sinais
Estou esperando o técnico da televisão – de repente toca a campanhinha, pelo interfone confirmo que ele chegou.
Mesmo digitando no computador, eu estava VIGILANTE, esperando o sinal da chegada do técnico. Mesmo cansado a gente ainda consegue manter-se vigilante, especialmente, quando se espera por um sinal de alarme ou a entrada do programa noturno que aguardamos.
A vigilância para detectar sinais é importantíssima para determinados profissionais – o salva-vidas que vigia os banhistas, o controlador de tráfego aéreo que acompanha o radar, o médico da UTI que não desgruda o olhar dos monitores, o investigador de polícia que procura pistas do crime, o bombeiro que está constantemente atento a sirene de alarme.
Na detecção dos sinais podem ocorrer acertos, falhas e alarmes falsos. Uma radiografia com uma mancha no pulmão já alarmou muito médico desavisado.
2 – A atenção seletiva
Conscientemente fazemos escolhas de onde focar nossa atenção. Numa reunião festiva são muitos falando, mas, preciso prestar atenção ao que diz minha esposa aqui do meu lado. Numa aula barulhenta tenho de escutar o professor falando. Num filme legendado tenho de acompanhar o texto para não perder os diálogos. Estou lendo um livro e não posso me distrair com a música do rádio da nossa empregada.
O fato de concentrarmos a atenção seletivamente em determinados estímulos de informação, melhora nossa capacidade de manipular esses estímulos, utilizando-os em “outros processos cognitivos”. Ouvindo com atenção compreenderemos melhor o interlocutor, mais atentos aos cálculos resolveremos melhor nosso problema de matemática – ou seja – estamos utilizando melhor a compreensão verbal, o planejamento e a tomada de decisões.
3 – A Atenção dividida
Os recursos da atenção podem ser distribuídos prudentemente conforme as necessidades. É o caso de precisarmos realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Essa competência tem ligação direta com a sobrevivência. Basta ver entre os animais a mãe que amamenta os filhotes – está atenta a eles, os acomoda, distribui comida na boca de cada um e ao mesmo tempo está vigilante a quem se aproxima trazendo insegurança aos filhotes.
Por isso, esse talento exacerbado das nossas mulheres que prestam atenção em tudo ao seu redor. Não tem festa que elas não anotaram os vestidos ou enfeites das amigas. Na cozinha elas se agigantam – fazem as misturas, dirigem a empregada, controlam os filhos e reclama do marido.
O motorista de taxi circula as pressas pelas ruas e, ao mesmo tempo, conversa, critica o trânsito, reclama dos ônibus em excesso na cidade, para no sinal vermelho e responde ao chamado do rádio sem se atrapalhar.
4 – A Busca
A vigilância é a espera passiva de um sinal que está por vir. A busca é essencialmente uma postura ativa. Estamos procurando alguma coisa de modo persistente e competente. A busca se refere a uma “varredura” pelo ambiente. Estamos procurando o vinho chileno nas prateleiras do supermercado, o bicarbonato na dispensa, uma tradução no dicionário ou onde está minha filha na saída da escola.
Na busca, enfrentamos freqüentemente a distração e o alarme falso. Os vendedores espertos são hábeis em nos enganar com as distrações e propaganda enganosa (uma informação ambígua).
Detectando sinais específicos somos impelidos a realizar buscas minuciosas. É o caso de se detectar fumaça e sairmos para procurar onde tem fogo.
Idosos estão sempre buscando onde deixaram os óculos, os chinelos ou o jornal. Os adolescentes reviram a casa atrás do celular que nunca sabem onde perderam e as crianças “procuram” na geladeira o que mais tem para comer em casa.
Estados emocionais afetam intensamente nossa tarefa de vigilância e busca. Isso pode ser um prejuízo na vida moderna – seu nervosismo não lhe deixa ver coisas na frente do nariz – acaba não comprando o queijo da fazenda que você tanto queria. Entretanto, os estados emocionais trouxeram uma vantagem adaptativa na vida ancestral do ser humano caçador-coletor. Sem um pouco de agitação, a “comida” passa correndo por nós e amargamos um jejum involuntário.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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