Neurologia da Atenção
Nubor Orlando Facure
“A atenção não é propriedade de uma única área do cérebro nem do cérebro todo” Posner, M. I.
A atenção como um todo parece envolver praticamente o cérebro inteiro, mas, na verdade, os pesquisadores conseguiram determinar 3 “blocos” distintos de atividade – chamados de “subfunções da atenção”. Cada um deles envolve a associação de várias áreas cerebrais, utilizam um neurotransmissor próprio que modula suas mudanças (direcionamento) e provoca disfunções clínicas específicas daquela função.
São eles:
O Estado de alerta, a Orientação e a Atenção executiva.
Vou à estação rodoviária receber um parente. Fico alerta acompanhando a chegada de vários ônibus. Preciso me orientar nas plataformas de desembarque e selecionar corretamente a procedência de todos os ônibus que estacionam. Tenho de manter a atenção “ligada” às feições dos passageiros que chegam até que encontre, no meio da multidão, o parente esperado. Não posso confundi-lo com um estranho para não “pagar mico”.
1 – O ESTADO DE ALERTA:
É a “preparação” para atender a um evento que se aproxima e inclui, também, o processo de se chegar a esse estado de preparação.
O “estado de alerta” envolve as seguintes áreas cerebrais: junção dos lobos parietal e temporal, região parietal superior, o campo frontal dos olhos e os colículos superiores relacionados com as vias ópticas.
O neurotransmissor que modula o estado de alerta é a ACETILCOLINA.
Os dois quadros clínicos principais ligados ao comprometimento do estado de alerta, são: as mudanças atencionais que ocorrem no envelhecimento (o idoso tende a ficar desatento) e os distúrbios de atenção do TDAH.
2 – A ORIENTAÇAO:
É definida pela “seleção de estímulos” a serem atendidas. Faço minha escolha para olhar de que direção veio essa luz ou de que lado eu escutei esse barulho.
As áreas do cérebro ligadas a essa função se referem ao Locus Coeruleus, o córtex frontal direito e o córtex parietal.
O neurotransmissor que modula a orientação é a NOREPINEFRINA
A disfunção clínica ligada ao sistema de orientação da atenção é o AUTISMO. Esse paciente não é capaz de mudar o foco de sua atenção para um estímulo novo produzido ao seu redor. Ele não atende a um chamado, não “escuta” uma sineta do lado, não olha para o coleguinha que se aproxima, não toca no brinquedo que oferecemos. Sua atenção permanece prisioneira do seu mundo interno.
3 – A ATENÇAO EXECUTIVA
Compreende os processos de monitoramento (acompanhar propositadamente) e de resolução de conflitos que surgem nos processos internos. Esses processos, logicamente, incluem os pensamentos, os sentimentos e as reações internas que os estímulos provocam. Nesse ponto de mais alta complexidade mental, vou elaborar minhas escolhas, vou identificar as ameaças, vou provocar minhas emoções. É como o encontro de um velho amigo, a descoberta da rua que procurava, a decisão de comprar aquela camisa que vou usar no casamento, o arrepio que a taturana me provocou quando fui apanhar o maracujá no quintal.
As áreas do cérebro envolvidas nessa etapa final e mais elaborada dos processos atencionais são: A porção anterior do giro Cíngulo, o córtex pré-frontal e os gânglios da base.
O neurotransmissor mais ligado à atenção executiva é a DOPAMINA
As manifestações clínicas que ocorrem associadas à disfunção do sistema de atenção executiva são: a doença de ALZHEIMER, a ESQUIZOFRENIA e os distúrbios de personalidade BODERLINE.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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