quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Minha benzedeira


Minha benzedeira
Nubor Orlando Facure


Lá pelos meus 7 anos nossa família, de Uberaba, fomos num casamento em Prata, cidade do Triângulo Mineiro. Era a filha do tio Abrão, um daqueles tios árabes com família numerosa,  morando num casarão com vários quartos onde acolheu todos convidados de fora. Criançada correndo dia inteiro pelo quintal no meio da mangueiras. Festança que durou 3 dias. Na hora de entrar no carro do meu pai para virmos embora eu mal conseguia andar, era a hérnia que tinha “estrangulado” e, como se dizia na época, “dói pra burro”  , a perna direita não esticava, a gente não sabia o que fazer. Fui levado para a cama do velho tio Abrão cercado por gente estranha e cada um que me via sofrer dava um palpite, menos por médico que  naquela época não era qualquer cidade que tinha. Alguém, então, sugeriu buscar a Dona Rita, pretinha simpática, magrinha, já com algum cabelo branco  na fronte e que era tida como boa benzedeira.
Ali na cama do meu lado ela pediu-me para abaixar a calça e mostrar a hérnia. Aquele caroço enorme, estufado, dolorido que eu não lhe permitiria por a mão. Ela pega um tanto de raminhos de planta, passa para cima e para baixo em cima da hérnia. Eu sempre olhando, não teria como tirar os olho da minha hérnia quando, de repente, o “caroço” se encolhe e some pra dentro da minha barriga – nada me lembro da viagem de volta
Anos depois eu repetia, informalmente, esse acontecido para um psicanalista amigo e esse me disse que por tal episódio eu me tornei místico e espírita
Por isso os analistas andam tão desacreditados 

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