Fragmentos com Chico Xavier
Nubor Orlando Facure
Penso que Uberaba foi pega de
surpresa quando o Chico Xavier muda de Pedro Leopoldo para nossa cidade no
início dos anos 60. Meu pai serviu de construtor para acomodar o médium na sua
primeira casa lá nas vizinhanças do aeroporto – lugar descampado, difícil de
ir, sem condução, até sem iluminação adequada, mas, mesmo assim, nós o
visitávamos e a conversa, ouvindo suas histórias, iam até alta madrugada.
Estávamos em 3 pessoas nos
despedindo, minha mãe eu e uma senhora que a memória não me favorece lembrar
quem era. Chico nos segura assenta ao lado de uma mesinha e pede para ler uma
página evangélica antes de sairmos – enfrentar a escuridão do lugar dava um
certo medo. Abrindo o livro Chico lê – “não atirai pérolas aos porcos”
Aquela senhora faz um comentário
rápido e minha mãe se dirige ao Chico dizendo: Chico, qual sua opinião? O que
Jesus quis dizer nessa lição? Tem gente que não merece receber as lições de
Jesus?
Ele então nos responde: ouvindo
Emmanuel ele nos ensina que para tudo tem o seu momento certo, falar do
evangelho para alguém que sofre no deserto não tem sentido, eles precisam nesse
momento é de água.
O médium então me surpreende,
olha-me e diz que queria ouvir minha opinião.
Não sei de onde eu tirei essa
versão para o texto bíblico. Chico, que me perdoem Jesus e Emmanuel, acima
deles está Deus que nos envia à Terra no colo de uma mãe. Você pode conferir na
porta das prisões elas estão sempre lá. Os filhos rebeldes, malfeitores,
doentes sociais, são todos culpados pela perversidade que disseminam. Mesmo
assim, aquelas mães juram pela inocência deles. Dizem que foi por má companhia,
que foi por descuido, que foi só aquela vez, que no fundo eles são bons, deixemos
eles de novo em seu colo de mãe. Ninguém mais continha as lágrimas nesse
momento e o Chico me segura pela mão dizendo que há 10 anos não recebia a
visita espiritual de sua mãe biológica e, ela estava ali naquele momento nos
inspirando.
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