segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Prisioneiros

Nubor Orlando Facure

Bandidos, ladrões e assassinos estão trancafiados atrás das grades com penas duradouras para resgatar seus crimes. Quatro, cinco, quinze anos de sofrimento.

Outros porém se aprisionam vitimados por si mesmos

João Macedo guarda até hoje a escritura das terras que tomou do seu Candinho cobrando dívidas de negócios. Foi cruel, mas, nessa hora, defendendo os seus interesses, achou que não podia amolecer.

Não soube mais de qualquer notícias do seu Candinho que teve de se arrastar com mulher e filhos para o interior da Bahia tentando se sobreviver.

As vezes, João Macedo é incomodado por um lampejo de remorso que passa-lhe pela cabeça, mas, agora não há mais o que fazer. Já se vão quinze anos nessa tormenta.

Mariana e Jacira eram irmãs inseparáveis. Casaram juntas e mantiveram sempre a aproximação carinhosa. Quando uma adoecia a outra acudia. Quando uma viajava a outra substituía vigiando os sobrinhos.

Com a morte dos pais foi necessário dividir a herança.

Marido de uma, marido de outra, filhos crescidos interessados em dinheiro, contas, reformas da casa, impostos e advogados viraram conversa nova para quem só falava de coisas de casa e da vida simples de antigamente.

Uma palavra aqui outra ali, mal entendidos, desculpas, protelações e acordos. Tudo isso vai afastando cada vez mais as duas irmãs. Nem um lado nem o outro ficou satisfeito com as partilhas dos bens paternos e ressentimentos foram brotando e crescendo sem controle.

Já se vão cinco anos de desencontros, aprisionando as duas em desavença que nunca houve

Dr. Ronaldo saia tarde do escritório de advogado. Pacientemente a esposa fazia os filhos suportarem a demora para jantarem juntos no iniciar da noite. Dava tempo para uma conversa rápida pondo em dia as necessidades da casa e o comportamento peralta dos 3 meninos do casal.

Raramente tinham tempo para férias. A correria aumentava, a clientela crescia e os atrasos se espichavam. Os meninos, entrando na adolescência, exigiam pulso mais firme que a mãe não dava conta. Essa mistura de muito trabalho e muita cobrança familiar desestabilizava o controle emocional do Dr. Ronaldo. E, justamente num momento dessas reflexões lhe procura uma cliente jovem, relatando aflições e desamparo. O que uma fala o outro compara com sua própria angústia. Em pouco tempo as trocas afetivas tem início, e, como tantos outro casos parecidos, o Dr. Ronaldo separa da esposa sem se dar conta do desastre que estava causando dentro da própria casa.

Quinze anos depois, martirizado por traições da nova companheira, procura notícias do destino dos filhos que nunca mais viu

2 comentários:

  1. Caro Dr. Nubor....
    Quantos de nós permanecemos uma vida assim prisioneiros de açõe, pensamentos e palavras!!! O perdoar-se é tão ou mais importante do que o perdoar o outro!!!..... A alma aprendiz precisa seguir adiante....à busca de novo conhecimentos, virando a página à cada nova lição apreendida!!!... parabéns pelo blog!! Obrigada pelas palavras!
    Walkiria Crivelli

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  2. Walkiria,
    Muito agradável seus comentários
    Obrigado
    Nubor Facure

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