domingo, 16 de junho de 2013

Reciclagem no cérebro


Reciclagem no cérebro
Nubor Orlando Facure

Diante de contrariedades ensina o dito popular a “fazermos das tripas o coração “ , é mais ou menos isso que fez o cérebro humano. Afinal a gente já tinha feito os ossinhos dos ouvidos a partir dos ossos da mandíbula. Aprendemos, também, que quem não tem cão caça com gato.
Afinal, o organismo humano formou-se a partir de um animal que desceu das árvores onde comia frutas e que passou a andar na savana onde aprendeu a correr atrás de caça para comer carne. Foi importante erguer a cabeça, prestar atenção, olhar em volta os pequenos sinais de perigo, identificar rapidamente uma ameaça, um parceiro para ajudar na briga ou uma fêmea para acasalar como qualquer outro mamífero. 
 O cérebro expandiu uma área na base dos dois lobos temporais que chamamos giros fusiformes que foram se especializando em reconhecer rostos. Como nos computadores modernos, essa área usa uma memória flash, esse reconhecimento tem de ser muito rápido por questões de sobrevivência. Com isso foi preciso simplificar – não interessa se estamos vendo o rosto do lado direito ou do seu lado esquerdo, a fera que nos ameaça pode não nos dar tanto tempo assim para correr. Até uma criança pequena pode identificar, reconhecer o rosto da sua mãe independente de vê-lo de frente, de perfil, de cabeça para baixo, com uma mancha vermelha do lado, com cabelos curtos ou cumpridos, até com um olho a menos. A especialização chegou a um tal ponto de especificação que muito de nós pode ter se dado ao luxo de ter reservado um neurônio para identificar o rosto da Angelina Joli ou da Juliana Paes – gosto não se discute.
Passam-se os  milênios e o Homem expande seus grupos sociais, se vê forçado a estabelecer um código de comunicação – que as gerações subsequentes poderiam repetir uns com os outros – construindo a linguagem falada com fonemas, palavras e frases, dando um significado aos objetos e às suas ações - área cerebral para ouvir ele já tinha, aproveitou seus neurônios motores da região da garganta e da boca para expressar os sons da fala.
O Homem que quer sempre mais, inventou a escrita
Aqueles pequenos traços das pinturas que sabia fazer podiam ser organizados em símbolos com significados, eles tinham linhas retas, traços, curvas e ângulos, como um rosto – portanto aproveitava-se aquelas áreas fusiformes para seu aprendizado - a mão direita (Hemisfério esquerdo) tracejava o desenho das letras, o som e a fala também saiam do cérebro esquerdo – lobo temporal e frontal – mas, eis que de repente “deu zebra” - o Hemisfério  Direito que aprendeu a reconhecer um rosto, que,  em qualquer posição é sempre o mesmo rosto,  passou a incomodar – ele via e reconhecia as letras mas, não sabia de que lado estava vendo – então as letras b e d para o lado direito são as mesmas; p e q também; MA e AM são iguais – nasceu a dislexia

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