quinta-feira, 6 de junho de 2013

Hospital são Vicente - terceira entrevista


Hospital São Vicente – terceira entrevista
Nubor Orlando Facure

A calma das primeiras entrevistas não é a mesma. Maria Margot passou uma noite muito inquieta – são as lembranças antigas que estão voltando à tona – a partir dos 23 anos Margot passou por episódios de total desassossego. Nada dava certo, perdia objetos e documentos, esquecia compromissos, seu comportamento era bisonho, incompatível com seu nível cultural, tomava decisões sabidamente irresponsáveis e de consequências desastrosas para ela. Vendia coisas pessoais por valores ridículos, aceitava encontro com grupos desconhecidos, assumindo comportamentos sexuais de risco.
Margot deixou de ser Margot, não era mais a mesma, nunca respondeu em voz alta e agora está intolerante e reage mal a solicitações amigáveis dos colegas. Margot parece possuída, dominada por qualquer coisa muito estranha, sua personalidade é outra. Confessa que não usa drogas e diz ter pouca lembrança do que faz fora de casa. Seu quarto está em desordem, suas roupas gastas e sem reformas, seu cabelo, unhas e maquiagem ha tempos não são mais cuidados.
Na Faculdade ela polemiza com os professores, defende penas e punições rigorosas para corrigir toda sociedade.
Essa Margot só volta ao que era quando recebe o socorro da mãe - ambas viajam para o interior e, duas a três semanas depois, ela volta recuperada. Esse quadro que anarquiza sua personalidade foi se repetindo com mais intensidade provocando internações em clínicas psiquiatras de urgência e registros em boletins policiais – foi dopada com medicamentos por diversas vezes, catalogada como Esquizofrênica ou Bipolar nos registros psiquiátricos  

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