Hospital São Vicente – terceira
entrevista
Nubor Orlando Facure
A calma das primeiras entrevistas
não é a mesma. Maria Margot passou uma noite muito inquieta – são as lembranças
antigas que estão voltando à tona – a partir dos 23 anos Margot passou por episódios
de total desassossego. Nada dava certo, perdia objetos e documentos, esquecia
compromissos, seu comportamento era bisonho, incompatível com seu nível
cultural, tomava decisões sabidamente irresponsáveis e de consequências
desastrosas para ela. Vendia coisas pessoais por valores ridículos, aceitava
encontro com grupos desconhecidos, assumindo comportamentos sexuais de risco.
Margot deixou de ser Margot, não
era mais a mesma, nunca respondeu em voz alta e agora está intolerante e reage
mal a solicitações amigáveis dos colegas. Margot parece possuída, dominada por
qualquer coisa muito estranha, sua personalidade é outra. Confessa que não usa
drogas e diz ter pouca lembrança do que faz fora de casa. Seu quarto está em
desordem, suas roupas gastas e sem reformas, seu cabelo, unhas e maquiagem ha
tempos não são mais cuidados.
Na Faculdade ela polemiza com os
professores, defende penas e punições rigorosas para corrigir toda sociedade.
Essa Margot só volta ao que era
quando recebe o socorro da mãe - ambas viajam para o interior e, duas a três
semanas depois, ela volta recuperada. Esse quadro que anarquiza sua
personalidade foi se repetindo com mais intensidade provocando internações em
clínicas psiquiatras de urgência e registros em boletins policiais – foi dopada
com medicamentos por diversas vezes, catalogada como Esquizofrênica ou Bipolar
nos registros psiquiátricos
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