quarta-feira, 5 de junho de 2013

Hospital São Vicente - segunda entrevista


Hospital São Vicente – segunda entrevista
Nubor Orlando Facure

Dra. Carmem Biase ouviu Maria Margot  pacientemente, anotando relatos de suas premonições e o sofrimento que elas lhe provocavam. Na opinião da competente psiquiatra essas imagens eram apenas frutos da grande ansiedade que acompanhava Margot em toda sua vida – seus pensamentos eram ricos em histórias, fantasias e ocorrências dramáticas – os relatos que eventualmente coincidiam com futuros acontecimentos, ela, forçadamente interpretava-os como acertos nas suas premonições.
Margot tem mais coisas a contar: ela entrou para a Faculdade no Curso de História – os velhos livros da biblioteca e as histórias dos movimentos revolucionários na Europa, especialmente no Século XVIII a prendiam por dias seguidos de leitura. Ia bem na Faculdade quando novos fenômenos começaram a lhe incomodar: ao aproximar-se de certos colegas ela parecia sentir-se envolvida por sombras povoadas de rostos – no começo achou que era o cansaço das leituras e depois notou que as ocorrências eram seletivas – aconteciam apenas com pessoas que lhe pareciam invejosas ou agressivas – tudo começava com forte sensação de cansaço, dores nos músculos, as vezes parecia ter febre, manchas no corpo e, de repente, vinham as visões – eram rostos fugidios, apareciam na frente, atrás, dos lados iam e vinham perturbando a conversa entre ela e o colega. Com o passar do tempo se via em sonho repetindo as mesmas visões.
Algumas vezes Margot era levada ao ambulatório médico da Faculdade e, após avaliada, inclusive com  exames de laboratório, o clínico de plantão dava seu diagnóstico -  doença psicossomática, histeria, pânico  e doença imunoalérgica.

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