Hospital São Vicente – segunda
entrevista
Nubor Orlando Facure
Dra. Carmem Biase ouviu Maria
Margot pacientemente, anotando relatos
de suas premonições e o sofrimento que elas lhe provocavam. Na opinião da
competente psiquiatra essas imagens eram apenas frutos da grande ansiedade que
acompanhava Margot em toda sua vida – seus pensamentos eram ricos em histórias,
fantasias e ocorrências dramáticas – os relatos que eventualmente coincidiam
com futuros acontecimentos, ela, forçadamente interpretava-os como acertos nas
suas premonições.
Margot tem mais coisas a contar:
ela entrou para a Faculdade no Curso de História – os velhos livros da
biblioteca e as histórias dos movimentos revolucionários na Europa,
especialmente no Século XVIII a prendiam por dias seguidos de leitura. Ia bem
na Faculdade quando novos fenômenos começaram a lhe incomodar: ao aproximar-se
de certos colegas ela parecia sentir-se envolvida por sombras povoadas de
rostos – no começo achou que era o cansaço das leituras e depois notou que as ocorrências
eram seletivas – aconteciam apenas com pessoas que lhe pareciam invejosas ou
agressivas – tudo começava com forte sensação de cansaço, dores nos músculos,
as vezes parecia ter febre, manchas no corpo e, de repente, vinham as visões –
eram rostos fugidios, apareciam na frente, atrás, dos lados iam e vinham
perturbando a conversa entre ela e o colega. Com o passar do tempo se via em
sonho repetindo as mesmas visões.
Algumas vezes Margot era levada ao
ambulatório médico da Faculdade e, após avaliada, inclusive com exames de laboratório, o clínico de plantão
dava seu diagnóstico - doença
psicossomática, histeria, pânico e
doença imunoalérgica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário