Resgate e salvação
Nubor Orlando Facure
Cadeira de rodas
Seu Angelino era conhecido como muito vaidoso e perdulário. Com empréstimos comprava tudo que queria, até um dia que a queixa dos credores era tanta que ele corria o risco de ir para a cadeia. Desesperado e sem recurso, Angelino, se atira nas rodas de um trem urbano. Anos depois de muito sofrer e implorar conseguiu renascer sem escutar e sem poder andar
Com válvulas na cabeça
Rosenilda não se cansava de falar. De casa em casa era um vizinho ou um parente que ela punha para escutar. Nunca se cuidou do que não dizer para não machucar. Não poupava ninguém, nem mesmo suas irmãs. Tanto plantava que até casamento conseguiu desarranjar. Inimizade aos montões. O tempo passa e, noutra vida, está a Rosenilda no vai e vem de hospital em hospital - tem hidrocefalia, a cabeça agora é oca tem mais água que miolo.
Perdeu a memória
Comendador Flores tinha terras, gado e muito dinheiro. Para um filho prometeu ajuda para estudar. Para a filha ia dar uma casa para morar. Na Santa Casa deixou recado que ia levar sacarias de mantimentos. O pobre do Manezinho era o vizinho doente que ele ficou de visitar e levar os remédios que precisar. Mulheres da igreja pediam donativos para a caridade e ele prometia ajudar. Passando de uma vida para a outra o seu Flores agora vive esquecendo tudo que ouve sofrendo de Alzheimer
A dançarina de rua
Leocárdia tinha sempre um pretexto para humilhar. Era a dona do castelo e se sentia no direito de aprovar ou condenar. Nunca perdeu, porém, a oportunidade para expor um ou outro convidado ao deboche e desconsideração. Criticava a roupa de uma, o penteado de outra. Menosprezava a inteligência de uma autoridade. Ridicularizava a pobreza de alguém de renome que "esbanjava" dinheiro na caridade. Fazia desfilar a criadagem humilde para esnobar a firmeza com que mandava. Vidas depois, Leocardia está na cidade de Bom Jesus, percorre as ruas maltrapilha, balançando braços e pernas, fazendo caretas e falando de soquinhos. Na Santa Casa disseram que ela sofre de Coréia, diz o médico que é a dança de São Guido. Não é por isso que ela mereça ser achincalhada pelos moleques da rua que a seguem imitando os seus trejeitos
domingo, 26 de junho de 2011
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