sábado, 11 de junho de 2011

Almanaque de Neurologia – Memória e Afeto
Nubor Orlando Facure

Moléculas de memória existem?
Já se conhece uma proteína conhecida como CREB que é responsável pela consolidação das nossas memórias.
A gente faz uma viagem de férias, conhecendo lugares que não quer esquecer jamais. O que acontecerá no cérebro?
A proteína CREB ativará os genes que indicarão a síntese de proteínas que vão estabelecer novas sinapses - estou, assim, construindo minhas memórias, as mais duradouras, de curto e longo prazo.
Não convém, porém, comprometer minha "caixa de memórias" com toda informação que me atinge - somos incomodados por muita informação inútil:
A televisão que mostra cenas de notícias desagradáveis
Meu telefone toca e é engano
Na caixa do carteiro foi colocado uma propaganda de encanador
Uma informação no celular me propõe concorrer para ganhar um carro
Felizmente, nossa salvação é outra proteína, a CREB-2, ela é uma proteína supressora da memória, limitando a transferência de uma informação rápida, como aquela desagradável que vi televisão, para minha memória de longa duração. Nada justifica que eu guarde essas cenas.
Portanto, meu próprio cérebro me livra do lixo que passa por mim todo dia


O que memorizar, então?
Nosso cérebro está recebendo estímulos continuamente - que escolha devemos fazer?
Primeiro, valorizar - questionando se essa ou aquela informação é importante
Isso depende do que cada coisa significa para nós - Uma banda inglesa vai se apresentar no Morumbi, a mídia informa os dias, os horários e até mesmo o repertório - eu não vou nem de graça, mas, qualquer um dos meus netos corre atrás de todas essas informações e por muito tempo esse será um tema inesquecível para eles.
Já está demonstrado que é a emoção que, faz escolhas, edita, atualiza ou revisa as memórias que precisamos guardar




Aprender com afeto
Na relação com os pais, possuindo um cérebro infantil ainda imaturo, a criança aprende a usar os recursos do cérebro dos pais. Suas dificuldades, suas deficiências, suas incapacidades são supridas com as facilidades que os pais põem à sua disposição
Os pais têm de fazer o que a criança ainda não faz
É do senso comum de que eles não podem estar fazendo tudo, solucionando problemas que a criança precisa aprender a lidar por conta própria
As emoções da criança, também, são amadurecidas de comum acordo no jogo dessas transações emocionais.
Uma hora os pais aprovam e noutra repelem, ensinando à criança o que pode e o que não pode fazer



Relações emocionais - a direção do afeto
No decorrer da vida é fundamental termos alguma forma de relacionamento afetivo. A construção desses relacionamentos nos dois ou três primeiros anos de vida constrói aquela criança que no futuro vai saber lidar com emoções positivas ou negativas, com suas frustrações, suas perdas, suas conquistas sociais ou suas separações traumáticas.
As mães, as cuidadoras ou qualquer um que exerça o papel de protetor precisam saber quais "sinais" a criança usa para pedir ajuda.
Precisamos antes de qualquer justificativa, aprender a oferecer acolhimento à criança



Afeto simétrico e assimétrico
Joaozinho e Maria estão namorando e o Pedrinho e a Renata são apenas amigos Esses são casos de relacionamento simétrico - dividem por igual necessidades e apoio, dúvidas e certezas. Eles aprendem uns com os outro, acertam e erram juntos. Estão no mesmo nível de experiência.
Entre eu e minha professora, minha terapeuta, meu médico ou meus pais, mantemos uma relação afetiva assimétrica Eles tem muito a me ensinar, são mais experientes que eu. Precisam, porém, ter sensibilidade para perceber meus sinais de carência, de necessidades, de insegurança e de pedir apoio

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