quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Estudando o Cérebro

Nubor Orlando Facure
Entrevista com Eliane Haddad
Para Jornal Espírita da FEESP

Informações preliminares:
Os últimos cinco anos foram extremamente férteis no estudo do cérebro e dos neurônios em particular. Usando equipamentos sofisticados foram identificadas funções surpreendentes. Descobriu-se, por exemplo, que existem áreas do cérebro ligadas especificamente ao julgamento moral e a espiritualidade. Olhando alguém que está sofrendo dor, o cérebro de quem observa também põem em atividade neurônios da área sensitiva, como que compartilhando essa dor. Fazer exercícios físicos, ativa grupos de neurônios nas áreas motoras. O que surpreende é que a simples imaginação da mesma atividade física, também ativa esses mesmos neurônios.
Sempre se acreditou que o adulto não produzia novos neurônios e hoje isso já é aceito como possível, particularmente, nas regiões do hipocampo – área do cérebro relacionada com a memória.

– O Senhor disse que levamos com o perispírito alguns tipos de neurônios (?) Os neurônios não são de um elemento material mais pesado do que o elemento material do perispírito? Poderia explicar como isso é possível?

Algumas informações confirmadas pela Ciência, são necessárias serem revistas, por nós, para compreendermos essa questão.
Os neurônios estão sempre numa atividade frenética. A cada instante que se mede em milisegundos, estamos realizando trocas químicas e enviando receitas genéticas que constroem um novo padrão de receptores nas membranas celulares desses neurônios. Nossa vida mental está, portanto, inteiramente registrada nos impulsos químicos das células cerebrais e nas redes neurais que elas organizam.
Penso eu que no ser encarnado existe uma correspondência entre os neurônios do corpo físico com os do perispírito. Se assim não fosse, viveríamos duas personalidades. Imediatamente após o desencarne as informações do cérebro físico serão transferidas integralmente para o corpo espiritual. Nessa fase contaremos com a mesma rede de neurônios que dispúnhamos no corpo físico. Foi por isso que afirmei que levaremos nossos neurônios para a vida espiritual que nos acolhe depois da morte. Posteriormente, os arquivos mentais do perispírito se ampliarão, por mecanismos que ainda desconhecemos.

– Quando se falou que os neurônios são as únicas células que levamos no perispírito, quer dizer: os registros, as informações? Como ficam, então, os neurônios de alcoólatras e/ou drogados? Pela Ciência, são regenerados em vida ou não? Neurônios se regeneram?
As informações de André Luiz nos dão conta de que o “corpo espiritual” dos desencarnados prescinde de uma série de órgãos que para o corpo físico são fundamentais. A massa muscular e o aparelho digestório sofrem sensível regressão.
Por outro lado, o cérebro não poderia sofrer restrição após o desencarne, pelo simples fato de comprometer nossa integridade mental.
No caso de lesões que nós mesmos provocamos, ao nos comprometer com vícios acumulados inadvertidamente - como é o caso do alcoolismo ou da drogadição - estaremos fixando no perispírito um dano cerebral que exigirá, mais cedo ou mais tarde, reconstrução anatômica que, talvez só a benção de uma nova encarnação poderá facilitar.
O nosso patrimônio físico/perispiritual merece um zelo que ainda não sabemos dimensionar. Como já dissemos, hoje em dia, é aceita a possibilidade de regeneração de neurônios. Já conhecemos alguns fatores químicos que estimulam o crescimento dos neurônios e tanto o aprendizado novo como o exercício físico atuam facilitando a regeneração de neurônios do hipocampo.

– O Sr. disse que as células dos neurônios ficam no perispírito. Isso seria o corpo mental?

Allan Kardec optou pela simplificação desses termos e, em toda sua obra, faz referência quase exclusiva ao perispírito quando se refere ao envoltório espiritual. André Luiz, em especial, nos esclarece algumas particularidades que distinguem o perispírito, o corpo mental e o corpo etéreo, que vem a serem elementos distintos entre si. Com freqüência os termos são usados como representando a mesma coisa, quando, na verdade, se referem a estruturas distintas.
Para usar a linguagem da informática, diríamos que o perispírito teria uma conexão anatômica compatível com o nosso corpo físico, nele encontraremos o correspondente espiritual dos neurônios físicos.

– Se as células são renovadas, as perdidas são substituídas por outras. Os neurônios não se renovam e são permanentes? Já nascemos com uma quantidade x para aproveitar ou “queimar”?

Curiosamente, nascemos com uma quantidade muito maior de neurônios do que os que vamos usar durante a vida toda. Logo após o nascimento ocorre uma perda contínua e enorme daqueles neurônios que não fortaleceram suas ligações sinápticas. Por isso, é importante a estimulação da criança, principalmente nos primeiros anos de vida, justamente para que ela proceda à construção das redes sinápticas, que lhes serão fundamentais para sua vida mental futura. Nessa ocasião, o vínculo materno exerce um efeito protetor incomparável.
Como dissemos, já é aceito que na vida adulta ocorre também a produção de novos neurônios. Essa, porém, não é a regra para todo o cérebro, a reposição de neurônios ocorre comprovadamente no hipocampo, região ligada as nossas memórias. A leitura, os exercícios físicos saudáveis, trabalhos manuais, uma vida mental sem estrese, períodos de férias repousantes, atividade solidária e fraterna com o próximo, alimentação compatível com as necessidades básica, vitamina E, Ácido fólico, Omega 3, envolvimento sincero com a espiritualidade, são recomendações já comprovadas que garantem benefícios aos nossos neurônios.

Conclusões
Toda atividade física ou mental, tem seu correspondente na atividade de neurônios em alguma área do cérebro.
Está comprovado que durante as fases de depressão grave, o hipocampo perde neurônios e quando os antidepressivos corrigem a química dos neurotransmissores o hipocampo constrói outros neurônios que atuarão na cura do processo depressivo.
Nós espíritas temos na neurologia um magnífico campo de estudo para compreender muito do que nos ensina a Doutrina Espírita.
Idéias fixas que nos aprisionam a mágoas e ressentimentos persistentes têm um efeito deletério sobre nosso cérebro e, não nos convém mantê-las por mais tempo.
O pensamento negativo que nos imobiliza pela depressão, pode causar danos irreparáveis ao cérebro comprometendo nossa vida mental para sempre.
Pensar ou imaginar com persistência criarão padrões de neurônios que podem nos ajudar ou prejudicar.
A oração não é apenas uma mensagem imaterial, ela também modifica a química e a estrutura funcional dos nossos neurônios.
Aprender coisas novas, adquirir talentos, exercitar o bem, amplia as redes de conexão entre os neurônios.
Comprometer-nos com vícios, consolidar crimes ou vinganças, exigir posses indevidas, impor opiniões, deixam marcados impulsos que os neurônios fixam para sempre.
A distância entre imaginar e desejar é muito pequena. Pensar e agir estão mais próximo do que parece. Precisamos rever nossos desejos ocultos, nossas intenções não concretizadas, as pequenas maldades disfarçadas, os gestos que ficam só na intenção, o perdão que insistimos em adiar, a ajuda ao próximo que fica sempre para depois. Todas essas atitudes já estão impressas em neurônios do nosso cérebro e nos compromete enquanto não se resolvem.
A meditação sinaliza nos neurônios um padrão novo de conexões que podem ser muito benéficas para nossa vida mental. Devemos estimular a sua prática aliada as orações.

Um comentário:

  1. Dr. Facure este texto é de extrema importância, assim como os demais de seu blog, para uma ampliação no conhecimento do funcionamento cerebral e sua relação físico/perispiritual. Sou Psicóloga Clínica e uma estudiosa já um certo tempo dos fenômenos mediúnicos (da qual sou portadora). Iniciei com os estudos espíritas (Grupo Noel: Martha Gallego Thomaz e Federação Espírita), expandindo com a psicobiofísica - Dr. Sérgio Felipe de Oliveira e demais da Assoc. Médico-Espírita, participando de cursos, palestras, seminários e congressos, nos quais tive a feliz oportunidade de conhecer o senhor, também. Com muito prazer, vou inserir em meu blog, seu endereço, além de alguns textos seus com a devida referência. Abraço.

    ResponderExcluir