quarta-feira, 30 de março de 2011

Neurologia popular
Pet Shop de Neurologia

Nubor Orlando Facure

Como produzir ratinhos ansiosos?
Primeiro é preciso saber que existem muitos experimentos para testar ansiedade nos ratos de laboratório - em qualquer desafio o coração dispara
Como fazer que um ratinho manso se torne um rato ansioso quando adulto?
Vamos falar de 4 experimentos curiosos:
1 - "Handling"
Assim que nascem, a mãe é separada deles por 15 minutos por dia. Essa "angústia" da separação materna produzirá ratos adultos ansiosos
2 - Exposição materna a um grande estresse
Enquanto grávida a mãe é colocada junto a um predador violento. Penso que essa maldade pode ser feita aproximando a gaiola da rata grávida a um gato bravo, com fome e que mia alto. Os filhotes dessa mãe, depois que crescem, serão ratos adultos ansiosos
3 - O desleixo materno
O ratinho nasce desprotegido. A mãe precisa amamentar os filhotes, lamber fazendo a limpeza da pelugem e aquecê-los no aconchego do seu corpo. Filhotes de mãe desleixadas vão crescer adultos ansiosos
4 - Ratinhos criados em ambientes empobrecidos tendem a serem adultos mais ansiosos do que os que são criados em ambientes enriquecidos com estímulos que os mantém mais ativos

Essas 4 situações podem ocorrer em ambientes humanos - será que os efeitos tardios serão os mesmos?
É apressado e inconseqüente dizer que sim

Muitas mães tem de deixar seus filhos diariamente na creche Mulheres grávidas sofrem estresses de guerras urbanas diariamente Mãe relapsa a gente encontra uma em cada esquina
Ambientes paupérrimos, sem qualquer estimulação para a criança, tanto nas grandes metrópoles como nos povoados mais afastados tem muito
Tudo isso está realmente aumentando muito nosso nível de ansiedade. Mas, vamos voltar aos experimentos biológicos:

1 - Não é a separação da mãe que provoca esse fenótipo ansioso das crias, mas sim o fato da mãe ficar estressada pela separação dos seus filhos - o problema, se descobriu, agora, que está na mãe - e não nos filhos abandonados - é o comportamento ansioso da mãe que contribui para o comportamento ansioso das crias uma vez adultas Se ela receber - quando afastada de suas crias- uma ninhada estranha, de outra mãe, para cuidar naqueles 15 minutos de separação, não se observará o efeito deletério da separação materna nos seus próprios filhotes quando se tornarem adultos
2 - Manipulações genéticas permitem criar ratos com maior ou menor densidade de receptores benzodiazepínicos - portanto, com maior ou menor grau de ansiedade - os experimentos biológicos permitem misturar mãe desleixadas com ratinhos normais e mães normais com ratinhos ansiosos - ambiente e genética se interagem de maneira complexa - de qualquer maneira, o maior cuidado materno está relacionado com mudanças na própria estrutura dos neurônios nos filhotes - ocorre aumento de receptores benzodiazepínicos na Amígdala - ou, em outras palavras, a mãe está construindo um cérebro menos ansioso nesse filhote.
3 - Produzir em laboratório uma gaiola enriquecida com estímulos por mais rico que seja é, tremendamente artificial, completamente diferente do que esse ratinho tem chance de encontrar nos ambientes livres da natureza.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Fragmentos da neurologia do Medo
Nubor Orlando Facure

Amígdalas do lobo temporal
O nome é horrível e a gente tem sempre de começar explicando que não tem nada a ver com as “amígdalas” da garganta - que na verdade são “tonsilas”, que é outro nome de mau gosto incrível
Essas “amêndoas” (amígdalas) de pequenos neurônios estão situadas na intimidade dos lobos temporais - uma de cada lado - ficam quase que coladas aos Hipocampos - curioso como Deus fez isso conosco: grudou as emoções (amígdalas) com a memória (hipocampo) - por isso que nossos inimigos nunca esquecem da gente
Costumo dizer que nas amígdalas guardamos os 4 gigantes da Alma: o medo, a fome, a raiva e o sexo - é muita responsabilidade nas mãos de dois núcleos primitivos e que freqüentemente fogem do domínio da nossa consciência - a Amígdala, em termos evolutivos, é uma estrutura anatômica antiga, que começou a aparecer nos crocodilos - qualquer um que tentar surrupiar os ovos da “crocodila”, sofrerá um ataque de fúria violento - são lindinhas as tartaruguinhas do projeto Tamar, mas elas são desprotegidas de proteção materna
A Amígdala dirige o componente afetivo dos acontecimentos:
Minha amígdala, por exemplo, adora música sertaneja, detesta briga de novela, não suporta barulho de secador de cabelo, rejeita sorvete de chocolate, não suportaria a solidão de um solteiro, morre de medo de vaca com cria, tem nojo, medo não, de barata, já bateu em criança teimosa, “xingou até a mãe” em briga de família ou seja: minha amígdala ainda tem muito de crocodilo.
Fundamentos da Neurologia do medo
Nubor Orlando Facure

Constelação de eventos

Um grito me chega aos ouvidos, nem saio da cadeira, é o Said, meu gatinho de novo, se implicando. Ele não suporta que o Petruco, nosso gato pretinho que vive no quintal, entre para dentro de casa. Outro ruído que incomoda: caiu panela na cozinha - é a Dora, faz tudo muito gostoso, mas, sempre com pressa. Agora, é um clarão que faísca na sala - mais uma daquelas lâmpadas modernas que se queima. De repente, outra noticia na televisão, são novas e terríveis imagens do Tsunami no Japão – é triste, mas, já não emocionam mais. Minha esposa está de bolsa nova ela vai me perguntar se percebi. Esse tipo de percepção não roda no PC dos maridos - elas traduzem PC de marido como - porcaria de cérebro.
Continuamente meu cérebro é atingido por sons e imagens - no trânsito neural que tem de percorrer, do ouvido ou do olho até informarem o córtex cerebral, uma estação obrigatória é a Amígdala - ela junta às informações sonoras ou visuais a sua etiquetagem, classificando a relevância emocional - se no barulho há perigo, tenho de correr, se na imagem há a surpresa agradável de rever um amigo, tenho de expandir esse prazer com um abraço, se o barulho é familiar não me afeto, se a imagem é chocante, às vezes prefiro nem ver, se é um objeto que perdi explodo de contentamento, se é mais uma conta da luz prefiro olhar depois do almoço

Todo esse conteúdo comportamental não passou despercebido da neurofisiologia - dessa maneira, já estão mapeadas as regiões cerebrais envolvidas em cada resposta que damos aos medos - a Amígdala reparte as informações que recebe orquestrando a resposta final:
1 - No Hipotálamo lateral. – ocorre a resposta simpática: o coração dispara, a pressão sobe e a temperatura se eleva
2 - Núcleo motor do nervo Vago - Resposta parassimpatica - expulsão de fezes e urina
3 - Núcleo parabraquial no bulbo - a respiração fica difícil
4 - Núcleos monoaminérgicos da Ponte – entramos em vigilância - atenção concentrada
5 - Núcleo Reticular da Ponte - resposta do sobressalto. - a gente pula quando leva um baita dum susto
6 - Substancia cinzenta Periaquedutal - comportamento de inibição - as pernas paralisam de medo, o animal fica "estatelado" no chão, fica de cara para a cobra sem poder piscar
7 - Núcleo motor do nervo Facial - expressão facial típica – fazemos cara de medo, assustado, em pânico - da pra ver na cara de qualquer criança
8 - Núcleo paraventricular do Hipotálamo – onde ocorre a resposta química ao estresse - liberação de corticóides
9 – Hipocampo – aqui guardamos a memória das experiências de medo – acostumamos com o estampido dos fogos, com o latido do cachorro bravo, com a voz grossa do pai violento, com bombardear dos trovões, o bater de asas da barata assustada, o corisco cortando os céus, a buzinada do caminhão, o ruído estranho no quintal do vizinho, a ameaça do louco

domingo, 20 de março de 2011

Anatomia do medo
Pedaços de literatura
Nubor Orlando Facure



Historias reais ou inventadas sobre situações de medo que nós todos conhecemos:
1 - Paralisadas pelo medo
As meninas voltavam à noite do cursinho quando escutam um barulhão de coisas caindo. Elas simplesmente paralisam sem qualquer ação. O medo lhes inibe qualquer iniciativa. As pernas tremem, quando, de repente, ouvem um grito estridente e um frio risca as suas costas - já estavam sem respirar por uma eternidade e os “sentidos” pareciam flutuar sem garantir se ficam ou se vão de vez - quando menos esperam, um vulto passa correndo, aos saltos - num relance perceberam que era apenas um moleque roubando frutas o causador de toda encrenca.

2 - O coração salta na boca
Calmamente o pai breca o carro na esquina esperando o sinal. Ninguém da família percebeu o taxi que vinha correndo atrás e, não tem tempo para brecar. A batida é estrondosa, o grande susto põe o coração de todo mundo pra correr, saltando do peito para pulsar na boca, até que as coisas se esclareçam

3 - A expressão não deixava duvida
Noitinha escura, sem luar, Genildo volta tarde para a pensão onde mora. Trabalha nos Correios na cidade do Prata em Minas Gerais. Os pais ficaram na fazenda Modelo em Uberaba - são idosos e não podiam acompanhar o filho quando mudou pro Prata. O rapaz aproveita o tempo disponível para fazer a noite um curso de informática. Na esquina da Rua São Benedito o casarão tem só uma moradora, idosa, viúva há muitos anos e, com tanta maldade no coração que os 6 filhos a deixaram, indo em busca de trabalho em São Paulo - andavam dizendo que, de uns tempos pra cá, a casa está assombrada. Nessa noite, Genildo, que dizia não ter medo dessas coisas, escuta ruídos na casa e se propõe a conferir. Como não vê nada pela frente, decide conferir nos fundos do quintal. A escuridão não lhe permite ver onde pisava, mas, coincidência ou não, a luz pisca sem parar, e ele ao virar torce o pé, cai sem conseguir se levantar e, um vulto masculino aparece e desaparece, indo e vindo a sua frente. Genildo nunca mais quis falar disso, mas, sua expressão era de ter visto mesmo o fantasma do velho, dono do casarão

4 – Os olhos pareciam saltar do rosto
As meninas assistiam na televisão mais um capítulo da série Assombrações. Todas disfarçavam uma dose maior ou menor de medos das “aparições”. Mariana contou que sempre sonhava com essas imagens quando via o filme. Renatinha, também, confessava que dormia com medo e qualquer barulho à noite a prendia na cama até a manhã seguinte. Outras se lembravam de cenas dos filmes mais antigos e, de certa maneira, medo e silêncio andavam juntos fazendo com que cada uma fosse para cama sem se despedirem. Subitamente, a madrugada escura e fria é cortada por uma crise de “terror noturno” vinda do quarto da Vanessa. Todas que correram para acudir tiveram a mesma impressão: os olhos saltados no rosto pareciam enxergar os mesmos fantasmas do “assombrações”



5 - O sobressalto inesperado
Todo menino tem uma irmã cri-cri. Marquinhos pesquisava no computador: Revolução francesa. Nomes difíceis, Robespierre e Diderot. Já era noite e o assunto lhe parecia chato e tenebroso - afinal cortaram a cabeça de milhares, uns pró e outros contra o governo. Cansado, não percebeu que a Irmã vem devagarzinho por traz e dá um grito, na verdade um berro. Não deu outra, computador, livros e cadernos foram pelos ares num só pulo

6 - O borra botas
No tempo antigo, lá nas roças de Minas Gerais, sobraram alguns negros que a escravidão acostumou com a obediência e o servilismo, morando, agora, a troco de casa e comida. Um pedaço da família de Nego Bentinho ficou morando no retiro perto do pocinho entre o buritizal e a plantação: milho de um lado e mandioca do outro. Ficava em casa só a "neguinha", menina magrelinha, de 14 anos, num sabia ler, andava descalça, limpava um pouco a casa e recolhia as roupas do varal, esticando aquela magreza de pernas.
Um dia "neguinha" parecia ter sumido de casa. Não havia como ter notícia, o jeito era sair procurando - uns gritando prum lado e outros chamando a negrinha nos escondidos dos matos.
Ouvindo um gemido, a coitada foi achada chorando de fazer pena, mas a voz não saia, de tanto soluço. Só mais tarde ficaram sabendo que ela fora abusada.
Passaram-se mais de 5 meses quando, nas descidas do morro de onde se podia ver uma pontinha da Canastra, um cavaleiro, voltando à tardinha pra casa é apeado a força por 3 negros.
Ninguém fala uma palavra sequer. Eles se conhecem “de vista” - o branco trabalha na sede da Fazenda do seu Borginho com os privilégios que o patrão lhe dá - acostumado a distribuir ordens e fazer o que bem quer.
Com agilidade e força o cavaleiro é amarrado a um tronco. Coitado - respiração ofegante, coração disparado, suor encharcando tudo de cima em baixo, olhos esbugalhados, e só se via aquelas pupilas negras dilatadas ao extremo. O rosto contraído parecia ter um riso nervoso pedindo explicação. Não tinha mais como saber onde estavam suas pernas nessa hora. Pensar em correr? As cordas apertavam e as pernas não obedeceriam mais. Talvez ele tivesse pensado em Santa Rita pedindo proteção.
O que esses negros queriam? Que levassem o cavalo, afinal, ele nunca carregava nada de valor. Ou, que o matassem logo. Não havia como entender o porque de tanto suplício.
De repente um negro tira uma faca e corta-lhe o cinturão de um único golpe. As calças arreiam até às botas expondo as pernas brancas, peludas e, agora, escorridas de urina e fezes. Numa hora dessas as fezes são expulsas amolecidas por toda água que sai junto. Mal cheiro insuportável e, em minutos, está tudo misturado com sangue. Os negros eram acostumado a castrar o gado. Capavam um porco com dois golpes no meio daquele grunhido estridente. Era preciso observar um mínimo de técnica para não serem cortadas as artérias que poriam a vida em risco. No perverso que deflorou a "negrinha" o cuidado foi o mesmo - nada de matá-lo numa loucura dessas. Era preciso desfrutar da humilhação. Tinha de servir de exemplo e, o povo todo ia saber que por muitos anos a região da Canastra estava livre desse tarado.
Demorou mais de 2 anos pra "neguinha" voltar a falar, ver gente estranha nem pensar e, parece que casou com um primo que a levou para Uberlândia onde tiveram filhos.

sábado, 19 de março de 2011

Neurologia Popular - 3

Meus Medos
Nubor Orlando Facure

Medo natural
É o medo inato, o instinto do medo, a gente já nasce com medo, medo de por a mão numa coisa peluda como uma aranha ou um ruído muito forte num lugar escuro
Medo aprendido
A mordida do gato me faz temer acariciá-lo de novo
Medo condicionado
Um papel azul é seguido de um choque, todo papel azul agora me mete medo, pois, daqui para frente, me lembra o incômodo do choque
Medo patológico
É medo demais de uma coisa que nem é ameaça - medo exagerado de dentista, medo de estar sozinho, medo de um encontro que nem vai acontecer
Medos específicos
São todas as fobias por uma porção de coisas - medo de altura, de avião, de baratas, de elevador
Medo sem motivo
O chefe é bravo mas não morde, não há porque temê-lo
Medo nos outros
È prudente perceber o medo nos outros - ele se expressa e se identifica na face. No rosto de cada um eu percebo o medo que ele tem - outras vezes, no grito que ele dá, no seu pulo para traz ou no gesto das mãos com que afasta a ameaça - quase sempre ajudamos a quem tem fome, agasalhamos a quem tem frio, mas, ainda precisamos aprender a acudir a quem tem medo
Medo do desconhecido
O pior deles é o medo da Morte - que julgamento nos espera? Quem vai nos apresentar a fatura de débitos? Por quanto tempo estaremos a sós com nossa própria consciência?
Medo de solidão
É o medo frio do abandono - tem gente que não suporta a possibilidade da separação - o mundo inteiro parece que se esvazia e, frequentemente, a solidão é cheia de culpas
Medos típicos
Algumas doenças tem seus medos característicos:
Na Epilepsia do Lobo Temporal - principalmente quando a crise atinge uma região mais interna chamada de Ìnsula (que se traduz por ilha) o paciente refere um medo intenso, uma sensação de angústia muito forte, com uma impressão de sufoco, do estrangulamento dos enforcados e perturbações viscerais - no estômago, intestinos, coração e pulmões - felizmente duram poucos minutos
No TOC - transtorno obsessivo compulsivo - há um medo intenso de adoecer, de tocar alguma coisa que esteja contaminada, de um vírus que possa nos alcançar
A falta de medo
Na criança hiperativa (TDAH) ocorre perda da noção de risco - ela não teme o perigo de andar em cima de um muro ou achegar-se ao beiral da janela do prédio
Na Síndrome de Klever-Bucy:
Eu conheci pessoalmente um simpaticíssimo neurocirurgião americano - o Dr. Paul Bucy (era 1964) quando esteve em Belo Horizonte - um doce de criatura - mas, ele e seus colegas de laboratório executaram uma perversidade médica de grande sucesso. Retiraram cirurgicamente as Amígdalas dos Lobos temporais de uma Chimpanzé e perceberam o aparecimento de um quadro clínico que se tornou emblemático - daí foi adotado o nome de Síndrome de Klever-Bucy em suas homenagens - para uma experiência que hoje os levariam para a prisão - de qualquer modo, chama-se de síndrome porque, esse mesmo quadro da Chimpanzé, pode ser visto, também, em, Humanos, vítimas de trauma de crânio, de encefalites ou de anóxia cerebral pós-parto. O macaco na floresta aprendeu com seus pais a ter medo de cobra. Aquela Chimpanzé que ficou sem suas amígdalas temporais no Laboratório do Dr Bucy, deixa de temer, de expressar reação que denote qualquer medo de cobras. Ela apresenta, também, uma hiperfagia, passa a comer tudo à sua frente - eu mesmo tive pacientes que comiam - literalmente, eles comiam - seu polegar ou, se amarrados, davam um jeito de morder seu próprio ombro.
Na síndrome de Klever-Bucy ocorre, ainda, uma hipersexualidade, a escova de penteá-los ou a torneira do laboratório passam a ser instrumentos de masturbação usados obsessivamente pela Chimpanzé. Já atendi crianças com retardo mental grave que podiam serem vistas com comportamento parecido, manipulando compulsivamente seus genitais.

sábado, 12 de março de 2011

O Bolo
As vezes nos perguntamos:
“O que eu fiz para merecer isso? - Porque Deus tinha que fazer isso comigo? ”

A filha dizia à mãe como tudo ia errado:
Ela não se saíra bem na prova de Matemática, isso justo comigo?
O namorado resolveu terminar com ela e a sua melhor amiga estava de mudança para outra cidade
Em horas de amargura, a mãe sabia que poderia agradar a filha preparando-lhe um bolo. Naquele momento não foi diferente. Abraçou a filha e levou-a à cozinha, conseguindo arrancar da moça um sorriso sincero. Logo que a mãe separou os utensílios e ingredientes que usaria os colocou na mesa e perguntou à filha:
Querida, quer um pedaço do bolo? - Mas já, mamãe? È claro que quero. Seus bolos são sempre deliciosos. Então está bem, respondeu a mãe.
Tome um pouco desse óleo de cozinha!
Assustada a moça respondeu: Credo mãe!
Que tal então comer uns ovos crus, filha? Que nojo mamãe!
Quer então um pouquinho de farinha de trigo ou bicarbonato de sódio?
Mãe, isso não presta para comer!
A mãe então respondeu, ensinando:
É verdade, todas essas coisas parecem ruins quando sozinhas, mas, quando as colocamos juntas, na medida certa de cada uma, elas fazem um bolo delicioso
Parece que Deus trabalha desse mesmo jeito. Às vezes a gente se pergunta: porque ?
Ele quis que passássemos por momentos difíceis, mas Deus ensina que quando Ele puser todas nossas coisas na ordem exata, elas sempre nos farão bem
A gente só precisa esperar e confiar Nele e todas essas coisas que nos parecem ruins se tornarão algo fantástico quando compreendermos a mistura correta das coisas

Adaptado de um Email que minha esposa me repassou

terça-feira, 8 de março de 2011

O que Fica e o que Vai
Nubor Orlando Facure


Todos nós passamos pela Vida deixando “marcas” - nas coisas e nos outros
Arrebatados pela Morte, que não avisa da chegada, algumas coisas ficam e outras coisas vão conosco
Quero chegar lá com as mãos calejadas - me envergonha a preguiça, tenho medo até do descanso quando sei que há tanto por fazer
Quero chegar lá sem m águas - ninguém que tenha me ofendido, fez pior do que eu fui capaz
Quero deixar aqui as dívidas - não as minhas mas, aquelas que por direito eu deveria ter recebido e, agora, nem as quero mais
Quero levar lembranças - nada material - apenas as lembranças de momentos que vivi, de gente que conheci, de palavras que ouvi, de promessas que pude cumprir, de histórias que me fizeram sorrir
Quero encontrar lá um montão de gente - quero um abraço apertado dos que me deixaram tão cedo, quero sentar para contar sobre o que ficou para traz, quero chorar a saudade de tudo o que já passou e quero reclamar muito dessa falta de notícias
Quero,também, deixar aqui um recado - eu vou e volto - Já que Ele está por aqui, eu, também, prometo que sempre “estarei convosco”

segunda-feira, 7 de março de 2011

Mais da Neurologia Popular
A Memória cria acontecimentos

Nubor Orlando Facure


Meu cunhado vem vindo em minha direção - ele saiu de uma caminhonete, sua roupa é pouco usual, ele está de chapéu - já sei, veio me convidar para pescar

Minha filha chegou de Uberlândia trazendo os netos. Vem com eles o João Vitor, descem do carro super-animados - já sei, vou ter de ir com eles no Hopi Hari

Aprontei-me para ir ao Shopping, meu propósito é ir ao cinema. Minha esposa já me espera de pé na sala, vejo sua pastinha verde de fazer pagamentos. Já sei, a prioridade é ir ao Banco quitar os boletos

Eu estava para sair, lá na cozinha a empregada fala alguma coisa que eu não entendi - parece que me esqueci de alguma coisa. Toca a campainha , escuto um barulho de carro. Já sei, é o eletricista, veio trocar a resistência do chuveiro
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Somos capazes, portanto, de organizar diversos itens de informações espaciais e temporais produzindo um acontecimento novo

Os Neurocientistas já destruíram o Hipocampo de muitos ratinhos para mostrar que é nele que se organizam essas previsões - sem o Hipocampo não seríamos capazes de organizar nem uma simples compra de super-mercado e, trocar de carro o ano que vem, nem pensar
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O vírus Herpes Zoster - o mesmo da varicela - quando atinge o cérebro produz uma Encefalite catastrófica justamente por ocorrerem inflamações nos dois Hipocampos - para esses pacientes ficam algumas lembranças do passado, seu presente é apenas aquele instante que você conversa com ele e o futuro não acumula acontecimentos para ser construído - para ir pescar, para ir ao Banco, para ir ao Shopping ou, amanhã, lembrar de consertar o chuveiro

domingo, 6 de março de 2011

Neurologia popular
O que interfere na tua emoção?


Nubor Orlando Facure


A tua personalidade - você é daqueles que se assusta atoa ? - neurotiza as situações?
Os teus nervos - um susto ti faz pular da cadeira
O teu corpo - uma cócegas ti põe a rir, uma dorzinha ti irrita, um empurrão ti chama para a briga, um tropeção ti faz blasfemar
Os outros - um encontro ou um desencontro ti alegra ou ti aborrece - o cobrador ou o carteiro?
As coisas - você acaba de achar as chaves do carro, não é um alívio?
O cachorro do vizinho - ele não rosna para ti?
Uma lembrança - era uma noite de Natal ....certo?
O tempo - a chuva amenizou o teu calor e quando a chuva passou você saiu de viajem, correto?
A comida - tu não suportas quiabo com polenta mas, nunca recusou aquela moqueca de peixe que a sogra faz, lembra disso?
O seu descanso - uma noite sem dormir ti arrebenta com os nervos
A fadiga - você está exausto, não suporta mais ninguém
As ondas - o som alto, o calor intenso, a luz vermelha piscando, o frio de rachar, o sol queimando a pele
Um arranhão na parede, uma mancha na roupa, um documento perdido, uma mentira, uma notícia ruim, uma menina pedindo esmola
Um trato desfeito, uma dívida esquecida, um amor que se foi, um filho que não chega, um salário que não basta
Alguém que explica tudo, o outro que sabe tudo e aquele que não ti deixa esquecer as contrariedades

O Mundo é totalmente frio sem emoção
Nossa Liberdade
Nubor Orlando Facure


Acreditamos piamente na nossa total Liberdade de agir
Defendemos com ênfase esse direito de sermos livres em tudo
Na verdade, nós raramente nos damos conta do quanto nossas atitudes nos escravizam
Assumimos compromissos no trabalho
Fazemos empréstimos no Banco
Escolhemos a vida de casados trazendo alguém para junto de nós dividindo nossas escolhas
Prometemos viajar com os filhos na próxima folga
Levamos relatório para fazer em casa
É fim de mês, teremos reunião do condomínio
A conta da água revelou vazamento, tenho de ver o encanador para providências
Comprei um livro novo há duas semanas, preciso de tempo para iniciar sua leitura
Em 15 dias tenho de tirar o passaporte para ir atrás do visto de viajem
Há 3 meses não visito os parentes, prometi para a semana que vem, sem falta
Tenho de ligar para o médico da minha esposa para agendar consulta em horário especial - dessa vez tenho de ir junto
Participo de um curso de aprimoramento, preciso me preparar para as provas

Viver é aprisionar-se aos outros

sábado, 5 de março de 2011

Você e o Mundo

Nubor Orlando Facure


Você pode fazer grandes negócios e enriquecer
Você pode fazer grandes obras e se projetar
Você pode adquirir grande poder e dominar
Você pode possuir vastas terras e governar
Você pode estudar muito e ser um grande sábio

Você e Deus
Mesmo pobre você pode consolar um amigo
Suas maiores realizações são conquistas invisíveis contra seus ressentimentos
Mesmo sem saber ler você pode ajudar apontando um caminho
Mesmo sem terreno algum você decide por todo lado onde meditar e orar
Sendo anônimo você tem mais amigos que inimigos
E só você está no governo das suas decisões

Jesus nos ensinou a fazer a escolha entre Deus e o Mundo para poder segui-Lo
Você e suas Emoções

Nubor Orlando Facure

É puro reflexo
O coração dispara quando você leva um susto
É automático
Você grita ou você pula se um “monstro” aparente ti ameaça - as vezes o monstro nem existe de fato, ficou só na ameaça
É Consciente
Você escolhe o que diz para revelar uma paixão.
Você tenta explicar o motivo de tanta alegria
Você quer provar que não estava com medo
Tenta racionalizar
O medo, a paixão, a raiva, as perdas, os encontros, a traição, a inveja, o nojo, a coragem, a aflição, tudo que nos afeta nossa presunção tenta justificar - desfazendo o vigor da emoção que nos subjugou - as vezes é melhor confessar nossas fraquezas e se render a elas.
“São tantas as Emoções” como são tantas as Teorias para explicá-las - fique com a sua ela é do jeito que só você sente
A Superfície das Coisas

Nubor Orlando Facure

A parede sustenta a casa, a pintura é só revestimento externo

O corpo sustenta a Vida, a roupa é só proteção superficial

A mesa da sala acomoda o seu jantar, o verniz é apena uma película na madeira

O livro tem conteúdo instrutivo, a capa só anuncia por fora

A estrada é longa mas, leva-me ao meu destino, o asfalto é só cobertura


A Superfície das Pessoas

Há muita gente rancorosa que usa a educação como máscara externa para disfarçar

Tem muita gente humilde e de bom coração que a apresentação despojada não deixa transparecer

Tem gente que exibe o Diploma para esconder o que não sedimentou nele mesmo

Ser bom é possuir um talento dentro de si, ser rico é possuir do lado de fora

Estudar e aprender são conquistas internas, mandar e exigir são poderes externos

Jesus também nos alertou sobre os sepulcros caiados e sua aparência apenas por fora

quarta-feira, 2 de março de 2011

O Serviço incompleto

Nubor Orlando Facure

Já mobilizamos dinheiro para ajudar um parente. Nos faltou um pouco mais de caridade para perguntar se a ajuda foi o suficiente
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Já ensinamos a nossa serviçal doméstica como servir nossas visitas. Nos faltou um pouco mais de humildade para usar palavras mais simples
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Já participamos das reuniões de serviço no nosso Templo de devoção. Mas nos faltou ter um pouco menos de orgulho para não nos sentir melhor preparado
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Já nos comovemos com amigos em sofrimento. Mas nos faltou um pouco mais de sinceridade nas palavras
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Já nos alegramos com o sucesso dos filhos na escola. Mas nos faltou um pouco mais de tempo e entusiasmo na comemoração
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Já demonstramos equilíbrio quando tomamos decisões importantes. Mas nos faltou um pouco mais de calma para esperar a decisão dos outros
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Já demonstramos solidariedade em diversas campanhas de ajuda social. Mas nos faltou um pouco mais de desprendimento e um pouco menos de interesse pessoal
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Já demonstramos satisfação com o sucesso de amigos. Mas nos faltou um pouco mais de calor no abraço e um pouco menos de inveja disfarçada
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Para Jesus bastaram 3 anos para ser completo em tudo