domingo, 6 de setembro de 2009

Hughlings Jackson. Uma visão neurológica



H. Jackson (1835-1911) nasceu na Inglaterra e trabalhou como neurologista no famoso National Hospital Queen’Square em Londres. Seu espírito de observação clínica foi tão extraordinário que nos faz pensar que ele nasceu muito adiante dos homens do seu século. Ele publicou cerca de 300 trabalhos expondo conceitos neurológicos precisos numa época em que nem o neurônio e nem a atividade elétrica cerebral eram conhecidos
Jackson, descreveu uma forma clínica de crise epiléptica focal na qual ocorre uma seqüência de contrações motoras que se iniciam na mão, sobe pelo braço, atinge a face e se propaga por toda uma metade do corpo. Nesta crise, hoje chamada de Jacksoniana, não ocorre a perda da consciência. Suas observações minuciosas foram feitas assistindo sua mulher que era portadora deste tipo de epilepsia. As crises têm origem a partir da região motora do lobo frontal e isto pode ser comprovado pelo próprio Jackson quando a sua esposa faleceu.
Analisando as manifestações clínicas de pacientes portadores de lesões nas regiões motoras do cérebro e de suas vias que se estendem pelo tronco cerebral até atingirem a medula espinhal, Jackson, elaborou o conceito de hierarquização da atividade motora. Ele afirmava que a lesão num determinado nível produziria a liberação das expressões motoras nos níveis abaixo da lesão. Consequentemente, uma lesão no cérebro, na região motora, levava a uma paralisia voluntária nos membros do lado oposto e, em contra partida, toda a atividade reflexa se exacerbava nestes membros paralisados. É a “exaltação dos reflexos”, que se comprova facilmente no exame neurológico destes pacientes.
Esta proposição de Jackson, em que ele sugere uma hierarquização funcional no sistema nervoso, é evidente quando se analisa a atividade motora voluntária, executada pelo sistema piramidal, a atividade automática, processada no sistema extra-piramidal e a reflexa que se expressa no sistema periférico.
Os reflexos musculares integrados a nível periférico, ficam liberados, o que quer dizer, exaltados, quando ocorre uma lesão que afeta as estruturas superiores dos sistemas piramidal e extra-piramidal.
O final de século vivido por Jackson, ainda mantinha viva uma sociedade organizada numa distribuição de poderes entre a nobreza e as demais forças políticas, refletindo, naturalmente, numa população carente de segurança e conforto para suas vidas.
Ocorrendo uma perturbação que desequilibrava essas forças políticas, as classes inferiores, se exaltavam, pondo à mostras suas maiores reivindicações. Este quadro social inspirou Jackson quando elaborou os princípios da disposição hierarquizada do sistema nervoso e o fenômeno da “liberação piramidal”.
Jackson via a organização hierárquica do sistema nervoso, expressa muito claramente nos três níveis da atividade motora: a voluntária, a automática e a reflexa. As lesões num dos níveis superiores produziam sua paralisia e facilitava a liberação das atividades inferiores exaltando os reflexos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário