domingo, 6 de setembro de 2009

Aleksandr Romanovich Luria. Uma visão neuropsicológica



Luria (1903-1978) é considerado por alguns como o expoente máximo da neuropsicologia do século passado. Ele estudou pacientes com perda da linguagem por trauma craniano provocado por ferimentos de guerra. Ao invés de considerar o cérebro como uma entidade única, postulava que o cérebro em funcionamento era na verdade “um sistema funcional complexo”, que abrange diferentes níveis e diferentes componentes, cada um dos quais oferecendo a sua contribuição própria para a estrutura final da atividade mental.
Na interpretação de Luria, “os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos e não estão “localizados” em estreitas e circunscritas áreas do cérebro, mas ocorrem por meio da participação de grupos de estruturas cerebrais operando em concerto, cada uma das quais concorre com a sua própria contribuição particular para a organização desse sistema funcional”. Resulta deste pensamento que “uma questão essencial deve ser descobrir as unidades funcionais básicas de que é composto o cérebro humano e o papel desempenhado por elas em formas complexas de atividade mental".
Luria sugeriu que “há bases sólidas para se discernir as três unidades cerebrais funcionais, cuja participação se torna necessária para qualquer tipo de atividade mental”. Ele considerou estas três unidades funcionais:

1 – Unidade para regular o tônus, a vigília e os estados mentais.
2 - Unidade para receber, analisar e armazenar informações.
3 - Unidade para programar, regular e verificar a atividade.

Cada uma dessas unidades básicas exibe, ela própria, uma “estrutura hierarquizada” que consiste no envolvimento de pelo menos três zonas cerebrais construídas umas acima da outra. Seriam as áreas primárias (de projeção) que recebem impulsos da periferia ou os enviam para ela; as secundárias (de projeção – associação), aonde informações que chegam são processadas, e, finalmente, as zonas terciárias (zonas de superposição) constituídas pelos últimos sistemas dos hemisférios cerebrais a se desenvolverem sendo responsáveis, no homem, pelas formas mais complexas de atividade mental requerendo a participação em concerto de muitas áreas corticais.

Um comentário:

  1. Aleksandr Romanovich Luria, foi mesmo um grande pesquisador e aplicador na prática, nesta área... O Homem com um Mundo Estilhaçado, me fez entender aspectos que nunca parei pra pensar, como nossa cognição e subjetividade está amplamente ligada inseparávelmente por controladores biológicos...Nosso cérebro é mesmo nossa máquina impulsionante e direcionadora de nós mesmos...

    Abraços Valdinéia
    valdineiabs@hotmail.com

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