André Luiz. Uma proposta de três andares para o cérebro.
Nos primeiros capítulos do livro “No Mundo Maior” André Luiz (psicografia de Chico Xavier), nos transmite uma análise do cérebro nos moldes da segmentação que foram apresentadas pelos autores que estamos revendo.
Além de destacar os três andares de atividade cerebral, apresentando uma divisão tanto anatômica como funcional André Luiz, nos chama a atenção para a possibilidade do indivíduo estacionar evolutivamente em um destes níveis, comprometendo seu progresso espiritual.
A partir de um quadro de obsessão, o instrutor Calderaro mostra à André Luiz as áreas de atividade cerebral que ele coloca em três níveis.
No polo frontal, estão sediadas as nossas atividades ligadas ao “ideal e a meta superior” a que estamos destinados a atingir. Ele se relaciona com nosso futuro espiritual. É a “casa das noções superiores”. Tem correspondência com a dinâmica do superconsciente. Para André Luiz, o pólo frontal ainda se mostra silencioso para as investigações da Ciência atual. Nele “jazem materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre de nosso organismo divino em evolução”.
Num andar intermediário estão as regiões motoras do lobo frontal. O córtex motor dos lobos frontais se relaciona com nossa atividade voluntária, que se referem ao momento presente. Esta função corresponderia ao plano consciente da terminologia freudiana. Aqui está o “domínio das nossas conquistas atuais”, esta área corresponde ao nosso “esforço e vontade”.
Nos andares inferiores, representados pelo “sistema nervoso” em geral, estão situados os nossos hábitos e nossa atividade instintiva. É “a residência dos nossos impulsos automáticos”.
No enredo do quadro descrito como pano de fundo, nos primeiros capítulos do “Mundo Maior”, um dos personagens comete um crime, matando seu patrão e se apoderando de suas propriedades. Perturbado pela vítima que o persegue vida à fora, o réu nunca se livrou dos sentimentos de culpa e tenta se compensar pela dedicação excessiva ao trabalho, tornando-se um vitorioso nos negócios de sua firma. Todo seu esforço foi centralizado no rumo que dava à sua vida para ter sucesso nos negócios.
André Luiz, então, nos chama a atenção para esta estagnação em um dos níveis da atividade cerebral.
No pólo frontal significa estagiar exclusivamente na atividade contemplativa, em que os ideais nobres são supervalorizados, o que nos cristaliza por significar, muitas vezes, uma vida sem produtividade.
No córtex motor, a fixação obsessiva pelo trabalho, nos impede de subir aos setores mais elevados da espiritualidade.
E uma vida automatizada, sem idéias e sem uma atividade produtiva nos estaciona nos instinto e hábitos animalescos.
Já apontamos no decurso das nossas ilustrações que, o instinto, mesmo sendo de importância fundamental para a sobrevivência e a procriação, não dispõe de flexibilidade para nos livrar de situações especiais quando o ambiente estabelece novas regras de relacionamento.
O ser humano apesar das grandes conquistas que a jornada evolutiva lhe proporcionou, ainda se detém de maneira imprudente nos estágios inferiores, fixados em hábitos e comportamentos instintivos ou cristalizados em automatismos.
Numa simples contrariedade no trânsito a maioria de nós se exaspera revelando toda ferocidade com que ainda se relaciona com o próximo.
A violência sexual não tem poupado nem a mulher nem a criança em qualquer latitude da civilização moderna.
A licenciosidade embriagou os jovens de hoje que desconhecem os limites do permissível. Para a maioria deles os valores morais são descartáveis quando evocam seus compromissos com a sociedade.
A ansiedade e o comportamento neurótico têm comprometido a paz até mesmo dentro de casa, fixando mães e filhos nas teias da obsessão.
A corrida atrás do dinheiro, do sucesso ou do poder tem afastado pais de família dos compromissos que a educação dos filhos exige.
Divergências religiosas entre povos que acreditam no mesmo Deus tem produzidos mais mortes que todas as guerras.
O ser humano atual iniciou seu processo social ha cerca de 200 mil anos. Do ponto de vista puramente anatômico, o cérebro deste homem primitivo já continha toda estrutura de neurônios que dispomos na atualidade. Isto quer dizer que ele poderia ser educado o suficiente para reconhecer os acordes de uma sinfonia de Beethoven ou os conceitos da física atômica. O que André Luiz nos garante é que no nosso lobo frontal já dispomos de material cerebral adequado para nos elevar a níveis mais altos na espiritualidade.
Devemos aguardar os próximos milênios para que esta elevação seja alcançada.
domingo, 6 de setembro de 2009
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