terça-feira, 19 de março de 2013

Fragilizando a garantia e atraindo a cobrança


Fragilizando a garantia e atraindo a cobrança
Nubor Orlando Facure

Marlene e Rosinha conversam no telefone - Uma noticia aqui outra ali e Marlene começa a criticar a vizinha Genilda – fala da roupa, do mal gosto das coisas da casa, até da cor das cortinas, da arrogância nas festas e solta a língua contando que a mãe de Genilda seria esquizofrênica, sempre escondida em casa ou internada em clínicas – as duas partem para o deboche e ridicularizam a pobre mulher.
As duas estão se comprometendo espiritualmente com a maledicência – cada uma tem sua família organizada, marido se esforçando no trabalho, filhos frequentando escolas e nunca faltou alimento e recurso na casa das duas. Elas não imaginam que seu bom comportamento tem mantido em permanente vigilância a proteção espiritual. Entidades ligadas ao amor fraterno acompanham e protegem as duas famílias nas doenças e dificuldades que todos enfrentam na vida. Mas, acabam de se comprometerem com a justiça e ética divina. Deixam abertas as portas para o assédio de entidades tão fofoqueiras e zombeteiras como elas. Ficam vulneráveis a receberem o troco com a mesma moeda. Mais dias ou menos dias as duas serão vítimas de escárnio público numa festa da família – vão jurar inocência e reclamar de injustiça


Fatos da mesma importância ocorre nos diversos ambientes da convivência humana
O chefe que assedia a subalterna
A patroa que humilha a empregada
O sócio que se apropria de dinheiro da firma
O político que se corrompe
A mulher que se vulgariza
O marido que desmerece a responsabilidade do lar
O aluno que burla as regras da escola

A cada deslize ou desrespeito ao próximo fragiliza nossa proteção espiritual suspendendo nossas defesas contra o assédio de obsessores que passam a ter direito de nos cobrar o que tomamos dos outros





quinta-feira, 14 de março de 2013

Os outros e nós


Os outros e nós
Nubor Orlando Facure


1 - Tereza estava feliz no aniversário de Verinha e jamais imaginou que ali estava mudando seu destino. Foi apresentada à Norberto Xavier, moço simpático, falante que logo começa a seduzi-la. Desse dia em diante os encontros se multiplicaram e Tereza confessa estar perdidamente apaixonada. Seis meses depois cheia de planos começa a se organizar para morar com Norberto. A família analisa com ela a gravidade da decisão sem conseguirem que a moça mude sua decisão. Norberto tem emprego sólido, é sincero, atencioso com ela e com todos da família.
Quinze dias antes da mudança vem a notícia. Norberto desiste dos compromissos com Tereza. O mundo caiu, Tereza perdeu o chão, hoje permanece internada em clínica psiquiátrica da região para se reabilitar

2 – Dona Geralda ficou viúva aos 68 anos após enfarte fulminante que levou subitamente o seu querido esposo, professor de matemática. O dinheiro da aposentadoria é pouco e Dona Geralda continua ajuntando uns trocados na costura de camisas para uma fábrica vizinha
Ha seis meses o sobrinho Diego foi lhe pedir dinheiro emprestado. Não custava nada a tia Geralda tirar seus cinco mil da poupança para que ele instalasse sua banca de jornais.  Hoje, Dona Geralda recebeu a visita da cunhada, mãe de Diego. Era tudo uma farsa, Diego usou o dinheiro para gastos supérfluos e viajou para o Rio de Janeiro. O cardiologista de Dona Geralda teve de aumentar toda medicação para controlar a pressão, respiração e urina da paciente fragilizada

3 – Seu Carlos começa a assustar a esposa com seus esquecimentos. Não se lembra dos óculos, dos recados e do nome de parentes. Depois, passa a dormir o dia todo e queixar de leve dor de cabeça. Foi levado a um médico que faz exames e dá um diagnóstico aterrador – existe um tumor maligno e seu Carlos terá muito pouco tempo de vida – a cirurgia não trará nenhum benefício e se a família aceitar a sugestão é melhor ir para casa e aguardar seu final. Todos se desesperam sem rumo. As lágrimas escorrem num choro contido e soluçante. Nisso, alguém faz um comentário – é melhor ouvir outra opinião – Dr. Arnaldo, médico mais velho e paciencioso, atende com calma e examina com cuidado os exames. Pede para repetir um deles e, na semana seguinte muda completamente o veredicto – é apenas uma inflamação e a cortisona vai produzir a cura.

4 – Seu João e Dona Zenaide vão até a imobiliária terminar os papéis de compra da casa. Um sonho que pretende concretizar com o dinheirinho que consegui guardar no trabalho árduo de pedreiro. Mãos calejadas, cicatrizes nos braços, coluna arqueada pelo peso das latas de concreto.  A felicidade de arranjar um lar que será seu é enorme. Tudo assinado, Seu Carlos faz o pagamento, assina as duplicatas e passa a aguardar a entrega das chaves. Um ano depois chega a informação da Prefeitura, a casa é uma construção irregular, seu Carlos foi maldosamente enganado pelo corretor. Terá de deixar para outra oportunidade seu antigo sonho. Ele na verdade não é proprietário de casa nenhuma. Zenaide e Seu João estão hoje no postinho de saúde do município marcando consulta para controlar o diabete e a pressão


Lição de casa
Norberto Xavier destrambelhou os melhores sentimentos de Tereza
Diego traiu a confiança da tia Geralda surrupiando a poupança da costura
Um médico inescrupuloso quase arrebenta com o futuro de Seu Carlos
Seu João e Dona Zenaide perdem todas economias que um corretor desbaratou com documentos falsos
Maiores ou menores infrações que podem passar inconsequentes pela justiça humana – mas, as Leis Maiores exigirão de cada um o acerto de contas no momento certo  

domingo, 10 de março de 2013

Corriqueiro mas perigoso


Corriqueiro mas perigoso
Nubor Orlando Facure

1 - Maria Joana trabalha como doméstica na casa rica de Dona Geralda, o marido adoece e ela tem de faltar cinco dias. No final do mês a patroa com voz grave faz a advertência: você faltou mais uma vez, vou lhe descontar esses cinco dias.
Velho obsessor que acompanha D. Geralda ha muitos anos fala aos companheiros: “tá na hora de produzir nova crise de vesícula para ver se essa megera aprende a ser mais generosa”
2 - Tonico é funcionário da Prefeitura, tem de despachar papéis de licenciamentos. Pela sexta vez Seu Candinho vai ver se estão prontos seus documentos para funcionar a cantina do colégio – nada feito, seu Tonico escondeu na gaveta trancada a chave e não deixa a papelada seguir em frente – pura implicância - Dia seguinte Tonico está no Urologista – junto dele o Espírito obsessor não desgruda da próstata – o médico diz que agora não tem jeito vai mesmo para cirurgia
3 -Tia Antônia sempre se implicava com o genro – nunca aprovou esse casamento – Mariazinha não teve forças e veio a separação – agora Reginaldo quer ver o filho, o Juiz autorizou – mas, Tia Antônia põe tudo que é obstáculo, inventa doença do menino ou viagem inesperada. Semana seguinte chegaram os exames de Tia Antônia, tem um Espírito  na casa que leu o exame antes - o coração ameaça enfartar vai ter de desobstruir coronárias
4 – Curso noturno Eusébio tem de trabalhar e sair correndo para escola – vez por outra chega atrasado e não é nada fácil suportar mais uma vez o “fígado” do Professor Aurélio – leciona Geografia, é mal humorado, nunca se satisfaz com as justificativas de Eusébio e não deixa barato as broncas que dá aos gritos no pobre Eusébio – os alunos não chegam a perceber a companhia espiritual que usa a garganta do professor ranzinza – mês seguinte uma rouquidão leva Aurélio ao Otorrino – está lá nas cordas vocais – um câncer se iniciando – vai para cirurgia e radioterapia – seis meses sem poder dar aulas


Ainda damos pouca importância a fatos corriqueiros da nossa vida, mas, é bom prestar a atenção no seu potencial de agravamento de nossa saúde – a porta pode se abrir para a obsessão com muita facilidade 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Os 8 pecados do esquecimento


Os 8 pecados do esquecimento
Nubor Orlando Facure

O Esquecimento:
Ninguém quer tê-lo, mas cada um tem um pouco,  todos o rejeitam, mas todos precisam mais dele do que imaginam – esquecer onde deixou o celular é terrível, mas, sem esquecer as magoas a vida seria um tormento – é quando a memória tiraniza

1 – A Temporalidade
O passar do tempo enfraquece a memória – já não me lembro onde ficava aquele pé de Jambolão que a gente subia para se esconder
2 – A rapidez
Certos fatos nos abandonam com extrema rapidez – quando cheguei à cozinha me esqueci do que fui fazer lá
3 – A Distração
Foi bobeira minha, eu me distrai com a televisão e esqueci de dar o recado, agora é tarde, ela já saiu de casa
4 – O Bloqueio
É meu nervoso, quando chego perto de você fico inibido e esqueço o que tinha de ti falar – parece-me dia de prova na escola
5 – A Confusão
“Misturei estação”, pensei que o recado era para a Geninha e eu devia ter falado é com a irmã dela, só depois me lembrei que era para guardar segredo
6 – A Sugestão
Você ficou falando da roupa dela e eu acabei comentando coisa que não devia, fui me lembrar daquela coisa horrível que ela estava vestindo no casamento e não me aguentei, tive de ti contar
7 – A Distorção
Naquela época a gente ouvia o futebol pelo rádio, o locutor nos produzia uma vibrante emoção. Hoje, podendo acompanhar os lances pela televisão é que percebemos o quanto o locutor distorcia os fatos
8 – A Persistência
Eu quero me lembrar de quem foi para a praia com a gente, mas, não me sai da cabeça a loucura que foi procurar o Pedrinho que tinha sumido na praia, pois todo mundo desesperado para encontra-lo.

domingo, 3 de março de 2013

"1848" uma simples coincidência


Lições de Neurologia
Nubor Orlando Facure

“1848”
Uma simples coincidência

Em Cavendishe:
Era 13 de Setembro de 1848 nas obras de construção da ferrovia numa cidadezinha nas proximidades de Boston, Phineas Gage, ao preparar o furo para dinamitar uma rocha, foi surpreendido pela explosão que lançou-lhe no crânio a barra de ferro que ele mesmo mandou construir de 1 Metro de cumprimento, 3 Cm de espessura e pesando 6 Kg  - a barra destruiu a porção anterior do seu lobo frontal esquerdo – o  quadro neurológico de Phineas Gage vendo sendo debatido até hoje – ele se tornou um paradigma do localizacionismo – teoria que defende que uma lesão em determinado local do cérebro produz sintomas específicos relacionados com aquela área – com o acidente o Sr. Gage não teve qualquer paralisia, conseguia trabalhar, conservou suas memórias, falava normalmente, mas, houve uma mudança significativa em sua personalidade – tornou-se desleixado, irresponsável, intolerante, impaciente, falava palavrões e obscenidades – foi mandado embora do emprego e nunca mais se estabilizou noutro lugar.

Hydesville
Era 31 de março de 1848 em Hydesville, um lugarejo perto de Nova York, três  meninas, Katherine, Leah e Margaret, começaram a ouvir pancadas (raps) nas parede daquela casa de madeira que vieram morar no ano anterior. Acabaram por estabelecer um código de comunicação e foram informadas que as batidas eram provocadas pelo Espírito de um vendedor ambulante  que se identificou como sendo Charles Rosma, e que, por causa de 500 dólares fora ali assassinado com um faca de açougue. O Dr. Charles contou, também, que fora enterrado com seu Baú na adega da casa. Seu corpo e o Baú só foram encontrados mais de 50 anos depois quando desabou uma parede falsa da casa, conforme noticiou o “Boston Journal” de 23 de Novembro de 1904. Esse episódio teve grande repercussão na época e sua notícia chegou até a Europa, principalmente na França onde, a partir de 1857 se estabeleceu com os textos de Allan Kardec, os princípios da comunicação com os Espíritos