sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Loucura e a vingança

Nubor Orlando Facure

Casa Branca

Dejanira é uma menina de 13 anos que, desde bebezinha, é criada pelos tios num sítio de Casa Branca. Ela, frequentemente, acorda gritando, se agitando, mostrando no rosto uma expressão de pavor. O médico diagnosticou terror noturno afirmando que, por enquanto não precisava medicação. Nos gritos que ela dava a noite era possível perceber uma voz feminina diferente da sua entremeio aos palavrões.

De um dia para o outro, sem qualquer justificativa, Dejanira acorda diferente, extremamente agitada, falando de maneira confusa, dizia que aquela não era a casa dela e que seu plano era matar Seu Jovino, tio de Dejanira. Tentando dialogar, usando de muita calma, Dona Odete, a sua tia é recebida com deboche e humilhada grosseiramente por Dejanira.

Levada às pressas para Ribeirão Preto, Dejanira foi internada com o diagnóstico de um surto psicótico. Sua internação durou 15 dias recebendo alta praticamente normalizada.

Em casa, ela passa todo tempo isolada no quarto e cinco dias depois o quadro reinicia com um nível maior de agitação. O Foco da sua agressão continua sendo o tio, que, gratuitamente ela xinga, as vezes lhe atira objetos pesados e fala sem parar em vingança

Em busca de paz

Seu Jovino e dona Odete são devotos de Santa Clara e, por conselhos de parentes realizam uma novena pedindo a cura da afilhada. Sem resultado algum, uma sobrinha de Jovino leva até a casa deles Dona Leonor, uma conhecida benzedeira da cidade. Orações e promessa não mudaram o curso do quadro de Dejanira que piorava cada vez mais. O jeito era voltar para a internação em Ribeirão preto

Franca do Imperador

A cidade de Franca não é distante de Casa Branca e, com a mesma facilidade que se vai aos recursos médicos de Ribeirão Preto pode-se ir até Franca onde existe um grupo espírita de renome. Ali, Dona Odete tem uma prima que, como é costume no interior, poderá acolher Dejanira enquanto ela se trata no Centro espírita.

Depois de dois meses de reuniões recebendo passes e frequentando a sessões de “desobsessão” , o quadro de Dejanira começa a amenizar-se

Através de médiuns manifesta-se o Espirito de uma jovem que justifica sua intenção de vingança cobrando “justiça” por parte de Jovino. Os dois estiveram juntos em outra vida quando ela, Deolinda Santos, filha de um rico português de São João Del Rei, lhe fora prometida em casamento. Num relacionamento impensado Deolinda, com 17 anos fica grávida e vê seu mundo desabar. Sua mente frágil não suporta a pressão social e ela “enlouquece” sendo internada num sanatório de Barbacena onde a medicação forte lhe faz perder a criança. Sessões seguidas de eletrochoque acabaram por deteriorar mentalmente Deolinda que depois de 20 anos em que permaneceu internada veio a falecer, completamente perturbada

Dejanira é essa filha que ela perdeu quando se internou em Barbacena. Seu intuito hoje é levar Jovino a morte para completar sua vingança.

A solução espiritual

Socorristas da espiritualidade, numa das manifestações de Deolinda a levam aprisionada para uma instituição educacional nas vizinhanças de Casa Branca. Dois anos depois ela foi levada a um reencarnação compulsória vindo à luz num parto complicado em que a mãe veio a falecer. No mês seguinte, nossa Deolinda está sendo acolhida como filha adotiva do casal Seu Jovino e Dona Odete trazendo, mais uma vez, a benção da reconciliação

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Desencotros

Nubor Orlando Facure

Plantão médico

Guilherminho, 32 anos, nascido e criado em cidade do interior onde é conhecido por todos. Fama de namorador, boa pinta, quando jovem, boa conversa e facilidades na vida que os pais sempre disponibilizavam para ele.

Hoje, já é conhecido como Dr. Guilherme, diretor da Santa Casa, obstetra, faz plantão na maternidade 3 vezes por semana. No plantão dessa noite está internada Zoraide, vinte e poucos anos, não fez pré-natal e informaram que passa a maior parte do tempo na rua, não tem residência fixa e vive da caridade alheia. Na verdade, apesar do desleixo na sua apresentação ela é mulher de traços bonitos, o que deve ter estimulado ser procurada por homens, sem escrúpulos, que nunca a respeitaram

O parto

Alta madrugada Zoraide está na sala de parto e aguarda a presença do Dr. Guilherme. Esse, agora a pouco, recebe um telefonema que lhe toma longos minutos no quarto dos plantonistas. Quando tem tempo para ir ver Zoraide essa está em situação critica, é feito uma cesariana as pressas, mas, Zoraide vem a falecer na sala de parto.

A criança torna-se o único ponto de apoio para Dr. Guilherme que daquele momento em diante vai acompanha-la por muitos meses. Recebeu o nome de Celeste de tal. Não havia sobrenome nos papéis da mãe. A esposa do Dr. Guilherme sugere adoção, mas, a burocracia dificulta e Celeste é encaminhada para uma família de Guarulhos.

As lembranças de Celeste

Quinze anos se passaram, Dr. Guilherme hoje mora em São Paulo, está separado da esposa e sofre de uma depressão crônica resistente a diversos medicamentos e tratamentos psiquiátricos

Por sugestão de colegas, ele vai consultar médica espírita treinada na realização de regressões que exploram referencias sobre vidas passadas. Os primeiros dois meses de terapia seguem um ritmo tradicional com diálogo ameno e sem compromissos maiores. Aos poucos, estabelecido determinado grau de empatia, Dr. Guilherme, se entrega a reminiscências que aos poucos lhe mostram episódios sugestivos de outras encarnações. Ali aparece nosso Guilherminho, jovem piloto da aeronáutica, conquistador inconsequente. Tem um relacionamento amoroso rápido com moça do interior que fica grávida. Desamparada ela faz uso de ervas para provocar o aborto e sofre morte angustiante intoxicada pelas drogas. Dr. Guilherme cai em prantos identificando nesse instante que é Celeste essa moça, e, ele perdeu a oportunidade de resgatar os débitos de sua cumplicidade quando ela cruzou sua vida como filha de Zenaide

Lição de casa

O Homem comum tem uma visão imediatista acreditando na solução fácil os seus problemas espirituais.

Na maioria das vezes nos comprometemos uns com os outros por vidas, umas atrás das outras, gastando séculos na busca do resgate que recompõe nossa jornada evolutiva

Peçamos a Jesus o amparo, mesmo que imerecido, para não esperdiçarmos nossos momentos de prova que possam significar nossa redenção

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Coma prolongado

Nubor Orlando Facure

Um acidente – São Paulo 2003

José Francisco passeia de bicicleta com as filhas e não percebe que a avenida está ficando cada vez mais cheia de carros. Tentando avisar as meninas acaba se descuidando e é atingido em cheio. Foi rapidamente internado, sofreu um trauma de crânio e está em coma grave na UTI de um hospital público.

Passam-se 15 dias sem que haja melhora alguma. A família o visita nos horários liberados pelo hospital e deixam extravasar a tristeza de verem um parente querido nessa situação.

O outro lado

Com o acidente José Francisco perde totalmente a consciência por 8 dias. Para os médicos ele aparenta ainda estar em coma quando na verdade já consegue perceber ruídos e imagens em volta de si. Tudo é muito estranho. Percebe aos poucos que está acamado e sob cuidados constantes de quem está ali cuidando do seu corpo. Ele descobre que, na verdade vive duas situações: ora confuso e sonolento dentro do corpo e ora, fora dele, vê outra realidade.

Quando os parentes se aproximam, sente toda emoção que eles expressam sem palavras. Sente necessidade de chorar junto e faz de tudo para que eles saibam que está vivo. Percebe lhe escorrer as lágrima e a respiração se tornar ofegante

Diamantina, Minas Gerais – 1890

Dois aventureiros seguem por uma trilha acompanhados por animais de carga. Transportam duas sacola com esmeraldas que escavaram nas frestas de uma pedreira.

No cair da noite, José Francisco que está ali vigilante, arquiteta o crime e põe fim a vida do companheiro Tonico Rosa. Vai desfrutar pelo resto da vida a fortuna que as pedra vão render na cidade.

A vingança

Fora do corpo Tonico nunca mais deu folga a José Francisco. Mais de um século depois é ele quem está ali na hora do acidente com a bicicleta. E é esse o tormento que José Francisco passa a refletir na internação da UTI.

Sem que os médicos encontrem qualquer explicação, José Francisco passa a apresentar seguidas convulsões que agravam cada vez mais o seu estado de coma

Finalmente a justiça

Nosso Tonico Rosa era natural de Cruzeiro do sul e estava em Diamantina em busca de riqueza quando sua vida foi interrompida pela ambição de José Francisco. Nessa ocasião Tonico deixou desamparadas a viúva e a filha recém-nascida – Valeria e Vitória.

Voltando ao Hospital - Tonico continua agredindo o cérebro de José Francisco que persiste convulsionando. Chega a hora de visitas e adentram no salão as duas filhinhas de José Francisco. São Valéria e Vitória que a Justiça Divina instalou no seu lar para receber de volta a herança a que têm direito

Assim que são reconhecidas, Tonico Rosa não contem o pranto convulsivo e sede aos apelos de entidade espiritual que o acolhe para uma instituição educacional na espiritualidade

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um alerta inesperado

Nubor Orlando Facure

Esmeralda Cantússio, rica proprietária de terras nas vizinhanças da Argentina, veio visitar uma amiga de infância em São Paulo, Vera Martiniano, que não se veem ha 8 anos.

O primeiro encontro é cheio de afirmações de amizade, fatos que testemunharam juntos e a troca de boas e más notícias que recheiam a vida de todo nós.

Esmeralda está muito bem de vida. A família está envolvida com mil ocupações, espalhando negócios de variadas empresas que movimentam. Mantem empresas de frigorifico, pomares de frutas, fazenda de trigo, beneficiamento de óleo vegetal, tecidos de algodão, exportação de carnes e outras tantas de menor calibre financeiro.

Contratempos não faltam, é claro. A dimensão dos negócios não permite descuido. Nunca é possível estar com todos familiares ao mesmo tempo. Tem sempre um filho no exterior, marido transitando por viagens intermináveis, corre corre para acudir a mãe doente e o irmão que entra e sai de internações para cuidar do alcoolismo.

Compromissos sociais

Na verdade, Esmeralda está em São Paulo para visitar lojas de roupas de marca para abastecer seu guarda roupa. Está com sua agenda de festas lotada e sua apresentação precisa estar sempre ao seu gosto

Dona Vera, ouve atentamente a amiga e assim que tem uma oportunidade historia suas atividades diárias. Cuida da casa atendendo as expectativas do marido, corre atrás das necessidades dos filhos que tem o talento de criarem um problema novo por dia. Mesmo assim, D. Vera é voluntária numa instituição espírita.

Exigências sem limites

Dona Esmeralda, por sua vez, continua falando da necessidade de mais dinheiro por conta da carestia, do desgaste com empregados que nunca atendem corretamente suas exigências, das lojas que nunca tem os modelos de trajes que ela procura. Mesmo que Vera lhe repita palavras de Jesus: buscai primeiro o reino de Deus e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo, a conversa não muda de rumo

Uma visita surpresa

Para ser educada, Dona Esmeralda cedeu ao convite de Dona Vera e foi com ela até ao Centro Espírita. Antes da distribuição das cestas básicas e da sopa, as duas assistem uma palestra evangélica e se inscrevem para uma consulta com Dona Aurora a médium da casa.

Notícias da médium

Aurora é médium sonambúlica, atende as pessoas sem qualquer ritual especial. Conversa com os interessados um a um, fazendo sugestões positivas, aliviando angústias, recomendando consultas com um médico e, as vezes, sugerindo uma medicação tipo natural. O mais surpreendente, é que Dona Aurora, as vezes, tem um desdobramento sonambúlico espontâneo, ali mesmo na frente de todos. Nesse dia, está diante de Dona Esmeralda e, usando palavras calmas e bem medidas, alerta nossa irmã de que está em curso uma doença grave que está progredindo em seu abdome.

Nada descreveria os sinais de descrença e medo a revelar todo o pânico de Dona Esmeralda

Duas semanas depois Esmeralda está em Porto Alegre sendo operada de um tumor maligno que invadia o seu rim direito. Pós-operatório, quimioterapia, irradiações e depois de um ano o óbito impiedoso.

Dois anos depois no Centro Espírita com Dona Aurora

Vera está ansiosa até que finalmente Aurora termina a psicografia com a carta de Esmeralda. Faz recomendações aos familiares e descreve todo o martírio depois da descoberta do câncer. Confessa que a maior intervenção que sofreu não foi nos rins, foi na própria Alma. Sentiu diversa vezes o peso do remorso e pode reavaliar seu sistema de valores, aprendendo o que realmente importa e o que devemos desprezar. Sua noção de tempo hoje é outra, sente o quanto perdeu tempo com futilidades e o quanto fez de exigências a certos comportamentos sociais que não tem o menor significado diante das verdadeiras necessidades do Espirito.

Hoje, está matriculada num Instituição onde passa por terapias, esforça-se para ser útil em qualquer serviço ao próximo e busca afoitamente todos os cursos de instrução sobre a nova vida que está desfrutando. Seu propósito agora é progredir espiritualmente e ser abençoada com a oportunidade de uma nova encarnação. Seus orientadores a tranquilizam quanto ao tempo, sugerindo que ela deve aproveitar esse próximo século para se preparar melhor para voltar a Terra com segurança