sábado, 23 de abril de 2011

A dor Moral e a dor dos outros
Nubor Orlando Facure


A Dor Moral - as dores da Alma

Ensina o caipira que a “dor moral” é aquela dor doida, de partir o coração. Na maioria das vezes ela é provocada por uma rejeição ou a perda de pessoas amadas. É uma “angústia social” na separação de um casal, uma “aflição” naquela Alma que desmorona quando o filho morre, uma “culpa que queima por dentro” quando a consciência acusa, um “desassossego” quando o erro foi descoberto.
Até mesmo entre os animais, quando separamos uns dos outros ou isolamos os filhotes da mãe, é possível ver o desespero e a vocalização de angústia que eles manifestam.
Já está demonstrado que a dor moral e a dor física mobilizam os mesmos sistemas neurais de enfrentamento:
Nos dois casos, tanto na dor física quanto na dor moral, é o giro Cíngulo que providencia as respostas adequadas às ameaças de dor - especialmente as vocalizações de angústia em casos de separação. Esses circuitos solicitam o mesmo sistema químico – a mobilização de opiódes ("a morfina do cérebro") nas sinapses neurais.
Essa "covalência" entre a dor moral e a dor física nos permite as seguintes observações:
1 - A dor física é exacerbada quando vem junto com dor moral e a dor moral é mais forte quando junto ocorre dor física - é o caso nojento da mulher que apanha do monstro que tem em casa
2 - O suporte social representado por apoio familiar ou ajuda de terapeutas especializados - reduzindo a dor moral, também reduz a dor física - é o que ocorre em pacientes terminais ou na vigência de câncer grave
3 - A medicação que serve para uma, também, serve para outra - é por isso que os antidepressivos aliviam a dor física e, analgésicos potentes como a morfina, aliviam a angústia moral

A Dor dos outros
Essa é uma experiência comum: perceber que há dor e sofrimento nas expressões de outra pessoa. A dor aguda é a que mais nos comove: alguém que se machuca com a faca ou que cai na escada quebrando um osso. Outras vezes, é a dor crônica do reumatismo que deforma os dedos da vovó ou a dor queimada do diabetes da esposa.
Nem precisa estar por perto, basta a notícia, a fotografia ou o Raio X do fêmur quebrado que já nos comovemos.
Pacientes com transtornos mentais, do tipo “bipolar”, podem ter excelente convívio social e até mesmo disputarem admiração pela inteligência e liderança que revelam, porém, frequentemente, não tem empatia com o sofrimento dos outros. As crianças com TDAH (Hiperativas), também são indiferentes ao choro do irmãozinho que acabaram de machucar.
Quem tem um animalzinho doméstico sabe muito bem o quanto ele se aflige quando o dono chora de dor - nosso gatinho, o Saíd, até sobe em cima da gente achando que pode lamber nossa ferida - chamo isso de “pet-apoio social”, que è extremamente eficaz para criança doente
Ver o outro sofrer uma determinada dor, por exemplo, torcer o pé, desencadeia as mesmas atividades no meu cérebro como se a origem da dor estivesse em mim. Ficam "aquecidos" o giro cíngulo e as mesmas áreas do córtex cerebral. Aquela mãe que diz que preferiria que a dor do filho fosse nela, já pode ter certeza disso: essa dor já é parte dela.

Um comentário:

  1. Ótimo. Agora passei a entender um pouco do que aconteceu comigo naquele dia. Estava eu com meu filhinho no hospital,era virada de ano; todos de férias inclusive meus pais viajando. Derepente me vi tendo que sair para aquele hospital com meu filhinho (Josué), ele havia caido e batido a cabeça, acho que o meu giro cíngulo já devia estar fervendo e eu estava tremendo; O menino com trauma lá dentro, e eu com trauma lá fora!.
    Pai e mãe viajando,e o fato de me sentir sozinho também mecheu com meus cabelos (perdi mais umas centenas de fios). Liguei para meu amigo, fazia tempo que não nos falavamos, mas eu sabia que poderia contar com ele.Bom ele me tranquilizou.
    Hoje já estou compreendendo a biologia da dor estou até com um pouco de gastrite nervosa, mas vou evitar de fazer tempestade em copo dàgua; só depende de mim mesmo....não é tudo que devemos levar para casa, deixa pra lá, nem tá doendo tanto; da pra relevar; o tempo cura; eu nem sou madame, é isso mesmo eu não sou..... ....não sou........é......... é.............. ..dificil......por mais que eu entenda a Biologia da dor a Saudade de vocês..verdadeiramente dói demais.

    Um abração e mil beijos.

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