Biologia da Dor (1)
Cada um imagina a sua própria dor
Nubor Orlando Facure
A dor física
Temos na região central do cérebro um grande Núcleo chamado Tálamo. Uma alfinetada, uma queimadura ou uma martelada no dedo levam dos nervos até ao Tálamo um impulso que diz que alguma coisa está errada conosco. Imediatamente essa informação é distribuída pelo Tálamo para 3 regiões:
1 – Para o córtex cerebral - mais especificamente na área sensitiva, chamada de Área 3a - ali fazemos a descriminação específica do agente agressor - uma agulha, a panela quente ou o martelo
2 – Para o giro Cíngulo - sentimos aqui o aspecto aversivo associado à dor - um desconforto, uma sensação desagradável, um incomodo que nos aborrece - O Cíngulo está implicado na motivação, na fome, na analise de uma recompensa, na atenção, na antecipação, na previsão de erros, no desejo sexual e no aprendizado que nos permite tomar medidas para evitar a dor ou até mesmo antecipar a dor que um estímulo vai nos provocar
3 - Na Ínsula - aqui se situa um sistema de controle corporal que nos informa sobre o bem-estar ou o desconforto por que passa nosso corpo - ela detecta que nosso organismo foi perturbado produzindo "marcadores somáticos" nos pontos onde o corpo foi afetado - e quando o corpo sente a emoção aparece, o que é o mesmo que dizer que, quando o corpo sofre a emoção reclama - uma ativação da Insula foi observada em diferentes “estados emocionais” como tristeza, cólera, ansiedade, pânico, desgosto, respostas subjetivas à música e o desejo sexual.
Lição de casa:
1 - Passar por uma experiência de dor implica em agregar informações físicas e emocionais. A enfermeira vai instalar o soro. Estamos com febre, o corpo dolorido e a hora da cirurgia se aproxima. A picada que a enfermeira precisa fazer nos pega em estado emocional claramente afetado, fisicamente estamos "a perigo" nosso sistema de alerta ligado - peço ajuda dos parentes que me apóiam – podemos chamar isso de “amparo social”. A irritação aparece quando já estou na terceira tentativa - na verdade, a picada da agulha dói muito pouco, mas, as circunstâncias do momento amplificam todas as minhas sensações.
2 - A personalidade e as experiências vividas anteriormente afetam nossas repostas a dor - um italiano, um irlandês ou uma Madame da alta sociedade reagirão de maneira diferente quando o dedo queima na panela
3 - No título dessa página fiz uma afirmação que costumo repetir aos meus pacientes - "sua dor é a imaginação que você faz dela" - não é fácil eles aceitarem isso diante de uma coisa que lhes parece tão real e tão perturbadora – releiam com cuidado toda fisiologia que descrevi acima e vocês vão concordar comigo.
4 - Quando pergunto se “injeção dói? “- a reposta de um homem é totalmente diferente do que dizem as mulheres - no que se refere à Dor, é pura imaginação achar que somos nós o sexo forte - pobre dos homens
sexta-feira, 22 de abril de 2011
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