sábado, 14 de março de 2009

Entrevista à Revista Internacional de Espiritismo

RIE
QUANDO FOI FUNDADO E A QUE SE DESTINA O INSTITUTO DO CEREBRO DE CAMPINAS ?

O Instituto do Cérebro foi fundado em 1987 com o propósito de integrar profissionais das áreas de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia interessados em estudar o dilema da interação cérebro - mente tendo como paradigma a existência da alma. Com isto, permitimos que nossos profissionais e nossa clientela se sintam sem compromissos com as exigências acadêmicas que nos impede de se explorar por inteiro a transcendência do ser humano.

RIE
O INSTITUTO É UMA ENTIDADE ESPIRITA ?

Como Instituição não. É uma Clínica de Neurologia com os registros profissionais e sociais pertinentes à atividade médica tradicional.

RIE
E O SR É ESPIRITA ? QUAIS SÃO AS SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS ?

Sou espírita desde os sete anos de idade, tendo recebido esta orientação dos meus pais freqüentando centros espíritas de Uberaba onde nasci. Formei-me em medicina, também em Uberaba e, me especializei em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas de São Paulo. Fui professor nesta área, na UNICAMP, durante 30 anos tendo me aposentado em 1995 como Professor Titular de Neurocirurgia. Atualmente me dedico em tempo integral às atividades neurológicas do Instituto do Cérebro. Em todas atividades que exerci, particularmente como professor universitário, tive oportunidade de expressar com sinceridade e clareza meu pensamento espírita especialmente quando se tratava de analisar o porque do sofrimento humano. Trabalhando na neurologia com o cérebro e as doenças mentais, não ha como não se comprometer a importância e a segurança do espiritismo no esclarecimento da complexidade da mente e seus distúrbios.

RIE
COMO É FEITA A INTEGRAÇÃO MENTE CÉREBRO --CORPO/ESPIRITO ?

A Neurologia de hoje ainda não tem uma interpretação adequada para este dilema. Na interpretação oficial, acadêmica, a mente, é um simples produto emanante da atividade cerebral. É como se exigir que o relógio funcionando pudesse ser responsável pelo tempo. Neste sentido, o espiritismo fornece um paradigma mais adequado, não só por readmitir a mente como expressão do espírito, mas também por esclarecer que entre o cérebro e a mente existe um elemento intermediário, transdutor desta interação, que é o perispírito. A participação do perispírito permite a compreensão adequada para os fenômenos tanto dos que se processam no cérebro como, dos que emanam do espírito. O Livro dos Médiuns, o Livro dos Espíritos e as obras de André Luiz são definitivas para o esclarecimento destas questões.



RIE
NEUROLOGICAMENTE FALANDO COMO SE PROCESSA O FENOMENO MEDIUNICO ?

Allan Kardec reafirma várias vezes no Livro dos Médiuns que o fenômeno mediúnico se processa no cérebro do médium e sempre com a participação deste.
Como neurologista, posso, com a cautela necessária, sugerir que o fenômeno mediúnico é um processo de automatismo complexo, realizado através do cérebro do médium, sob a atuação de entidades espirituais que se sintonizam com o médium. Dispomos no nosso cérebro de centros de atividades automáticas para as diversas atividades motoras que nos permitem, por exemplo, falar fluentemente, escrever rapidamente, pintar ou dedilhar um instrumento musical. Estas áreas expressam suas atividades com pouca participação da consciência. Nenhum de nós quando fala, escreve ou digita um computador, precisa se deter para escolher letras , palavras ou frases. Uma vez estando treinados, este processo flui rapidamente pela nossa voz quando falamos ou pelas nossas mãos quando escrevemos. Desde que o médium possa deslocar seu foco de consciência, o espírito comunicante pode se ocupar dos núcleos de atividade automática do cérebro do médium e fazer transcorrer por ali os conceitos da sua mensagem. Esta interpretação traz diversos outros desdobramentos que, uma entrevista como esta, não tem espaço suficiente para discorrermos, mas, vale a pena meditarmos sobre eles.

RIE
E A OBSESSÃO ?

Acreditamos que a obsessão está presente numa grande maioria das perturbações da mente. As idéias fixas, as exigências sistemáticas que fazemos para nossos privilégios, os desvios de comportamento que nos conduzem à violência e à agressão contra o próximo, as querelas do dia a dia dentro ou fora de casa, são portas abertas para os processos de obsessão. E, é através do cérebro, perdendo o controle da nossa capacidade de decidir ou cedendo forças aos nossos instintos primitivos é que seremos dominados pelas entidades comprometidas com nosso passado.

RIE
QUAL O PAPEL DA EPIFESE ( OU GLANDULA PINEAL ) NESSES FENOMENOS ?

André Luiz destacou mais de uma vez a importância da pineal na sintonia da mente entre o médium e o espírito comunicante. A ciência neurológica, por enquanto, descreve a pineal com uma glândula de localização profunda no cérebro, relacionada com a pigmentação da pele, com o ritmo circadiano (dia e noite) e com o despertar do desenvolvimento dos caracteres sexuais genitais. Tem-se escrito muito sobre a melatonina secretada pela glândula pineal. Este hormônio tem uma ação relaxante, tranqüilizante, discreta o que tem servido para que, na literatura leiga, se propague uma série de propriedades que a nosso ver são balelas e panacéias sem fundamento.

RIE
EXISTE REALMENTE ANIMISMO NO FENOMENO MEDIUNICO ?

Conforme dissemos acima, o fenômeno mediúnico, de efeito intelectual, se processa através do cérebro do médium. Isto implica em que sistematicamente, em toda manifestação mediúnica ocorre uma co-autoria no conteúdo da comunicação, independentemente de estar o médium consciente ou não de sua participação ou interferência. É clássico se dizer que em todo fenômeno mediúnico existe animismo ,assim como, em todo fenômeno anímico existe assistência espiritual, portanto, também um processo de mediunismo.

RIE
QUAL A EXPLICAÇÃO PARA AS CHAMADAS “ EXPERIENCIAS FORA DO CORPO “ ( OBE-OUT OF BODY EXPERIENCES ) ?

A literatura espírita é riquíssima em relatos de médiuns que vivenciaram estas experiências e muitos livros foram ditados a estes médiuns a partir destes desdobramentos conscientes do corpo espiritual. Psiquiatras americanos tem propagado as descrições destas experiências, cativando um público muito grande, seduzido por expressões novas, mas, que em sua essência nada acrescentam ao que já se conhece com mais profundidade nos livros espíritas como, por exemplo, os da excelente médium Yvone Pereira ( Memórias de um suicida, Recordações da Mediunidade, Devassando o Invisível, Nas telas do Infinito ).
O espírita estudioso sabe que estes fenômenos são perfeitamente possíveis quando se aprende que o perispírito pode se desprender com mais ou menos facilidades dos laços que o prende ao corpo e se deslocar vivenciando o cenário do mundo espiritual. Em algumas pessoas esta vivência pode se tornar consciente e se fixar nos centros de memória do cérebro físico. O que lhes permite descrever, com a capacidade que cada um tem de interpretar o que vivenciou, a experiência que teve “do outro lado” da vida.

RIE
E PARA OS CHAMADOS EQMs ( “EXPERIENCIAS DE QUASE MORTE “) ?

Pacientes vítimas de traumatismos cranianos, de parada cardíaca ou de acidentes anestésicos ao recuperarem a consciência tem referido percepções de cenários fora da realidade física onde se localizavam. Freqüentemente descrevem atravessar um túnel e posteriormente visualizarem lugares luminosos onde podem estar presente familiares ou possíveis entidades espirituais que os confortam, amparam e os estimulam a retomarem o corpo para continuarem a existência na Terra. Possivelmente estes indivíduos podem estar com seu cérebro alterado quimicamente pelo trauma ou por drogas usadas na ressuscitarão e de alguma maneira estas mudanças químicas facilitem sua excursão, quase sempre de curta duração, pelas dimensões do mundo espiritual.


RIE
QUAIS SÃO AS NOVIDADES NA ALIANÇA ENTRE A MEDICINA E O ESPIRITISMO ?

Na busca do Homem integral, o Espiritismo permite à Medicina, inserir em seus conceitos a existência da Alma e do corpo espiritual, da dinâmica das vidas sucessivas, das leis de ação e reação em termos morais para justificar as causas dos nossos sofrimentos, a importância do nosso equilíbrio mental através da boa conduta e da oração, o significado das leis de evolução biológica e espiritual, esclarecendo que todos estamos predestinados à perfeição na medida do nosso esforço individual para dominarmos nossas más tendências e que a doença é um processo de resgate do equilíbrio com nossas necessidades espirituais e uma oportunidade de iluminação e crescimento.
Temos visto nos últimos anos um interesse crescente por temas ligados à doutrina espírita, mesmo no meio universitário onde, freqüentemente, ha uma certa rejeição aos conceitos
espiritualistas.

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