A Dimensão
Espiritual e a Saúde da Alma
Nubor
Orlando Facure
As organizações médicas de hoje definem a Saúde como
um bem estar físico, psíquico e social – e alguns grupos médicos passaram a
incluir o elemento espiritual nessa definição.
Uma das situações mais graves por que
passa a humanidade nos dias de hoje é a doença social nos seus múltiplos
aspectos. A fome, a violência, a intolerância religiosa, o preconceito social
com seus inúmeros matizes e toda sorte de mazelas que, freqüentemente, nos
colocam uns contra os outros. Se lançássemos mão dos recursos tecnológicos que
já dispomos, não teríamos porque conviver com a fome e com inúmeras doenças que
já sabemos como nos prevenir e tratar. Ainda não sabemos ser solidários uns com
os outros para distribuirmos os recursos necessários para o bem estar de todas
as nações e ainda não aprendemos a reconhecer que o Homem é a causa do seu
próprio sofrimento.
Quase sempre procuramos encontrar do lado de fora a origem das
nossas doenças, sem olhar por dentro e perceber que foram as nossas próprias
escolhas que traçaram o rumo que a vida parece nos levar. São poucos os que se
empenham em abandonar os pequenos vícios, em ajustar os comportamentos afetivos
evitando magoar os familiares mais próximos, e quando mal percebemos estamos às
voltas com a úlcera, a hipertensão, a diabete ou as dores reumáticas.
É urgente reconhecermos que todas as
doenças, no fundo pertencem à Alma, são produtos da nossa mente antes de se
expressarem no corpo físico que as reflete.
Por outro lado, as doenças não podem ser vistas como castigo ou
punição. Precisamos descobrir em todas elas uma oportunidade de recomposição
das nossas energias espirituais e reconstrução do perispírito que nossa
irresponsabilidade permitiu ultrajar.
Todos nós nos posicionamos ansiosos para curar qualquer mal
estar que nos afeta. Lamentamos e fazemos mil promessas de renovação diante de
uma ou outra doença mais grave. Nos esquecemos, porém, que mais importante que
a cura é a iluminação do espírito, seu crescimento diante da dor, avançar
espiritualmente é tão importante como sarar as moléstias do corpo. As
dificuldades com as doenças são provas que nos aprimoram ensinando-nos a
superar obstáculos. O aprendizado diante das doenças é extraordinário quando
sabemos identificar suas lições.
Não propomos qualquer atitude de
estoicismo para suportar resiguinadamente as dores que nos afetam. O sofrimento
oferece a oportunidade de superação e de autoconhecimento, é essa a lição que
está subentendida nas dificuldades que as doenças nos faz percorrer.
A
dimensão espiritual
A
Espiritualidade pode ser percebida pelo ser humano dentro de dois contextos:
1 - Uma manifestação subjetiva que o faz
crer em sua transcendência
2 - Uma dimensão objetiva situada além dos limites que seus sentidos sugerem.
Uma
avaliação científica destes dois domínios ainda esbarra nos preconceitos
religiosos e nas ilusões de teorias pseudocientíficas.
Admitindo
um paradigma espiritualista, devemos considerar que o ser humano é uma entidade
espiritual, sua Alma é imortal e atua e dirigindo toda fisiologia do corpo
físico. Esta atuação se exerce através de um corpo intermediário, denominado de
corpo espiritual ou períspirito, o qual, estabelece sintonia vibratória com o
corpo físico.
A Alma é
livre para transitar pelas dimensões do mundo espiritual mantendo uma ligação
mais ou menos parcial com o corpo físico e a morte significa a rotura
definitiva desta ligação.
A Alma
desencarnada passa a conviver no mundo espiritual com outros Espíritos que a
precederam no desencarne. Por sua vez, os Espíritos desencarnados participam e
atuam constantemente em nossas vidas conhecendo e interferindo intimamente em
nossos pensamentos e decisões.
A
partir destas afirmações, que consideramos fundamentais, podemos enumerar
diversos campos de pesquisa que usando metodologia científica podemos
investigar:
1 - A psicometria da
espiritualidade
2 - As
doenças espirituais
3 - As
crises psíquicas
4 - Os
desdobramentos patológicos
5 - A noção
de uma presença
A Espiritualidade
A dimensão espiritual que está implícita na
natureza humana é aceita por uns, mas, não por outros. Aquilo que permite
alguém ter acesso a esta dimensão poderá não ter nenhum significado para aquele
que não admite a sua existência. Cada indivíduo pode ser caracterizado, por sua
religiosidade,
suas
crenças particulares e práticas relativas a sua religião, sem, no entanto,
manterem um vínculo elevado com a espiritualidade.
A vivência espiritual comumente é uma experiência subjetiva,
individual, particular, que algumas vezes pode ser compartilhada com os outros.
Algumas pessoas experienciam sua espiritualidade como um assunto altamente
pessoal e privado, focalizando elementos intangíveis que os suprem de
vitalidade e grande significado em suas vidas. Espiritualidade não envolve
religião necessariamente.
Cada pessoa
define sua espiritualidade particularmente. Ela deve ser vista como um atributo do indivíduo dentro de um
conceito complexo e multidimensional. Possivelmente tem alguma coisa a ver com
caráter, com personalidade e com cultura.
Para uns, a espiritualidade se manifesta
ou é vivenciada em um momento de ganhos materiais prazerosos tão simples como,
pisar na relva descalço ou caminhar pela noite solitário, para outros, será um
momento de contemplação, de meditação, uma reflexão profunda sobre o sentido da
vida, uma sensação de íntima conecção com o que pensa amar ou um contacto
psíquico com seres espirituais.
Psicometria da Espiritualidade
Podemos perceber que a espiritualidade se manifesta em três domínios
pelos quais poderemos sistematizar sua avaliação
com critérios científicos: os domínios da “prática”, das “crenças” e o
da própria “experiência espiritual”.
Na “prática”,
quando se exercita a contemplação, a meditação, a prece ou uma atividade de
culto religioso. Esta participação prática pode ser individual ou em grupo.
Pode ser expontânea e informal como a que cada um pode realizar na intimidade do seu lar ou pode
seguir os rituais ou a liturgia das casas de oração que as diversas igrejas
construíram para o encontro com seus fiéis.
O domínio das “crenças” espirituais varia com a cultura dos povos e inclui a
crença na existência de Deus, da Alma, da vida após a morte e da realidade da
dimensão espiritual para além do nosso
conhecimento sensorial e intelectual. Está ligada à fé de cada um e nenhum
outro pode aquilatar a sua extensão.
Por fim, no domínio da “experiência
espiritual” há uma série enorme de situações que parecem sugerir “contacto
direto” com a espiritualidade. Incluem-se aqui, por exemplo, aquelas vivências
rotineiras, representadas pelo encontro íntimo e pessoal que cada um faz com o
transcendente e o sagrado. É o diálogo interior que cada um faz com o seu Deus
ou com quem o representa. Outras
“experiências” incluem aqueles quadros freqüentemente mais dramáticos, quase
sempre súbitos, acompanhados de forte transformação
pessoal que se seguem a um acontecimento psíquico marcante na vida. São casos
de envolvimento dramático com acidentes ou situações de alto risco como uma
cirurgia cardíaca nas quais o paciente sentiu a ameaça de morte eminente. De
maior expressividade ainda, incluem-se , entre outros, os relatos de “experiências
de quase morte” (near death experience)
e as “projeções fora do corpo físico” (out of body experience) nas
quais, o indivíduo transita com sua consciência por outras dimensões,
vivenciando a plenitude da vida espiritual .
A Mediunidade
Podemos afirmar que, em
termos de “experiência espiritual”, nada supera a mediunidade. Entre nós,
parece que a espiritualidade convive dentro de casa dirigindo cada passo de
nossas vidas. Pelos nossos médiuns, os recados do outro lado tem sido tão
freqüente, que as portas da morte não isolam mais nosso contacto com os que
mais amamos. Estamos diante de um “campo de experimentação” extraordinário onde
é corriqueira a comprovação da intercomunicação entre nós e o “outro lado da
vida”.
Doenças
Espirituais
Assim como a saúde tem a ver
com espiritualidade, a doença também tem ligação estreita com ela. Pode-se
dizer, na verdade, que toda doença tem uma razão ou uma motivação espiritual.
Dentro de um critério que leva em conta a fisiopatogenia das doenças, estamos
propondo os seguintes grupos de doença que se expressam como decorrentes de
processos espirituais:
1 – Doenças
espirituais auto-induzidas
a
- Desequilíbrio vibratório
b
- Auto-obsessão
2
- Doença espirituais compartilhadas
a
- Vampirismo
b
- Obsessão
As doenças espirituais
auto-induzidas são decorrentes de dois mecanismos fisiopatogênicos: A
perturbação na sintonia entre o corpo físico e o corpo espiritual, produzindo
sintomas decorrentes deste desequilíbrio vibratório e, a criação de
idéias-formas, elaboradas pelo psiquismo doentio, que perturbam o indivíduo às
custas do domínio que estas idéias fixas provocam.
Nas doenças compartilhadas
ocorre a parceria ou a interferência de outra entidade espiritual. No
vampirismo, esta outra entidade espiritual usufrui junto de sua vítima, dos
prazeres que atitudes viciadas facilitam, como no uso de drogas, do fumo, do
álcool, dos excessos alimentares e dos abusos sexuais.
Na obsessão ocorre uma
interferência ou um domínio de uma entidade espiritual sobre suas vítimas,
devedores ou comparsas.
Crises
psíquicas
Em função de alterações,
principalmente nas regiões temporais do cérebro, certos pacientes podem
manifestar as chamadas crises psíquica, nas quais eles descrevem vivências subjetivas
que tem estreitas ligações com o conteúdo das descrições que os místicos fazem
da espiritualidade. Assim é que eles descrevem crises nas quais estão alterados
para eles, o tempo, os objetos, a realidade, o pensamento e as sensações. Estas
descrições são com freqüência superponíveis ao que informam os místicos quando
falam sobre sus percepções sobre o
tempo, a essência dos objetos e a noção de realidade quando transitam pelas
dimensões espirituais.
Desdobramentos
patológicos
A narcolepsia é uma condição
patológica do sono conhecida há mais de um século pelos neurologistas. Estes
pacientes fazem relatos de situações vividas durante o surto de sonolência com
descrições ricas dos ambientes que transitam durante estas perturbações. A
neurologia clássica costuma rotular estes estados de “alucinações hipnagógicas”
sem se deter em examinar mais cuidadosamente a possível “realidade” dos
episódios vivenciados durante o sono destes pacientes. Na nossa avaliação eles
têm muito a nos ensinar sobre as dimensões que compões a espiritualidade que
nos envolve.
A noção
de uma presença
Pode-se dizer que é uma
constatação corriqueira a possibilidade de se perceber uma outra “presença”
perto de nós. Esta sensação é freqüentemente vaga, de curta duração e na
maioria das vezes não se deixa confirmar.
Situações acidentais
ou de doenças tem revelado esta sensações de outra presença com mais
intensidade. Assim é que pessoas que se perderam no deserto, em alto mar ou em
florestas, tem relatado que num determinado momento se viram como que ajudados
por “uma presença”
que lhes indicava o melhor caminho a seguir. Na epilepsia, em portadores de
foco nos lobos temporais, também é freqüente o relato de uma presença que se
aproxima, às vezes com a idéia de dar uma proteção, momentos antes de ocorrer a
perda da consciência que configura a crise epiléptica.
Creio eu, que a Medicina
materialista dos dias de hoje, precisa abrir-se em busca das causas profundas
do nosso sofrimento. Nenhum dos recursos da tecnologia será avançado o
suficiente para nos esclarecer, onde está a justiça que distribui tanta dor
para uns e poupa outros. A existência da Alma, sua imortalidade e os
fundamentos da reencarnação precisam fazer parte, doravante, dos textos que
preparam os médicos para o futuro.
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