quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Como abordar a mente ?


Como abordar a mente ?
 Nubor Orlando Facure


No analista
Soraia acaba de entrar no consultório do psicanalista completando um ano de tratamento. Filha única, criada sob os olhares da proteção familiar, prestigiada com estudos em escolas particulares, nunca poderia reclamar de desamparo ou falta de carinho por parte dos pais. Como então justificar tanta insegurança, tanta insatisfação e, se tinha tudo para ser feliz, que tipo de ajuda o analista poderia lhe oferecer?
Na verdade ressente não ter tido um relacionamento sério, percebe um certo vazio quando pensa no futuro e ainda não se definiu profissionalmente.
Por onde o analista deve começar ?


No neurologista
Verônica deu muito trabalho para nascer, os médicos a mantiveram na “estufa” da maternidade por dois meses. Demorou para andar, demorou para falar e aprendeu com muita dificuldade suas primeira letras. Aos 9 anos começaram sua história de convulsões e isso a fez passar por 3 ou 4 neurologistas cada um deles fazendo trocas desastrosas de remédios – era sempre uma fase de adaptação com piora das crises
A partir da adolescência começam os dissabores na escola, na família e no condomínio onde moram. Ela tem rompantes de agressividade, não obedece nenhuma regra social, escolhe criança mais novas para brincar e depois as agride incomodando os pais. Seu sonho é conhecer os ídolos do futebol e da música sertaneja – tem coleções de fotos de cada um “que ama de paixão”
Examinando sua aparência percebe-se uma mistura de roupas coloridas e mal combinadas, um batom forte, bijuterias baratas exageradamente distribuídas.
Nas festas familiares ela tem sempre “um moço mais velho com quem ela se engraça”, aluga para conversar sem se dar conta das suas inconveniências e infantilidades
De que doença ela padece ?
Que fenômenos mentais ela manifesta ? 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Deuses de barro


Deuses de Barro
Nubor Orlando Facure


O psiquismo humano não suporta o desamparo
Seu maior referencial para apoio de suas dependências emocionais continua sendo os seus Santuários, seus Totens e seus Deuses
Mesmo para sociedades mais esclarecidas, onde um Deus único e verdadeiro é aceito e cultuado, ele persiste criando “deuses de barro”
A Medicina oferece um campo vasto para essa criação por trazer ao seu encontro o sofredor doente, impotente e desesperado – ele ignora sua própria força e procura  do lado de fora sua tábua de salvação
É por isso que:
Algumas doença foram para o altar – temos de lhes prestar reverências, levar nossas dádivas em seu sacrifício, submetermos às suas dietas e temer seus sortilégios – “sacralizamos” a Doença de Alzheimer, a Esclerose múltipla, a Bipolaridade e a Hepatite C e “demonizamos “ a AIDS e a droga adição
As doenças ficaram mais importantes que seus próprios doentes
Não usamos mais as “poções” dos Alquimista, estamos endeusando Ômega 3 , cogumelos e plantas emagrecedoras
A atuação dos deuses agora se faz com o Lazer, com a fibra óptica e com a cirurgia robótica




sábado, 15 de dezembro de 2012

O Paradígma Médico


O  Paradigma Médico
NUbor Orlando Facure

O atual modelo de atender um paciente e aplicar um tratamento médico está sofrendo um tremendo desgaste por insuficiência no atendimento e desastres chocantes na aplicação dos procedimentos médicos. Isso precisa ser encarado com seriedade, mas, sem pânico, porque a eficiência médica na atualidade, é tremendamente superior ao que era disponível ha poucos anos atrás.

Creio que já estamos suficientemente maduros para repensarmos um outro paradigma para a medicina

A título de especulação filosófica faço as seguintes considerações:

1 – A Medicina não é propriedade dos médicos
2 – O saber médico deve ser divulgado com a mesma amplitude que é disponibilizado todo conhecimento científico
3 – O que se reserva exclusivamente ao médico é o Ato Médico, que precisa ser claramente regulamentado
4 – O médico deve ser preparado para transmitir o mais claro possível as informações científicas sobre a doença do paciente.
5 – Multiplicar as clínicas de Medicina Alternativa pode contribuir para reduzir o caos na saúde, principalmente nas famigeradas filas de espera dos convênios e institutos de saúde
6 – A superespecialização médica é melhor para a doença que para o doente
7 – O tratamento médico não precisa ser exclusivamente individualizado, ou seja, um doente de cada vez. Pneumonia, meningite, fraturas, merecem um olhar caso a caso. Asma, gripe, diabete, pressão alta, depressão, podem formar grupos de atendimento e orientação preventiva
8 – Um algoritmo inteligente aplicado na seleção dos pacientes, pode ser melhor que os antigos sistemas de triagem e de central de vagas
9 – O atendimento multiprofissional geralmente inclui médicos de diversas especialidades. Ele precisa ser aberto para a inclusão de profissionais de outras éreas como fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, acumpunturistas , magnetizadores que por sua vez obedeceriam um algoritmo de atendimento – pacientes já diagnosticados não precisam sobrecarregar o consultório médico
10 – É incorreto e contraproducente o exagero da “medicalização” de problemas sociais ou educacionais. Abusamos no encaminhamento de crianças com problemas pedagógicos ou conflito familiares que excepcionalmente tem causa médica
11 – Os médicos, estimulados pela mídia, construíram uma neurose de exames periódicos induzindo, até com certo alarde, que todos precisamos rotineiramente examinar a pele, a mama, os olhos, a próstata, a tireoide e agora os neurônios, como se para todos estivesse reservado uma doença surpresa que a qualquer momento vai se revelar
12 – finalmente, uma mensagem filosófica – seu melhor médico é você mesmo – use mais seus recursos mentais e todos aqueles que a Natureza lhe oferece

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O sacerdócio da Medicina


O sacerdócio da Medicina
Nubor Orlando Facure

Campinas, HC da UNICAMP

Fui professor na UNICAMP 30 anos – praticamente desde seus primeiros anos na Velha Santa Casa (1966 – 1996). Costumo dizer que vivi a fase romântica da UNICAMP e da Medicina. Não é saudosismo, é agradecimento a Deus pela oportunidade abençoada de assumir o compromisso de aliviar o sofrimento de tanta gente.
Ha alguns anos atrás encaminhei ao Pronto Socorro do Hospital das Clínicas um paciente com um tumor cerebral recomendando internação urgente. Diz a família que o chefe do Plantão falou que Dr. Nubor não manda mais aqui e que não iria internar.
Essa semana tentei de novo - encaminhei um outro paciente que ha 20 dias vinha paralisando e adormecendo rapidamente as mãos e os pés. À qualquer momento poderia comprometer a respiração. A resposta no Hospital das Clínicas: Dr. Nubor sabe que para internar é preciso encaminhamento do posto de origem e agendamento de vaga na Central de Vaga.
O HC se tornou um “hospital dos escolhidos” ou encaminhados

Salvador – Hospital da Irmã Dulce

O Dr. André Luiz Peixinho está de plantão no Hospital da Irmã Dulce. Chega um Ambulância de cidade perto e o paciente precisa de internação. Dr. André Peixinho nem deixa o paciente descer. Vai até a Irmã Dulce e relata que o hospital está lotado não tendo como internar o paciente. Queria permissão para manda-lo de volta para sua cidade de origem.
A caridosa irmão Dulce disse que “seu hospital nunca estaria lotado enquanto houvesse lugar debaixo de cada cama das enfermarias”. Mandou Dr. Peixinho providenciar um colchão no depósito e que escolhesse o leito que iria por embaixo o novo paciente

O problema da Saúde no Brasil é gravíssimo, estamos agonizando. O que aqui escrevo é um grito de desespero, “acudam” nossos pobres doentes sem burocracia – não precisamos de mais dinheiro ou mais leitos, o que nos faz falta é de mais Irmãs Dulce  

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Curiosidades neurológicas


Curiosidades neurológicas
Nubor Orlando Facure


Pode até não ter muito de poesia, mas......
diz a neurologia que amar é dar os seus sentidos aos outros. O seu olhar conquistador, seu escutar incansável, seu tocar suave, seu cheiro adocicado, seu gosto de fruta do campo......


Quando uma ovelha está parindo, sua vagina é dilatada pela passagem da sua cria. Nesse momento é secretada uma grande quantidade de um hormônio a Ocitocina. Com esse hormônio se estabelece o vínculo, um apego entre a mãe e a ovelhinha que passa a se reconhecer pelo faro. A presença de uma ovelhinha estranha não produz atração, a mãe a rejeita. Porém, se o tratador enfia a mão dilatando a vagina da ovelha que acabou de ser mãe, produz de novo ocitocina e o apego se estabelece , também, para essa estranha no ninho.



Oh memória! és deusa ou demônio ?
As vezes me faltas
Não ha nada mais perturbador do que esquecer o nome de um amigo, a data de um aniversário, o boleto do banco,  ou o dia da formatura do meu neto
As vezes me sobras
Não ha nada mais humilhante que ficar lembrando daquela gafe na reunião do departamento, da risada inoportuna do meu cunhado, das palavras irônicas meu chefe


O computador e a vida
A metáfora do computador tem suas verdades. A cada modelo mais moderno somos obrigados a aprender como lidar com seus avanços. O esforço é compensado pelas maravilhas do novo equipamento, com novos programas, novas aplicações, mais agilidade e maiores utilidades.
O interessante é que ao se aceitar o modelo novo temos de abandonar tudo do velho equipamento. O que ficou para traz já era.