domingo, 27 de setembro de 2015

Diante do Sofrimento


Diante do sofrimento
Nubor Orlando Facure


Jesus desce sem pressa o degrau da casa de Pedro enquanto o Sol  começa a  espalhar seus primeiros raios entre as casas vizinhas
Olhando mansamente um grupo de sofredores que clama por suas bênçãos, Ele não tem dúvidas, estão ali em busca de uma profecia, de um milagre.
É nítida sua firmeza e  confiança no que pode fazer em nome do seu Deus
Sua simples presença parece dominar a todos irradiando paz  
O brilho do seu olhar  penetrante hipnotiza os que chegam mais perto
Ele nunca demonstrou cansaço ou impaciência
E suas primeiras palavras afetam a todos com a sensação de forças renovadas inexplicáveis – a Paz seja convosco
Com passos calmos Ele decide caminhar na direção de cada sofredor estendendo suas mãos benevolentes
“Erga-te e anda, Eu ti ordeno
Abra os olhos e veja a Luz do Criador
Tende Fé pois a perturbação que domina sua mente vai clarear ainda hoje
Aguarda mais um pouco que os Espíritos imundos, presos à ignorância irão se afastar 
Ora comigo, pediremos ao nosso Pai que limpe suas feridas
Tende paciência um pouco mais, a febre cederá em pouco tempo
Nem tudo está perdido. Aos olhares de Deus tudo se resolve ao seu tempo
Abandone a ilusão do dinheiro porque seu peso ti impede caminhar ao Céu
Aprenda a dividir com quem tem menos posse que você
Esses pequeninos que nos buscam o colo  tem o coração puro que precisa de muita proteção
Não sejam orgulhosos diante dos mais fracos, só os mansos possuirão a Terra
Para vir a ter comigo é preciso abandonar o Mundo
As horas passam e a tarde inicia seu colorido avermelhado no poente. Pedro afasta Jesus daquele povo necessitado para lhe dar o direito do descanso merecido
A noite, recostados nos bancos rígidos da sala, Jesus fala com  Pedro:
Não exija soluções imediatas de ninguém
Esse mesmo povo que acaba de receber as dádivas abençoadas de Deus, ainda terá de percorrer a estrada abençoada da dor que a pouco e pouco irá conduzi-los a total redenção de suas necessidades
Os paralíticos curados hoje, ainda usarão as pernas para fugir de compromissos sociais
Os cegos que hoje veem, permanecerão julgando o erro que agora enxergam nos outros
O peito limpo das feridas curadas hoje, estará amanhã na mesma promiscuidade dos meretrícios onde adoeceram
Os loucos e os epiléticos que agora estão em paz, amanhã voltarão a mandar e destruir famílias inocentes
Os endinheirados, atormentados pela consciência, amanhã voltarão a disputar a posse material que prometeram abandonar

Lição de casa
Vamos aceitar o tempo de cada um
A jornada é longa e cada qual andará com sua própria sandália para atingir a redenção




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