domingo, 28 de junho de 2015

Madeleines, para onde foram?


Madeleines, para onde foram?
Nubor Orlando Facure


A maior parte das minhas memórias ficaram de fora do meu cérebro e hoje elas estão me abandonando lentamente
Marcel Proust as encontrou no cheiro das Madeleines que saboreava
Parece que todas as coisas estão perdendo significado e levando minhas memórias com elas
Eu ainda as vejo nos vitrais das Igrejas que descrevem as estações do martírio de Jesus
Nos meus medos da pintura do demônio que dizem espreitar meus pecados
No frio do meu corpo nos barulhos das cachoeiras que me refrescavam
No trinado agitado dos pássaros que me acordavam começando a madrugada
No ruído de passos chegando quando roubei o primeiro beijo sem perceber sua mãe que estava tão perto
No milho assado na brasa do fogão a lenha espremido no canto da nossa cozinha
Na escuridão da noite que se aproximava encerrando as brincadeiras de pega-pega
No primeiro livro que li, deixando apenas o título de lembrança – Dois corações

Não foram embora as minhas memórias, o que me deixou foi o valor que dei a coisas que hoje já não me importam mais

sábado, 20 de junho de 2015

A fisiologia do Olhar

A fisiologia do olhar
Nubor Orlando Facure


A leitura e a escrita são grandes invenções humanas, mas elas estão limitadas pela capacidade do nosso olhar. 
Enxergamos o texto de um livro, saltando com os olhos de uma palavra para a outra 4 a 5 vezes por segundo, conseguindo ver 9 letras em cada sacada 
Cada pedacinho que vemos conseguimos compreender seu significado em 50 milésimos de segundos
Isso, por si só, é um milagre prodigioso. 
Conseguimos ler 400 a 500 palavras por minuto chegando, mesmo, a antecipar o significado do texto que vamos percorrer com os olhos.

Por outro lado, o pensar e o sentir são, completamente diferentes, aqui não ha limites para a Alma

Oito Pecados do Esquecimento

Oito pecados do Esquecimento
Nubor Orlando Facure


O Esquecimento
Ninguém quer tê-lo, mas cada um tem um pouco, todos o rejeitam, mas todos precisam mais dele do que imaginam – esquecer onde deixou o celular é terrível, mas, sem esquecer as magoas a vida seria um tormento – é quando a memória tiraniza
1 – A Temporalidade
O passar do tempo enfraquece a memória – já não me lembro onde ficava aquele pé de Jambolão que na época de criança a gente subia para se esconder
2 – A rapidez
Certos fatos nos abandonam com extrema rapidez – quando cheguei à cozinha me esqueci do que fui fazer lá
3 – A Distração
Foi bobeira minha, eu me distrai com a televisão e esqueci de dar o recado, agora é tarde, ela já saiu de casa e eu perdi a ocasião de marcar um novo encontro
4 – O Bloqueio
É meu nervoso, quando chego perto de certas pessoas, fico inibido e esqueço o que tinha para falar – parece-me com aqueles dias de prova na escola
5 – A Confusão
“Misturei estação”, pensei que o recado era para a Geninha e eu devia ter falado é com a irmã dela, só depois me lembrei que era para guardar segredo e acabei pondo tudo a perder
6 – A Sugestão
Você ficou falando da roupa dela e me fez lembrar o casamento que fomos juntos – deu nisso, acabei comentando coisa que não devia, fui me lembrar daquela coisa horrível que ela estava vestindo naquele dia e não me aguentei, tive de ti contar
7 – A Distorção
Naquela época a gente ouvia o futebol pelo rádio, o locutor nos produzia uma vibrante emoção. Hoje, podendo acompanhando os lances pela televisão podemos perceber o quanto o locutor distorcia os fatos, torcendo para seu time
8 – A Persistência

Eu quero lembrar quem foi para a praia com a gente, naquele dia, mas, não me sai da cabeça, só consigo pensar na loucura que foi procurar o Pedrinho que, tinha sumido na praia, pois todo mundo desesperado para encontra-lo.