A sala de Santa Agnes
Nubor Orlando Facure
Isoladas
das demais pacientes, as claudicantes, as paralíticas, as dementes e as
epilépticas, a sala de Santa Agnes abrigava as famosas histéricas do Professor
Charcot, pai da neurologia francesa.
Nas suas
aulas de demonstrações teatrais a figura majestosa de Charcot impunha admiração
e respeito a um seleto grupo de assistentes: Babinsky, Dejenrine,
Pierre-Marrie, Pierre Janet, Freud e, um dos seus alunos mais promissores – o
Dr. Axel Munthe, com pouco mais de 24 anos, cuja genialidade chamava a atenção
do mestre da Salprêtrière.
O jovem e
talentoso assistente era habilidoso em hipnose e nas últimas semanas estava envolvendo-se
com uma das pacientes da enfermaria de Santa Agnes. Ele prometera aos pais de Geneviève,
na época com 20 anos de idade, que iria resgata-la das mãos do Professor
Charcot para que ela voltasse a vilazinha da Normandie onde poderia trabalhar
no sítio dos pais que, agora idosos, não suportavam mais as lides do campo.
Geneviève
tornara-se publicamente famosa, acabava de ser capa de uma revista – Le rire -
era uma das estrelas mais requisitadas nas famosas reuniões de terça-feira,
orientadas por Charcot para suas demonstrações dos quadros histéricos, ali,
Geneviève revelava suas contorções e
gesticulações convulsivas.
Alex
Munthe consegui autorização para trabalhar com a jovenzinha da Normandie
iniciando um processo de sugestão pós-hipnótica. Ele introduzia paulatinamente
a ideia de que Geneviève deveria encontra-lo em sua clínica e revelasse o desejo de voltar a sua aldeia com
os seus pais.
No início
as sugestões pareciam que estavam sendo acolhidas, mas, a fuga não pode ser
concretizada sendo a trama descoberta pelo Professor Charcot.
Repreendido em seu gabinete, o Professor
Charcot, despediu da sua clínica o jovem talentoso Axel Munthe com uma frase
tonitroante: Assez, monsieur!
P.S – Adaptado
do livro de Hermínio Miranda: As mil faces da realidade espiritual
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