A Inteligência que o Tempo corrói
Nubor Orlando Facure
O que é Inteligência?
“É uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, implica na habilidade para raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de maneira abstrata, e aprender da experiência. Não deve ser considerado um mero conhecimento enciclopédico, uma habilidade acadêmica particular ou uma destreza para resolver um teste. Entretanto, reflete uma capacidade mais ampla e profunda para compreender o ambiente - perceber, dar sentido às coisas, ou imaginar o que deve ser feito”
Tipos de Inteligência
Na literatura leiga e especializada a Inteligência é melhor compreendida quando tentamos identificar os seus tipos - Lógica, matemática, espacial, emocional, musical - para mim essa classificação está, na verdade, se referindo a talentos.
Neurologicamente é mais fácil reconhecermos uma Inteligência Geral - ligada diretamente a nossa sobrevivência e a inteligência Específica - que se referem a talentos especiais.
O Fator G
Refere-se a nossa Inteligência geral que está envolvida em tarefas simples e complexas do nosso cotidiano, como, por exemplo:
Destreza manual - colocar pontos dentro de uma série de triângulos desenhados numa folha de papel
Fluência verbal - nomear animais que começam com a letra M, dar os sinônimos de uma lista de palavras
Correlaciona-se com o rendimento escolar, com o desempenho profissional/ocupacional, os interesses vocacionais, o conhecimento de eventos cotidianos, a cultura geral acumulada com a experiência.
Deteriora-se nas doenças neuropsiquiátricas - como ocorre no Alzheimer e na Esquizofrenia
Anatomia da Inteligência
Os lobos Frontais são os mais diretamente envolvidos com a nossa atividade intelectual. Entretanto, demonstra-se que as áreas cerebrais relacionadas à Inteligência parecem estar distribuídas em todo o cérebro.
O desenvolver da Inteligência
Da criança ao adulto a Inteligência, representada pelas nossas diferentes capacidades cognitivas, evolui de modo distinto durante todo o ciclo vital - esse desenvolvimento não é uniforme e sua anatomia vai mudando com o passar do tempo
Homens e mulheres são igualmente inteligentes
Ambos tem a mesma performance nos testes neuropsicológicos. O que difere são as áreas cerebrais mobilizadas por um e por outro e as estratégias que utilizam.
Sempre é bom lembrar que ao se comparar a Inteligência de um homem e uma mulher é preciso saber que tipo de problema estamos propondo resolver. Elas decidem melhor que restaurante vamos jantar, que cor terá as paredes da sala, qual a marca da geladeira, que escola matricular os meninos e até mesmo o quanto devemos dar de gorjeta.
A Inteligência e o Tempo
Alguns aspectos da Inteligência não se modificam com o passar do Tempo - É a Inteligência Cristalizada - cujos componentes são:
As habilidades verbais
A informação sobre o uso da Linguagem
As habilidades Sociais
O envelhecimento corrói a Inteligência fluida - cujas habilidades são:
A velocidade de decisão
A eficiência da memória de trabalho
O desempenho em testes de Inteligência geral
O capital intelectual
Nosso capital mental é representado pelas habilidades cognitivas, a flexibilidade na aprendizagem e a resiliência frente aos estresses
O capital do bem-estar mental
O bem-estar mental relaciona-se a nossa capacidade de nos engajar de maneira positiva e produtiva na comunidade e desenvolvermos estratégias para desenvolver nossos potencial
domingo, 25 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
Anotações amenas
Nubor Orlando Facure
As desordens da Atenção
A neurologia descreve quadros muito interessantes - clinicamente pitorescos - nas lesões cerebrais que comprometem a atenção.
1 - Negligência sensorial - ou hemi-intenção - o paciente deixa de perceber a existência de uma metade do seu corpo - pode interpretá-la como pertencente a outra pessoa.
2 - Fenômeno de extinção - com uma agulha picamos o braço do paciente. Ora o direito ora o esquerdo - as sensações são normais - quando picamos os dois braços simultaneamente ele não detecta a picada no lado esquerdo.
3 - Negligência motora - ou hemi-acinesia - um lado do corpo não acompanha a mesma performance motora do outro lado.
4 - Negligência hemi-espacial - pedimos para o paciente desenhar um relógio e uma flor - ele faz o desenho só de uma metade do relógio e da flor
Memória Afetiva
As lesões do lado direito do cérebro comprometem nossa memória emocional. Ouvindo uma historinha neutra, outra com conteúdo emocional forte e uma anedota engraçada, o paciente com lesão no hemisfério direito terá dificuldade de repetir de memória os estados emocionais das três situações que ouviu.
Com frequência nos enganamos
Joseph Priestley (1733-1804) - esse pastor inglês foi o descobridor do Oxigênio - - após a descoberta ele anotou: “ao aspirar este ar me senti leve e descançado. Quem sabe,um dia, ele venha a ser um artigo de luxo. Por enquanto, só eu e dois ratos tivemos o privilégio de respirá-lo”
O Universo e a Mente
Quando olhamos para o firmamento identificamos milhões de astros espetaculares. Os cientistas preferem dizer que, mais do que uma coleção de coisas, o Universo é uma grandiosa interação de eventos e processos - aí atua Deus.
Olhando para o cérebro identificamos as células e uma coleção extraordinária de eventos e processos - aqui atua a Mente.
A mais linda poesia sobre a Vida
“E formou o Senhor o Homem do pó da Terra, e soprou em seus narizes o fôlego da Vida; e o Homem foi feito alma vivente”
Gênesis 11:7
Nubor Orlando Facure
As desordens da Atenção
A neurologia descreve quadros muito interessantes - clinicamente pitorescos - nas lesões cerebrais que comprometem a atenção.
1 - Negligência sensorial - ou hemi-intenção - o paciente deixa de perceber a existência de uma metade do seu corpo - pode interpretá-la como pertencente a outra pessoa.
2 - Fenômeno de extinção - com uma agulha picamos o braço do paciente. Ora o direito ora o esquerdo - as sensações são normais - quando picamos os dois braços simultaneamente ele não detecta a picada no lado esquerdo.
3 - Negligência motora - ou hemi-acinesia - um lado do corpo não acompanha a mesma performance motora do outro lado.
4 - Negligência hemi-espacial - pedimos para o paciente desenhar um relógio e uma flor - ele faz o desenho só de uma metade do relógio e da flor
Memória Afetiva
As lesões do lado direito do cérebro comprometem nossa memória emocional. Ouvindo uma historinha neutra, outra com conteúdo emocional forte e uma anedota engraçada, o paciente com lesão no hemisfério direito terá dificuldade de repetir de memória os estados emocionais das três situações que ouviu.
Com frequência nos enganamos
Joseph Priestley (1733-1804) - esse pastor inglês foi o descobridor do Oxigênio - - após a descoberta ele anotou: “ao aspirar este ar me senti leve e descançado. Quem sabe,um dia, ele venha a ser um artigo de luxo. Por enquanto, só eu e dois ratos tivemos o privilégio de respirá-lo”
O Universo e a Mente
Quando olhamos para o firmamento identificamos milhões de astros espetaculares. Os cientistas preferem dizer que, mais do que uma coleção de coisas, o Universo é uma grandiosa interação de eventos e processos - aí atua Deus.
Olhando para o cérebro identificamos as células e uma coleção extraordinária de eventos e processos - aqui atua a Mente.
A mais linda poesia sobre a Vida
“E formou o Senhor o Homem do pó da Terra, e soprou em seus narizes o fôlego da Vida; e o Homem foi feito alma vivente”
Gênesis 11:7
domingo, 18 de abril de 2010
Perguntas de um jornalista ao Dr. Nubor orlando Facure
A primeira questão é, na verdade, pedir um relato sobre o contexto em que o Sr. conheceu e conviveu com o Chico Xavier (as lembranças, experiências e de que forma tudo repercutiu ao longo da sua vida)?
Tive o primeiro encontro com Chico Xavier aos 18 anos quando ele iniciava sua mudança para Uberaba. Foi uma reunião solene no Centro Espírita Uberabense. Minha mãe anotou meu nome num papel e levou até a enorme pilha de pedidos de orientação que eram encaminhados ao Chico para ouvirmos as palavras da Espiritualidade. Lembro-me até hoje dessa mensagem. Ela me recomendava estar atento às lições do evangelho e não descuidar das questões sociais.
Posteriormente, já na mudança definitiva, foi meu pai o construtor da casa onde o Chico foi morar e isso facilitou contatos mais próximos com o médium.
Vou destacar um deles. Já era de madrugada e ao nos despedir do Chico, minha mãe, mais uma senhora e eu, o Chico nos pede para lermos uma página do evangelho. Caiu na escolha aleatória a lição de Jesus: “não atirai pérolas aos porcos“. Ele mesmo comentou que aprendera com Emmanuel que tudo tem sua hora, que por exemplo, num deserto, não adiantaria pregarmos as lições de Jesus, haveríamos de distribuir água que seria mais oportuno. Nisso ele pede que eu comente a lição. Foi quando fiz referência as mães que nas portas dos presídios, em situação de extremo sofrimento, esmagadas pelo desatino de filhos rebeldes com as Leis Divinas, mesmo assim elas perseveram e sempre consideram mesmo derrotadas em seus argumentos,que seus filhos são inocentes e merecem comiseração. Pude, surpreso, ver a comoção do Chico. Ele, então me agradece dizendo que naquele instante lhe apareceu aos olhos do Espírito a visão da sua mãe ali presente, sendo que faziam mais de 10 anos que ele não a via.
Biógrafos do Chico já exploraram exaustivamente episódios de sua vida, mas são milhares de contatos diretos com o médium e muito ainda haverá de se contar. Os cenários mais marcantes creio que todos conhecem. Tive oportunidade de estar presente em vários deles.
Estive na fila que antecedia as reuniões de sexta-feira disputando seu carinhoso abraço entre dezenas de amigos e necessitados de consolo que procuravam apenas tocar no Chico e ouvir-lo dizer - “confia meu filho, tudo vai da certo“, “vamos trabalhar para que nada de grave nos aconteça“.
Assisti a leitura de cartas comoventes, psicografadas aceleradamente.Uma delas era de um taxista assassinado em São Paulo, sua esposa Benedita estava ali presente e nós todos derramamos todas as lágrimas que nos era possível conter
Como se todos nós fôssemos atingidos pelo mesmo projétil que atingiu o taxista. Outra delas foi do meu avô que nos ofereceu um texto carregado de detalhes que só a família reconhece.
Acompanhei o Chico e o grupo de amigos nas famosas peregrinações noturnas percorrendo as ruas esburacadas no bairro onde ele morava. Ainda tenho na memória a visão do médium nas portas de um desses casebres carregando sempre um livro sob o braço. Cercado por todos ele lia uma página para nossa meditação e até hoje minhas lembranças registram aquele ton de voz mansa inigualável. Saíamos desses encontros cheios de vontade, prometendo todo nosso empenho em seguir seus exemplos.
Estive dentro da casa do Chico, num grupo restrito ouvindo seus relatos incansáveis de casos que se sucediam a mais casos que ele continuamente nos contava. Disse na última noite que lá estive que uma senhora de São Paulo o procurou aflita.
Chico, dizia ela - minha vida “está por um fio“, já fiz várias cirurgias, ainda tenho de tratar do coração. O que eu faço Chico?. Ele responde: “minha filha. Emmanuel aqui presente pede para lhe dizer que se você trabalhar o fio engrossa”
Também ouvi seus comentários instrutivos no final de uma das reuniões mediúnicas, já altas horas da madrugada. Algumas de suas mensagens ainda as retenho embora corroídas pelo tempo:
Dizia o Chico - os homens estão usando a mulher como chinelo, quando ficam folgados eles procuram outra. A pílula vai liberar realmente a mulher e, a comida que o ganso comeu até agora a mulher vai comer também. Dentro de 100 anos o bebê humano será totalmente produzido em laboratório. Na história humana foi sempre a mulher quem pagou esse alto preço que a gravidez a sujeita. O futuro da humanidade está nas mãos do próprio Homem, estará nas suas atitudes e decisões as conseqüências do que ele fará com o planeta. O Apocalipse poderá ou não ocorrer conforme nossa conduta. Por enquanto ele é provável porque não resolvemos a questão da Palestina (estávamos em 1976)
Estive com o Chico nas prolongadas distribuições de Natal onde milhares de necessitados esperavam receber um ou outro alimento e um sinal pelo menos do olhar do Chico.
Também o vi nos bancos do abacateiro onde ele emitiu pensamentos de profundo conteúdo filosófico.
No meu último contato com ele, numa das reuniões da Casa da Prece, permaneci por horas assentado no seu quintal me sentindo inundado numa paz que me afetava profundamente por dentro modificando meus pensamentos. Apelei para meus conhecimentos de neurologia para tentar explicar o que estava acontecendo em minha mente. Daí a pouco entrei até a sala da reuniões e, quando chegou minha vez, o Chico pronunciou meu nome e me pediu para aproximar o Maximo perto dele. Prendeu-me o rosto com as duas mão e me disse: preciso lhe fazer um pedido. Quase desmaiei. Ele completou: “não se esqueça de mim em suas preces”.
O Sr. se recorda de passagens de Chico por Campinas? Em 1972 ele recebeu o título de Cidadão Campineiro. Não sei se o Sr. pode comentar a respeito.
Assisti dois momentos do Chico em Campinas. Antes de receber o título de Cidadão campineiro em 1972 ele esteve num encontro realizado na Fonte São Paulo. Estive ali com minha esposa Lourdes e a filha Kátia na ocasião com 4 anos. A emoção não me permitiu reter detalhes da solenidade, mas, ao final o Chico permaneceu no palco atendendo a fila que se formou para cumprimentá-lo. Ao me reconhecer ele me fez aproximar o rosto e disse palavras que até hoje ressoam em meus ouvidos: “você está muito bem acompanhado” Quem seria? A parentela física, esposa e filha ou parentes do mundo espiritual a quem eu dirigia minhas orações naquele momento?
O título de “Cidadão Campineiro” foi recebido no Ginásio do Taquaral. Não cheguei a falar com ele, mas, lembro-me de algumas palavras do seu discurso de agradecimento quando ele nos diz que estavam presentes na solenidade Espíritos ilustres ligados a história de Campinas, lembro-me de Orosimbo Maia e Álvaro Ribeiro. Quero me desculpar se cometi algum erro nas datas que podem ser conferidas com os organizadores desses eventos
O Sr. pode indicar mais pessoas que conheceram o médium pessoalmente?
Poderia citar dezenas. Meus pais e, particularmente minha irmã conviveram com ele muito de perto. Vale a pena citar alguns momentos dessa relação de amizade. Quando meu pai já estava terminando de construir a casa onde o Chico foi morar ao se mudar para Uberaba, o lugar ainda era pouco habitado e, no entardecer, ele reunia os pedreiros para voltarem juntos. Nisso o Chico o chamava pedia seu lenço e apertava por instantes deixando o lenço impregnado com um perfume de rosas. Dizia o Chico que era para entregar à minha mãe. Todos parentes queriam cheirar o lenço para perceber o cheiro agradável. Lembro-me que minha mãe mandou um vidrinho cheio d’água com o recado ao Chico para ele perfumar o vidrinho que manteria por mais tempo o perfume.
Logo que foi concretizada a mudança, minha mãe, minha irmã e eu iniciamos no galpão do “centro” do Chico - Comunhão Espírita Cristã - as primeiras aulas dominicais, para evangelização das crianças do bairro.
Já morávamos em Campinas quando em 1992 faleceu minha mãe. Meses depois, eswtando em Uberaba minha irmã pede notícias dela ao Chico. Carinhosamente ele diz que ela estava dando aulas para crianças. E o que ela, não sendo professora estaria ensinando? “acolhendo crianças desencarnadas e ensinando “Jesus”, que as professoras de hoje estão omitindo em suas lições.
A disposição e decoração do consultório do Sr. também são reflexos do Espiritismo?
Cheguei em Campinas em 1966 e sempre manifestei meu pensamento espírita. Procurei não agredir as crenças de ninguém respeitando a escolha de cada um, mas, nunca me omitindo em conceitos como, a reencarnação, para justificar a aparente injustiça da ocorrência inesperada de tanto sofrimento que nós neurologistas presenciamos. Nunca deixei de falar sobre a imortalidade da Alma, tantas eram as notícias que tínhamos de parentes e amigos falecidos que se anunciavam na psicografia do Chico em Uberaba. Nunca deixei de ensinar aos meus alunos na UNICAMP, onde lecionei por 30 anos que só a existência do Espírito poderia explicar a diversidade da natureza humana, a complexidade das funções cerebrais, a maravilha de genialidade das crianças precoces.
Foi essa postura que culminou com a fundação do Instituto do Cérebro onde pude ampliar nossa prática espírita. Contando com o talento artístico da minha esposa o ambiente foi decorado com trabalhos dela. Também pelo seu esforço foram criadas mais de 5 mil pequenas mensagens que, no final das minhas consultas, os pacientes fazem uma leitura de uma delas aliviando a tensão dos diagnósticos ou das formalidades médicas indispensáveis.
Conto, também, com ajuda da minha filha Lúcia, que juntamente com a mãe, D. Lourde, fazem, semanalmente, uma reunião para leitura do evangelho. Freqüentemente um ou outro dos nossos pacientes acompanham essas reuniões de ajuda espiritual aos nossos doentes.
Quero lembrar, também, que toda nossa região já sabe que sou Espírita. Vez por outra fico sabendo de doentes que recusam me consultar justamente por isso. Entretanto, muitos me procuram justamente para esclarecimento de problemas espirituais. Preciso sempre deixar claro que nunca fuiz consultas espirituais, sou um neurologista espírita e posso ajudar orientando situações de comprometimento espiritual e, quando necessário encaminho esses pacientes ao Centro Allan Kardec da nossas cidade. Nessa situações já testemunhei inúmeras vezes manifestações mediúnicas nas nossas consultas, sejam incorporações ou vidência de entidades que ali se revelam aos pacientes portadores dessa aptidão.
O Sr. preserva materiais da época em que conheceu o médium? Fotos ou qualquer outro elemento que remeta à época.
Fiz opção de guardar apenas em minhas memórias a mensagem evangélica pregada pelo Chico. Nunca deixei de agradecer todo aprendizado que seus livros me permitiram desfrutar e nunca me esqueci de sua recomendação de que, entre ele e Kardec optássemos por Kardec. Para admiração e modelo a cultuar, apenas Jesus Cristo, a quem ele se referia com extrema doçura.
Numa próxima encarnação, seu eu não puder estar de novo com o Chico Xavier, pelo menos que alguém me faça a caridade de me oferecer um dos seus livros.
A primeira questão é, na verdade, pedir um relato sobre o contexto em que o Sr. conheceu e conviveu com o Chico Xavier (as lembranças, experiências e de que forma tudo repercutiu ao longo da sua vida)?
Tive o primeiro encontro com Chico Xavier aos 18 anos quando ele iniciava sua mudança para Uberaba. Foi uma reunião solene no Centro Espírita Uberabense. Minha mãe anotou meu nome num papel e levou até a enorme pilha de pedidos de orientação que eram encaminhados ao Chico para ouvirmos as palavras da Espiritualidade. Lembro-me até hoje dessa mensagem. Ela me recomendava estar atento às lições do evangelho e não descuidar das questões sociais.
Posteriormente, já na mudança definitiva, foi meu pai o construtor da casa onde o Chico foi morar e isso facilitou contatos mais próximos com o médium.
Vou destacar um deles. Já era de madrugada e ao nos despedir do Chico, minha mãe, mais uma senhora e eu, o Chico nos pede para lermos uma página do evangelho. Caiu na escolha aleatória a lição de Jesus: “não atirai pérolas aos porcos“. Ele mesmo comentou que aprendera com Emmanuel que tudo tem sua hora, que por exemplo, num deserto, não adiantaria pregarmos as lições de Jesus, haveríamos de distribuir água que seria mais oportuno. Nisso ele pede que eu comente a lição. Foi quando fiz referência as mães que nas portas dos presídios, em situação de extremo sofrimento, esmagadas pelo desatino de filhos rebeldes com as Leis Divinas, mesmo assim elas perseveram e sempre consideram mesmo derrotadas em seus argumentos,que seus filhos são inocentes e merecem comiseração. Pude, surpreso, ver a comoção do Chico. Ele, então me agradece dizendo que naquele instante lhe apareceu aos olhos do Espírito a visão da sua mãe ali presente, sendo que faziam mais de 10 anos que ele não a via.
Biógrafos do Chico já exploraram exaustivamente episódios de sua vida, mas são milhares de contatos diretos com o médium e muito ainda haverá de se contar. Os cenários mais marcantes creio que todos conhecem. Tive oportunidade de estar presente em vários deles.
Estive na fila que antecedia as reuniões de sexta-feira disputando seu carinhoso abraço entre dezenas de amigos e necessitados de consolo que procuravam apenas tocar no Chico e ouvir-lo dizer - “confia meu filho, tudo vai da certo“, “vamos trabalhar para que nada de grave nos aconteça“.
Assisti a leitura de cartas comoventes, psicografadas aceleradamente.Uma delas era de um taxista assassinado em São Paulo, sua esposa Benedita estava ali presente e nós todos derramamos todas as lágrimas que nos era possível conter
Como se todos nós fôssemos atingidos pelo mesmo projétil que atingiu o taxista. Outra delas foi do meu avô que nos ofereceu um texto carregado de detalhes que só a família reconhece.
Acompanhei o Chico e o grupo de amigos nas famosas peregrinações noturnas percorrendo as ruas esburacadas no bairro onde ele morava. Ainda tenho na memória a visão do médium nas portas de um desses casebres carregando sempre um livro sob o braço. Cercado por todos ele lia uma página para nossa meditação e até hoje minhas lembranças registram aquele ton de voz mansa inigualável. Saíamos desses encontros cheios de vontade, prometendo todo nosso empenho em seguir seus exemplos.
Estive dentro da casa do Chico, num grupo restrito ouvindo seus relatos incansáveis de casos que se sucediam a mais casos que ele continuamente nos contava. Disse na última noite que lá estive que uma senhora de São Paulo o procurou aflita.
Chico, dizia ela - minha vida “está por um fio“, já fiz várias cirurgias, ainda tenho de tratar do coração. O que eu faço Chico?. Ele responde: “minha filha. Emmanuel aqui presente pede para lhe dizer que se você trabalhar o fio engrossa”
Também ouvi seus comentários instrutivos no final de uma das reuniões mediúnicas, já altas horas da madrugada. Algumas de suas mensagens ainda as retenho embora corroídas pelo tempo:
Dizia o Chico - os homens estão usando a mulher como chinelo, quando ficam folgados eles procuram outra. A pílula vai liberar realmente a mulher e, a comida que o ganso comeu até agora a mulher vai comer também. Dentro de 100 anos o bebê humano será totalmente produzido em laboratório. Na história humana foi sempre a mulher quem pagou esse alto preço que a gravidez a sujeita. O futuro da humanidade está nas mãos do próprio Homem, estará nas suas atitudes e decisões as conseqüências do que ele fará com o planeta. O Apocalipse poderá ou não ocorrer conforme nossa conduta. Por enquanto ele é provável porque não resolvemos a questão da Palestina (estávamos em 1976)
Estive com o Chico nas prolongadas distribuições de Natal onde milhares de necessitados esperavam receber um ou outro alimento e um sinal pelo menos do olhar do Chico.
Também o vi nos bancos do abacateiro onde ele emitiu pensamentos de profundo conteúdo filosófico.
No meu último contato com ele, numa das reuniões da Casa da Prece, permaneci por horas assentado no seu quintal me sentindo inundado numa paz que me afetava profundamente por dentro modificando meus pensamentos. Apelei para meus conhecimentos de neurologia para tentar explicar o que estava acontecendo em minha mente. Daí a pouco entrei até a sala da reuniões e, quando chegou minha vez, o Chico pronunciou meu nome e me pediu para aproximar o Maximo perto dele. Prendeu-me o rosto com as duas mão e me disse: preciso lhe fazer um pedido. Quase desmaiei. Ele completou: “não se esqueça de mim em suas preces”.
O Sr. se recorda de passagens de Chico por Campinas? Em 1972 ele recebeu o título de Cidadão Campineiro. Não sei se o Sr. pode comentar a respeito.
Assisti dois momentos do Chico em Campinas. Antes de receber o título de Cidadão campineiro em 1972 ele esteve num encontro realizado na Fonte São Paulo. Estive ali com minha esposa Lourdes e a filha Kátia na ocasião com 4 anos. A emoção não me permitiu reter detalhes da solenidade, mas, ao final o Chico permaneceu no palco atendendo a fila que se formou para cumprimentá-lo. Ao me reconhecer ele me fez aproximar o rosto e disse palavras que até hoje ressoam em meus ouvidos: “você está muito bem acompanhado” Quem seria? A parentela física, esposa e filha ou parentes do mundo espiritual a quem eu dirigia minhas orações naquele momento?
O título de “Cidadão Campineiro” foi recebido no Ginásio do Taquaral. Não cheguei a falar com ele, mas, lembro-me de algumas palavras do seu discurso de agradecimento quando ele nos diz que estavam presentes na solenidade Espíritos ilustres ligados a história de Campinas, lembro-me de Orosimbo Maia e Álvaro Ribeiro. Quero me desculpar se cometi algum erro nas datas que podem ser conferidas com os organizadores desses eventos
O Sr. pode indicar mais pessoas que conheceram o médium pessoalmente?
Poderia citar dezenas. Meus pais e, particularmente minha irmã conviveram com ele muito de perto. Vale a pena citar alguns momentos dessa relação de amizade. Quando meu pai já estava terminando de construir a casa onde o Chico foi morar ao se mudar para Uberaba, o lugar ainda era pouco habitado e, no entardecer, ele reunia os pedreiros para voltarem juntos. Nisso o Chico o chamava pedia seu lenço e apertava por instantes deixando o lenço impregnado com um perfume de rosas. Dizia o Chico que era para entregar à minha mãe. Todos parentes queriam cheirar o lenço para perceber o cheiro agradável. Lembro-me que minha mãe mandou um vidrinho cheio d’água com o recado ao Chico para ele perfumar o vidrinho que manteria por mais tempo o perfume.
Logo que foi concretizada a mudança, minha mãe, minha irmã e eu iniciamos no galpão do “centro” do Chico - Comunhão Espírita Cristã - as primeiras aulas dominicais, para evangelização das crianças do bairro.
Já morávamos em Campinas quando em 1992 faleceu minha mãe. Meses depois, eswtando em Uberaba minha irmã pede notícias dela ao Chico. Carinhosamente ele diz que ela estava dando aulas para crianças. E o que ela, não sendo professora estaria ensinando? “acolhendo crianças desencarnadas e ensinando “Jesus”, que as professoras de hoje estão omitindo em suas lições.
A disposição e decoração do consultório do Sr. também são reflexos do Espiritismo?
Cheguei em Campinas em 1966 e sempre manifestei meu pensamento espírita. Procurei não agredir as crenças de ninguém respeitando a escolha de cada um, mas, nunca me omitindo em conceitos como, a reencarnação, para justificar a aparente injustiça da ocorrência inesperada de tanto sofrimento que nós neurologistas presenciamos. Nunca deixei de falar sobre a imortalidade da Alma, tantas eram as notícias que tínhamos de parentes e amigos falecidos que se anunciavam na psicografia do Chico em Uberaba. Nunca deixei de ensinar aos meus alunos na UNICAMP, onde lecionei por 30 anos que só a existência do Espírito poderia explicar a diversidade da natureza humana, a complexidade das funções cerebrais, a maravilha de genialidade das crianças precoces.
Foi essa postura que culminou com a fundação do Instituto do Cérebro onde pude ampliar nossa prática espírita. Contando com o talento artístico da minha esposa o ambiente foi decorado com trabalhos dela. Também pelo seu esforço foram criadas mais de 5 mil pequenas mensagens que, no final das minhas consultas, os pacientes fazem uma leitura de uma delas aliviando a tensão dos diagnósticos ou das formalidades médicas indispensáveis.
Conto, também, com ajuda da minha filha Lúcia, que juntamente com a mãe, D. Lourde, fazem, semanalmente, uma reunião para leitura do evangelho. Freqüentemente um ou outro dos nossos pacientes acompanham essas reuniões de ajuda espiritual aos nossos doentes.
Quero lembrar, também, que toda nossa região já sabe que sou Espírita. Vez por outra fico sabendo de doentes que recusam me consultar justamente por isso. Entretanto, muitos me procuram justamente para esclarecimento de problemas espirituais. Preciso sempre deixar claro que nunca fuiz consultas espirituais, sou um neurologista espírita e posso ajudar orientando situações de comprometimento espiritual e, quando necessário encaminho esses pacientes ao Centro Allan Kardec da nossas cidade. Nessa situações já testemunhei inúmeras vezes manifestações mediúnicas nas nossas consultas, sejam incorporações ou vidência de entidades que ali se revelam aos pacientes portadores dessa aptidão.
O Sr. preserva materiais da época em que conheceu o médium? Fotos ou qualquer outro elemento que remeta à época.
Fiz opção de guardar apenas em minhas memórias a mensagem evangélica pregada pelo Chico. Nunca deixei de agradecer todo aprendizado que seus livros me permitiram desfrutar e nunca me esqueci de sua recomendação de que, entre ele e Kardec optássemos por Kardec. Para admiração e modelo a cultuar, apenas Jesus Cristo, a quem ele se referia com extrema doçura.
Numa próxima encarnação, seu eu não puder estar de novo com o Chico Xavier, pelo menos que alguém me faça a caridade de me oferecer um dos seus livros.
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
O senhor afirmou que “Já podemos perceber nos dias de hoje, uma procura espontânea por parte dos próprios pacientes, pela interpretação transcendente que o Espiritismo pode oferecer para as causas do seu sofrimento “
Como assim? Além da explicação cientifica o senhor dá explicações espirituais a seus pacientes?
A sua pergunta propõe uma distinção entre uma explicação “científica” e outra “espiritual”. Se considerarmos os conceitos das religiões tradicionais isso seria correto, porém, em se tratando de Doutrina Espírita precisamos fazer uma correção - , ela, em seu corpo doutrinário tem um amplo conteúdo “científico” para a abordagem do nosso sofrimento - por exemplo:
A existência de uma Alma desenvolvida a partir de formas mais primitivas de vida
A imortalidade dessa Alma
A reencarnação
A comunicação com os Espíritos que, portanto podem interferir muito em nossa vida e,
A existência de um “fluido” semi-material que ocasiona uma série de fenômenos transcendentes
É fácil percebermos que a Ciência Médica de hoje nos fornece um gigantesco aparato de tecnologia e um conteúdo extraordinário de conhecimento, reunindo Teorias para a circulação do sangue, para o metabolismo celular, para o funcionamento do cérebro, para as respostas imunológicas, para as contrariedades genéticas, porém, nenhum desses mecanismos esclarecedores das causas das doenças, é capaz de justificar a causa do sofrimento. Porque nasce um filho com anencefalia, porque morre tão jovem um irmão de infarto, porque nos primeiros anos da infância, a meningite prostou em coma um sobrinho?
São nessas circunstâncias que amargam a vida dos meus pacientes, que costumo lhes propor uma visão mais expandida das motivações Divinas para a nossa Dor.
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
O senhor sabe de algum caso em que Chico Xavier curou alguém?
Não serei eu a pessoa preparada para lhe dar essa resposta. Até onde sei, o médium Chico Xavier dirigiu seu talento mediúnico para a psicografia e não para a cura. Seguramente era esse o plano de trabalho que a espiritualidade, ou seja, seus mentores, preparam para sua atual existência na Terra - foram produzidos mais de 400 livros. Foi esse o legado extraordinário que Chico nos deixou.
Posso lhe contar que soube da sua presença na casa do meu avô, onde ele fez uma oração pedindo ajuda da espiritualidade. Percebia-se claramente o perfume de rosas que inundou por momentos o ambiente - fenômeno que ocorria pela presença do Espírito Sheila, uma enfermeira alemã, que se manifestava nessas ocasiões.
Pude, também, permanecer, por horas, ao seu lado, enquanto ele atendia uma fila extensa de necessitados. Constatei, como médico que sou, o seu papel de orientador e consolador, atendendo esse “ambulatório popular” - desfilando dor, angústia, sofrimento e esperança - tinha a nítida impressão que ele, Chico Xavier, não estava só, seguramente numerosas equipes de Espíritos deveriam estender sua rede de atendimento e proteção para as pessoas que buscavam no médium uma palavra de consolo - tão difícil, para a maioria dos médicos distribuírem com o carinho que o Chico sabia dar a todos.
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
Saberia dizer como a ciência tradicional explica a mediunidade de Chico Xavier?
A Ciência acadêmica ainda não admite a existência da Alma e, portanto, a comunicação dos Espíritos. Ouvi, na sua própria casa, o nosso Chico nos afirmar que será nesse Século que veremos a comprovação científica dessas duas verdades: a Reencarnação e a Comunicação com os mortos.
No Século XIX, Pierre Janet, eminente neurologista, da famosa Escola neurológica de Charcot, estudou a mediunidade e, lhe propôs um mecanismo próprio que denominou de “automatismo psíquico” - ou seja, uma atividade psíquica automática, portanto semiconsciente.
Nos meus artigos os interessados podem ler o que sugeri para as vias neurológicas onde atuariam o médium e o Espírito comunicante.
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
Existe alguma explicação que apontaria por exemplo para alguma característica cerebral que Chico teria diferente da maioria das pessoas?
Na década de 1960 o Chico Xavier realizou, em Uberaba, um exame de Eletrencefalografia, onde o neurologista da época relatou leves alterações no lobo temporal. Mesmo que , nos dias de hoje, o examinássemos com a aparelhagem tecnológica de hoje, não teríamos condições, nem conhecimento suficiente para detectar alterações relacionadas com a sua mediunidade
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
Que pesquisas cientificas o senhor realiza e quais os resultados?
Estou interessado em expandir os estudos que fiz sobre o “Corpo mental” porque enxergo nesse estudo a possibilidade de comprovarmos uma série de fenômenos que ocorrem, no cérebro e fora dele.
Creio que os artigos que publiquei sobre o tema - corpo mental - podem ajudar a compreender onde quero chegar
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
Eventualmente, teríamos algum paciente seu que se curou num tratamento aliando ciência e espiritualidade?
Como já lhe disse, eu não uso a espiritualidade para cura, e sim para esclarecimento, para “iluminação”.
Vale a pena conhecermos médiuns como Sr Tadeu, que tem um Hospital espírita em Araxá - Casa do Caminho - Sugiro também visitarmos D. Isabel Salomão, da Casa de Caminho em Juiz de Fora - extraordinária médium de curas.
Perguntas de uma repórter para Dr. Nubor Orlando Facure
Algo que valha a pena citar sobre Chico Xavier ?
Algumas previsões de Chico Xavier:
Estávamos na época do bebê de proveta e da pílula
Nos disse o Chico:
Quanto à liberdade feminina - o que come o ganso a gansa Tb comerá
Quanto ao bebê de proveta - em 100 anos a criança humana será inteiramente produzida em laboratório. Até agora só a mulher sacrificou a própria vida para gerar a criança humana
Teremos o Apocalipse? - depende do Homem, de sua conduta, do seu comportamento - insistido ele disse - possivelmente sim, porque, não resolvemos a questão da Palestina
A Igreja Católica para sobreviver terá de admitir a Reencarnação e a Comunicação espiritual com os mortos - isso será demonstrado pela Ciência
O senhor afirmou que “Já podemos perceber nos dias de hoje, uma procura espontânea por parte dos próprios pacientes, pela interpretação transcendente que o Espiritismo pode oferecer para as causas do seu sofrimento “
Como assim? Além da explicação cientifica o senhor dá explicações espirituais a seus pacientes?
A sua pergunta propõe uma distinção entre uma explicação “científica” e outra “espiritual”. Se considerarmos os conceitos das religiões tradicionais isso seria correto, porém, em se tratando de Doutrina Espírita precisamos fazer uma correção - , ela, em seu corpo doutrinário tem um amplo conteúdo “científico” para a abordagem do nosso sofrimento - por exemplo:
A existência de uma Alma desenvolvida a partir de formas mais primitivas de vida
A imortalidade dessa Alma
A reencarnação
A comunicação com os Espíritos que, portanto podem interferir muito em nossa vida e,
A existência de um “fluido” semi-material que ocasiona uma série de fenômenos transcendentes
É fácil percebermos que a Ciência Médica de hoje nos fornece um gigantesco aparato de tecnologia e um conteúdo extraordinário de conhecimento, reunindo Teorias para a circulação do sangue, para o metabolismo celular, para o funcionamento do cérebro, para as respostas imunológicas, para as contrariedades genéticas, porém, nenhum desses mecanismos esclarecedores das causas das doenças, é capaz de justificar a causa do sofrimento. Porque nasce um filho com anencefalia, porque morre tão jovem um irmão de infarto, porque nos primeiros anos da infância, a meningite prostou em coma um sobrinho?
São nessas circunstâncias que amargam a vida dos meus pacientes, que costumo lhes propor uma visão mais expandida das motivações Divinas para a nossa Dor.
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O senhor sabe de algum caso em que Chico Xavier curou alguém?
Não serei eu a pessoa preparada para lhe dar essa resposta. Até onde sei, o médium Chico Xavier dirigiu seu talento mediúnico para a psicografia e não para a cura. Seguramente era esse o plano de trabalho que a espiritualidade, ou seja, seus mentores, preparam para sua atual existência na Terra - foram produzidos mais de 400 livros. Foi esse o legado extraordinário que Chico nos deixou.
Posso lhe contar que soube da sua presença na casa do meu avô, onde ele fez uma oração pedindo ajuda da espiritualidade. Percebia-se claramente o perfume de rosas que inundou por momentos o ambiente - fenômeno que ocorria pela presença do Espírito Sheila, uma enfermeira alemã, que se manifestava nessas ocasiões.
Pude, também, permanecer, por horas, ao seu lado, enquanto ele atendia uma fila extensa de necessitados. Constatei, como médico que sou, o seu papel de orientador e consolador, atendendo esse “ambulatório popular” - desfilando dor, angústia, sofrimento e esperança - tinha a nítida impressão que ele, Chico Xavier, não estava só, seguramente numerosas equipes de Espíritos deveriam estender sua rede de atendimento e proteção para as pessoas que buscavam no médium uma palavra de consolo - tão difícil, para a maioria dos médicos distribuírem com o carinho que o Chico sabia dar a todos.
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Saberia dizer como a ciência tradicional explica a mediunidade de Chico Xavier?
A Ciência acadêmica ainda não admite a existência da Alma e, portanto, a comunicação dos Espíritos. Ouvi, na sua própria casa, o nosso Chico nos afirmar que será nesse Século que veremos a comprovação científica dessas duas verdades: a Reencarnação e a Comunicação com os mortos.
No Século XIX, Pierre Janet, eminente neurologista, da famosa Escola neurológica de Charcot, estudou a mediunidade e, lhe propôs um mecanismo próprio que denominou de “automatismo psíquico” - ou seja, uma atividade psíquica automática, portanto semiconsciente.
Nos meus artigos os interessados podem ler o que sugeri para as vias neurológicas onde atuariam o médium e o Espírito comunicante.
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Existe alguma explicação que apontaria por exemplo para alguma característica cerebral que Chico teria diferente da maioria das pessoas?
Na década de 1960 o Chico Xavier realizou, em Uberaba, um exame de Eletrencefalografia, onde o neurologista da época relatou leves alterações no lobo temporal. Mesmo que , nos dias de hoje, o examinássemos com a aparelhagem tecnológica de hoje, não teríamos condições, nem conhecimento suficiente para detectar alterações relacionadas com a sua mediunidade
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Que pesquisas cientificas o senhor realiza e quais os resultados?
Estou interessado em expandir os estudos que fiz sobre o “Corpo mental” porque enxergo nesse estudo a possibilidade de comprovarmos uma série de fenômenos que ocorrem, no cérebro e fora dele.
Creio que os artigos que publiquei sobre o tema - corpo mental - podem ajudar a compreender onde quero chegar
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Eventualmente, teríamos algum paciente seu que se curou num tratamento aliando ciência e espiritualidade?
Como já lhe disse, eu não uso a espiritualidade para cura, e sim para esclarecimento, para “iluminação”.
Vale a pena conhecermos médiuns como Sr Tadeu, que tem um Hospital espírita em Araxá - Casa do Caminho - Sugiro também visitarmos D. Isabel Salomão, da Casa de Caminho em Juiz de Fora - extraordinária médium de curas.
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Algo que valha a pena citar sobre Chico Xavier ?
Algumas previsões de Chico Xavier:
Estávamos na época do bebê de proveta e da pílula
Nos disse o Chico:
Quanto à liberdade feminina - o que come o ganso a gansa Tb comerá
Quanto ao bebê de proveta - em 100 anos a criança humana será inteiramente produzida em laboratório. Até agora só a mulher sacrificou a própria vida para gerar a criança humana
Teremos o Apocalipse? - depende do Homem, de sua conduta, do seu comportamento - insistido ele disse - possivelmente sim, porque, não resolvemos a questão da Palestina
A Igreja Católica para sobreviver terá de admitir a Reencarnação e a Comunicação espiritual com os mortos - isso será demonstrado pela Ciência
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