Anotações entre o cérebro e a mente
Nubor Orlando Facure
Temos três vertentes: a que privilegia a mente (Espírito), a que privilegia o cérebro e a que junta as duas numa coisa só.
“O cérebro é o órgão de inserção do Espírito nas coisas”
“Todo evento mental (é idêntico a) um evento físico no cérebro”
“O mental, em virtude da sua intencionalidade, não pode ser reduzido ao físico”
Afinal, consciência sou Eu ou meu cérebro?
Do ponto de vista filosófico é a minha RESPONSABILIDADE. Do ponto de vista neurológico o meu ESTADO DE ALERTA. Do ponto de vista espiritual, o CENTRO ENERGÉTICO DA MINHA ALMA. Do ponto de vista místico nossa SINTONIA COM DEUS.
Posso dizer que o cérebro pensa?
Essa pergunta sou Eu quem pensa para responder. Mas, sei que quando meu cérebro adoece Eu não penso direito. Essa é minha opinião: Eu penso que ele fugiu, escutei o barulho que fez. Senti uma fisgada nas costas, Eu pensei que era minha dor de volta.
É o cérebro quem percebe o mundo?
Vou refletir depois Eu lhe conto. A Luz forte me ofusca. O barulho da música não me deixa pensar. Preciso do cérebro para perceber a luz e o barulho. O cérebro tem um mapa do mundo construído com o que percebe. O cérebro constrói hipóteses sobre o que existe a partir do que já conhece. Não temos acesso aos processos que produzem nosso estado interior. Não me conheço por dentro e é com isso que tomo minhas decisões. Sei coisas que nem conheço. Sei como se toca piano, como movem as estrelas.
Afinal, quem sente, eu ou o meu cérebro?
Eu sinto cócegas, arrepios, sonolência, tranqüilidade, raiva, medo, vontade de gritar, mas se me tirarem meu cérebro não sei como lhe contar.
E o que eu tenho, a quem pertence?
Tenho um amigo em Minas, tenho uma dor nas pernas, tenho uma saudade na Alma, tenho um dinheiro no bolso, tenho uma dívida no banco. Mas, se me tiram o cérebro perco todas essas coisas.
E o que faço com quem faço?
Aperto com as mãos, mordo com os dentes, arranho com as unhas, chuto com os pés, vejo com os próprios olhos, fujo com as pernas, pensei que fosse com o cérebro.
Quem é que se emociona eu ou o meu cérebro?
A emoção somos nós em cada célula. Quando Eu erro, quem assume a culpa sou Eu, não é meu cérebro. Nunca vi meu cérebro arrependido. Fiquei com dó e lhe emprestei dinheiro. Ele se endividou comigo e não com meu cérebro. Basta um pouquinho de química para perturbar o meu cérebro. Basta um gole de café para me despertar. Esse perfume me traz lembranças. Meu relógio ficou “maluco” Eu percebi isso ontem. Essa serra é “violenta” Eu vi como ela corta.
Quem toma minhas decisões?
Toda noite Eu tomo o trem das onze. Troquei meu celular antiquado por um 3G. Não posso beber que faço bobagem. Meu cérebro também não tolera a fome, isso me deixa inerte. Minha dor de cabeça me deixa confuso.
As crenças que tenho são minhas ou do meu cérebro?
Eu acredito em fantasmas, ele tem medo de conferir. Creio que já vi esse filme, minha memória falha. Eu acreditei nela, minha emoção me traiu. Creio que o conheço, falei seu nome errado. Creio que ele chega as oito, anotei na sua agenda.
O comportamento é meu ou do meu cérebro
Tenho forças para empurrar a mesa sem cair. Tenho forças para suportar a dor sem gritar. Não suporto a saudade sem chorar. Não me contenho de alegria sem pular.
Onde fica o cérebro e a mente
Ele está contrariado, vejo isso no seu rosto. Ele falou a verdade, vi isso nos seus olhos. Ele tinha medo, seu corpo tremia. Ele cerrava os punhos de ódio. Minhas memórias estão no cérebro, minha mente freqüentemente as consulta. Não mudo meu passado, mas posso contá-lo de outro modo. Mentalizo meu futuro e posso reinventá-lo. As imagens físicas meu cérebro me mostra. Minhas imagens mentais eu não as vejo, sei que são imaginações. Imagino uma casa, não sei quantas janelas ela tem. Conhecer o seu cérebro é conhecer a si mesmo?
Quem aprende, eu ou o meu cérebro
Ele aprendeu a andar e a falar com dois anos, seu cérebro é perfeito. “As pessoas são quem aprendem, os processos neurais é que tornam isso possível”. A criança aprende a andar sem saber o que é andar. O velho sabe como fazer sem conseguir fazer. “Muito do que sei fazer aprendi sem perceber”. As palavras contem informações, sou Eu quem as compreende.
Finalmente
A Neurologia considera que Eu sou o que meus neurônios aprendem
A Filosofia me considera uma pessoa
A Poesia diz que minha alma é meu corpo
As mãos de Eurídice
Riam. Às vezes ficavam furiosas. Choravam. Juntavam-se em súplica. Projetavam-se em desespero. Pedro Bloch.
domingo, 14 de junho de 2009
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