sábado, 26 de novembro de 2011

Mediunidade e a visão das cores

Nubor Orlando Facure

Visão das cores

Estão diante de mim 3 objetos. Uma maçã vermelha, uma caneta preta e um beija flor azul. Como posso ver a cor de cada um deles?

Primeiro a luz que eles refletem atingem minha retina onde estimulam pequenos terminais nervosos que conhecemos como cones. Ali ocorrem reações químicas que produzem uma corrente elétrica que atinge os nervos ópticos. Essa corrente entra pelo cérebro a dentro em busca das área occipitais onde existem regiões específicas para registrar os estímulos que vieram de cada um dos meus objetos

Como os 3 objetos serão “vistos” pelo cérebro?

Eles são apresentados juntos na minha frente, mas, no cérebro não estarão enfiados numa mesma gaveta. A palavra chave no cérebro é distribuição. Cada objeto irá para um lugar. E, descobertas surpreendentes, mostraram que, as propriedades de cada objeto serão fragmentadas e arquivadas em locais específicos

Assim, como cada objeto tem uma formas diferentes, cores próprias, dimensões particulares, movimentos e finalidades, possibilidades de já serem conhecidos, cada uma dessas característica irá marcar grupos de neurônios diferentes.

Mais surpreendente ainda é que a imagem da minha maçã vermelha está arquivada também na forma branco e preto num determinado local diferente de onde ela me aparece colorida.

Teoricamente, eu posso ter acesso independente a cada um desses registros e faço associações independentes com cada maçã parecida com a minha. Em pacientes com epilepsia, no momento de uma crise, eles podem registrar a maçã sem cor, a suas dimensões, se ela está longe ou perto de mim.

Para a caneta, tenho até uma área para registrar o dia em que ganhei de presente do meu neto e, o beija flor, além das suas propriedades físicas, que também serão fragmentadas e repartidas pelo cérebro, tenho imagens dos seus voos no meu quintal

A vidência e a clarividência

Esses são dois modelos ótimos para compreendemos o que se passa no cérebro dos médiuns quando relatam sua visões da espiritualidade.

Esse fenômeno mediúnico não é o mesmo fenômeno visual que relatamos para as vias nervosas e para o cérebro físico que todos nós nos servimos nesse mundo por onde circulamos.

Diz-se, popularmente, que os médiuns “enxergam com os olhos da mente”. Cientificamente sabemos que é o corpo espiritual (perispírito) que está captando as imagens. Allan Kardec ensina que o Espirito se apropria das propriedade dos objetos – mais ou menos como anotamos acima sobre a fragmentação dos objetos que atingem nossa visão. Entretanto, após o registro anotado pelo cérebro espiritual, precisamos tomar conhecimento do que foi visto. E, do períspirito para nós, é o nosso cérebro que terá de ser acionado para que nossa percepção se processe.

E como o períspirito transfere as informações para o cérebro físico?

Só ha uma maneira: distribuindo as características dos objetos para que o cérebro possa compreender o que foi visto do outro lado da vida.

Como então o médium vê?

Está do outro lado, na dimensão espiritual uma maçã, uma caneta e um beija flor – os mesmos objetos que nos serviu de exemplo no campo físico.

Os videntes e os clarividentes verão os vários aspectos em separado. Por isso os relatos mediúnicos podem divergir quanto a ocorrência ou não de cores, localização, movimento, dimensões, utilidade, a quem pertenceria e as experiências prévias – cada médium pode ver apenas um ou mais dos fragmentos da informação

Isso revela a complexidade do fenômeno da vidência e da clarividência e principalmente do grau de dificuldade de se aceitar a fidelidade dos seu relatos

Lição de casa

Allan Kardec ensina que a mediunidade é um fenômeno que se processa através do cérebro do médium

(As interpretações que aqui coloco são apenas minhas sugestões para estudo – não constam do corpo doutrinário da Doutrina Espírita)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mediunidade e automatismo motor

Nubor Orlando Facure

O que é um gesto automático ?

Aprendemos a escrever rabiscando letras uma a uma lentamente no papel. Depois de algum tempo fazemos uma escrita automática escorrendo com rapidez a frase inteira.

Iniciamos um curso de violão - mão esquerda, mão direita e, dedilhando as cordas vamos automatizando gestos até adquirir habilidade com o instrumento

Popularmente se diz que automatizar é aprender a “fazer de cor”

Neurologia do automatismo

O aprendizado começa nas camadas mais altas do córtex cerebral. Utilizamos os neurônios da região piramidal (área motora pura) que obedecem a um comando voluntário (Eu decido agir).

Todo gesto intencional é voluntário e nele a consciência está atenta acompanhando cada pequeno movimento realizado.

Daí algum tempo, o roteiro desse aprendizado se grava nas regiões mais profundas, nos núcleos da base – agrupamento compacto de neurônios situados na intimidade do cérebro – se tornando automático – como no automóvel ou no avião, o veículo passa a ser dirigido pelo piloto automático, sem a participação do motorista ou do piloto

Cada gesto aprendido ao se processar nos núcleos da base, da uma liberdade para a consciência e os movimentos se processam com maior rapidez, automaticamente, exigindo menos esforço mental. Podemos escrever horas a fio com muita precisão e rapidez, tocar o violão o dia inteiro mesmo sem olhar nas notas da partitura

Automatismo mediúnico

A psicografia é um modelo exato de automatismo. No início se processa com lentidão, dificuldades naturais, insegurança e muito dispêndio de energia. Depois, ao passar para os núcleos automáticos dos centros cerebrais profundos ( núcleos da base), ela terá o desembaraço da escrita automática comum, tendo, inclusive, melhor performance. Podemos constatar que na psicografia há pouca participação da consciência do médium, o texto parece já vir pronto, a escrita é veloz e nem precisa ser acompanhada pelo olhar do médium – existe um “piloto automático” no comando (o Espírito comunicante)

Uma parceria

Quando estamos dirigindo nosso carro, vamos pela estrada conversando com a esposa, usando gestos puramente automáticos nos comandos do veículo. De repente, um obstáculo qualquer nos chama a atenção na pista e somos obrigados a prestar atenção consciente na trajetória que vamos dar ao carro para desviar de uma grande pedra no meio da pista. Nesse instante, todos nossos gestos são voluntários, ocorrem por nossa conta e risco. Passado o perigo voltaremos ao automatismo motor para continuar a viagem distraidamente.

Na psicografia teremos situações parecidas. O médium está no comando, o Espírito comunicante trabalha automaticamente com rapidez e, uma ou outra vez o médium se conscientiza do que está sendo escrito e, pode, até mesmo, mudar a “trajetória” das palavras que estão sendo escritas.

Há médiuns que interferem tanto que chegam a dar outra direção à viagem mudando o teor e a veracidade da mensagem – puro animismo

A possibilidade da mensagem ser exclusiva do Espírito é impossível, seria como se o condutor tirasse as mãos da direção do carro – teríamos um desastre na primeira curva da estrada

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Neurologia da Mediunidade – O mito do espelho

Nubor Orlando Facure

O mito da Caverna

Platão descreveu no mito da caverna que existem dois mundos: um real, verdadeiro, que é o mundo das ideias e outro, refletido na parede da caverna é o mundo em que nos situamos.

Todo nosso conhecimento provém do mundo das ideias.

O que fazemos ou aprendemos aqui já existia antes no mundo da ideias

Existe um paralelo entre o que conhecemos como mundo espiritual nos textos kardecistas e o mundo das ideias de Platão

O mito do Espelho

No espelho podemos lidar com o objeto real modificando a nosso gosto sua imagem refletida no espelho, mas, nunca sabemos o que se passa por traz do espelho - essa região é escura para nós e não sabemos o quanto ela interfere na imagem refletida. Mas, as leis que constroem a película refletora determinam o padrão da imagem. Mudanças no conteúdo metálico dessa película produz mudanças no fenômeno da reflexão

Imagem mediúnica

Estamos do lado de cá no mundo físico, podemos identificar fenômenos espirituais refletidos, mas, não temos acesso ao que ocorre na dimensão espiritual onde não sabemos o que está ocorrendo – e o quanto isso interfere nas imagens que registramos

As informações da película refletora

Vamos repensar a imagem do espelho. O que eu faço na frente dele muda minha imagem refletida. Mudo minha postura, minha roupas, meus gestos a imagem acompanha essas mudanças

E se houver uma perturbação na película metálica refletora? Estudando o que está ocorrendo na minha imagem posso inferir um possível defeito ou acerto nessa película

Informações do mundo espiritual

Nossas informações são sempre indiretas. Do lado de cá nunca saberemos se estamos lidando com fatos reais, verdadeiros ou não

Com o tempo vamos aprendendo que nossas atitudes, nossas posturas, nosso comportamento, induz respostas do mundo espiritual que, aos poucos, vamos decifrando, aprendendo a reconhecer qual recado é confiável, verdadeiro e esclarecedor.

O que podemos aprender?

Existe um corpo doutrinário que constitui a codificação espírita, feito por Allan Kardec. A partir daí, as demais informações recebidas devem estar condizentes com o que já está demonstrado e aceito na codificação.

Interpretar o fenômeno mediúnico daqui para lá é construir suposições. Aceitar informações de lá para cá é acumular mistificações. Nos dois sentidos, o grau de pureza, ou nitidez da imagem refletida, como vimos falando, precisa corresponder aos textos de Kardec

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Onde o nosso cérebro “falha” ?

Nubor Orlando Facure

Nossos “falhas”

A palavra falha eu a coloquei entre aspas porque a afirmação pode não ser tão verdadeira assim. Explicando melhor: é mesmo uma falha quando o cérebro nos fornece uma informação errada ? Erramos o nome de um amigo, erramos o endereço do dentista, não vi uma amiga que cruzou minha frente, comprei um sapato esportivo quando na verdade nunca fiz qualquer esporte, comprei uma televisão nova sem precisar. Cada um desses “erros” merece uma análise mais profunda sobre suas motivações

Onde nosso cérebro parece “falhar” ?

1 - Nossas memórias não são confiáveis

Principalmente falhamos com a nossa memória. Ela é pouco confiável e tendenciosa. Lembramos mais de coisas que nos agradam. Somos amigos da filha do professor de matemática e todo mundo sabe que suas aulas não são nada fáceis, mas, nos recordamos de vários episódios delas melhor que da chata da professora de geografia.

2 - Testemunhamos inverdades

Servir de testemunha ocular não tem o mesmo valor de uma cena revelada por uma câmera oculta. Nossos relatos de qualquer episódio que testemunhamos é nada mais que uma história que inventamos com dados aproximadamente verdadeiros sobre o fato em si. Descrever uma briga entre seu filho e o filho do vizinho revela o quanto distorcemos os fatos a nosso favor.

3 - A propaganda nos engana facilmente

A televisão é repetitiva na propaganda de produtos de marcas famosas. O celular, o Tablet, o Notebook, a bolsa da esposa, o tênis do neto, o vinho do genro, a ótica que procuro todo ano para renovar os óculos e o ar condicionado que precisei trocar no consultório. Nosso cérebro se entrega escandalosamente ao poder da propaganda. O quanto ha de verdade em cada uma delas o nosso cérebro, frequentemente, é impotente para perceber e fugir de informações discutíveis

4 – Tomamos decisões emocionais

A filha pede mais uma vez para viajar com uma colega. Não ponderamos os riscos nem os custos. Acabamos autorizando a viajem porque nosso coração nos impede de fazer qualquer exigência que possa magoar essa filha.

Pergunte a um brasileiro qual vinho ele prefere: um vinho francês ou um argentino, um vinho barato ou um vinho caro, veremos o quanto haverá de emocional nessas escolhas

5 – Nossas respostas podem mudar conforme a pergunta e o contexto

Num mesmo dia me pediram dinheiro em duas ocasiões: Uma delas foi minha esposa, queria pagar a dívida acumulada com o cabelereiro. A outra foi meu contador, pedia dinheiro para pagar impostos. É claro que minha esposa teve de esperar

6 – Somos imediatistas, preferimos o prazer imediato a esperar pela recompensa

Nossos Magazines não pensam assim. Eles estão vendendo roupas em 8 prestações, com dois meses de carência. E o pior é que o comprador brasileiro faz a compra convicto de que está levando vantagem

7 – Nossos medos são quase sempre irracionais

Não ha quem não tenha medo de alguma coisa. Medo de baratas, de cobra, de escuro, de elevador e, é muito comum alguém ter medo de avião. Na verdade, as estatísticas demonstram que o avião é o meio de transporte com menor numero de acidentes

8 – Pregamos mentiras para nos defender

Você está com o meu dinheiro? Não. Você mexeu com minha mulher? É claro que não. Você colou na prova? Eu não. Foi você quem trouxe essa arma? Nem sei o que é isso. Você sabe onde está o chefe. Não o vi hoje

9 – Somos supersticiosos e adoramos acreditar no sobrenatural

Pedimos ajuda para tudo quanto é santo. Acreditamos que São Pedro controla a chuva. Muitos gostariam de ler a sorte e admitem que exista verdade em horóscopos, números ou pedrinhas. O jogador de futebol reza e se benze antes de entrar em campo e, pensa que usar a mesma meia ou a mesma camisa do último campeonato pode ajudar a repetir o sucesso de antes

1 0 - Na maioria da vazes o cérebro nos faz sentirmos mais jovens, mais bem preparados para determinado desafio e com bom senso suficiente para fazermos boas escolhas

11 – Nosso modo de ver o mundo depende das nossas crenças

Cada um vê o que acredita estar vendo mesmo que não seja essa a realidade. O uniforme de um bombeiro nos faz imaginar que estamos diante de um herói, os adornos de um índio nos leva a pensar num guerreiro, a comida exótica dos chineses podem nos provocar mal estar, atribuímos nossas dores reumáticas a mudanças do tempo, escapamos de um acidente e atribuímos a Deus essa sorte, acreditamos que o tempo chuvoso provocou o sucesso da colheita de uva, encontramos um amigo por puro acaso, o peão de rodeio para uns é herói e para outros é bandido, as touradas para uns são esportivas e para outros criminosas, a caça a raposa é nobre para os ingleses, é sórdida para qualquer biólogo

12 – Somos muito bons em certas tarefas de alta complexidade e falhamos muito em outras bem mais simples

Por exemplo: conseguimos ler em alta velocidade um texto com centenas de palavras e compreendemos com segurança infalível tudo que estamos lendo.

Conseguimos identificar dezenas de rostos conhecidos na festa de casamento do nosso neto

Entretanto: nossa matemática é muito falha – demoramos muito para calcular quanto é 47 multiplicado por 15 e 459 dividido por 18

Nossa noção de números prefere a aproximação do que a precisão – no meio do mato podemos ver uma ou duas cobra e, se houver mais que isso, é melhor ver muitas e sair correndo, do que ficar contando quantas são

13 – Quando fazemos previsões futurística costumamos ter um alto grau de confiança nelas, mesmo sabendo que as estatísticas mostram que erramos na maioria das vezes.

Insistimos na certeza que temos de que tal coisa vai acontecer – o gerente vai emprestar o dinheiro que eu preciso, o Corinthians dessa vez vai ganhar, seu filho será feliz no casamento, vamos para a praia descansar

Lição de casa

Se há uma coisa que nos faz realmente sermos humanos são justamente essa falhas no nosso cérebro